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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

CONDENADO A 124 ANOS, PRESO DA PARAÍBA ESTUDA "PARA SER UMA PESSOA MELHOR"

Valternilson Arruda Ribeiro, 38, já está há 17 anos na cadeia
Valternilson Arruda Ribeiro, 38, já está há 17 anos na cadeia/UOL

Valternilson Arruda Ribeiro, 38, é um dos alunos mais ativos do Campus Serrotão da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba), em Campina Grande. Ele frequenta as aulas do curso preparatório para o Enem, faz curso técnico pelo Pronatec, também oferecido pela UEPB, e participa do projeto de leitura e escrita em grupo. Quando começou a cumprir sua pena, há 17 anos, ele não havia sequer terminado o ensino fundamental, tinha feito até o 6º ano. Ribeiro não é de falar muito nem gosta de comentar os crimes que o levaram a uma condenação de 124 anos e nove meses. Foram cinco homicídios. Ele apenas comenta que não fará nada semelhante quando sair de lá.

"Viajo nos pensamentos e não me sinto preso quando estou aqui na universidade", afirma. "Estou traçando planos para minha nova vida, pois terei de aprender a andar de novo quando sair da cadeia e quero recomeçar com o estudo." Ele diz que o esforço é "para se tornar uma pessoa melhor". Segundo a legislação, ele ficará livre quando completar 30 anos de cárcere, tempo máximo de prisão no país. "Estou vivendo uma nova etapa que me levará à nova vida quando sair da cadeia. Quando cumprir minha pena, eu quero esquecer tudo de errado e começar minha vida a partir dali", conta Ribeiro.

Campus dentro da prisão
A UEPB instalou o primeiro campus universitário dentro de uma prisão em 2013, mas os cursos de nível superior serão implantados de acordo com a demanda dos presos em 2015. "Estamos trabalhando para que pelo menos três cursos sejam escolhidos para iniciar as aulas de graduação", explicou a coordenadora do Campus Avançado do Serrotão, Aparecida Carneiro. Como a escolaridade dos prisioneiros era baixa, a coordenação optou por começar seu trabalho oferecendo aulas de educação básica. Em 2014, cem estudantes fizeram o Enem contra 16 no ano anterior. As graduações oferecidas serão definidas em fevereiro no PPP (Plano de Políticas Públicas) da instituição, que reúne alunos da UEPB, professores e também os presos. A coordenação do campus explica que a iniciativa tem como objetivo contribuir diretamente para a ressocialização dos internos. Atualmente, o campus avançado atende cem dos 450 presos da unidade masculina e quase todas as 84 presas da unidade feminina do Serrotão.

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