Em torno de 8 horas foi o tempo em que ficaram soterrados os corpos dos dois presidiários – Arlindo de Lima Silva, 29 anos, o “Boneco” e Rodrigo Nascimento Silva, 28 anos, o “Baby” -, que morreram na manhã de ontem, durante a escavação de um túnel, na tentativa de fuga, a partir do pavilhão 2 da Penitenciária Estadual Francisco Nogueira Fernandes, na comunidade de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na Região Metropolitana de Natal.
Arlindo de Lima Silva e Rodrigo Nascimento Silva foram encontrados soterrados nesta segunda (9) em Alcaçuz (Foto: Divulgação/Coape)
O Corpo de Bombeiros trabalhou no resgate dos corpos, ocorrido somente às 18 horas, com o auxílio de pelo menos 14 presos que escavaram manualmente o túnel de uns cinco metros de profundidade, entre a saída do pavilhão 2 e o pátio externo antes do muro principal do estabelecimento penal. Até o começo da noite não havia chegado uma máquina retroescavadeira solicitada ao Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER-RN) para agilizar a retirada da areia para a localização dos cadáveres dos presidiários. Por intermédio de sua Assessoria de Imprensa, o Corpo de Bombeiros informou que foi acionado às 10h24 para que enviasse uma guarnição até a penitenciária de Alcaçuz para atuar no resgate dos presos. Às 13h40 chegou uma ambulância do Serviço Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para auxiliar no socorro médico, mas por volta das 14h10 a unidade teve de deixar local, porque as buscas não tinha começado.
Somente às 15h, o Grupamento de Operações Especiais (GOE) entrou na penitenciária para isolar os presos e, assim, o Corpo de Bombeiros com o auxílio de outros presidiários, pudessem atuar no resgate dos presos mortos no desabamento do túnel, que teria ocorrido às 10h de ontem.
No começo da tarde chegaram duas guarnições Duster do Batalhão de Choque, chamado para atuar na contenção dos presos, não sendo necessária a sua entrada no presídio. O controle dos presos e à segurança ao Corpo de Bombeiros foi feita pelo GOE. Os presos do Pavilhão 2 de Alcaçuz se rebelaram no sábado (7) e no domingo, uma revista na unidade prisional descobriu que eles haviam cavado dois túneis, mas que não tinham saídas além dos muros do presídio.
Em nota de esclarecimento, o governo do Estado informou que “a respeito dos recentes acontecimentos registrados nos presídios de Alcaçuz, em Nísia Floresta, e Raimundo Nonato, na zona Norte de Natal”, os motins registrados no dia 7 “se deram em virtude de uma intervenção realizada nos presídios para identificação de possíveis túneis para fugas”, como o que foi localizado em Alcaçuz. O governo alertou, ontem, que a situação estava controlada, enquanto os detentos rebelados aguardavam a limpeza das áreas danificadas para retorno às celas. “As providências para reparos dos setores depredados, tanto em Alcaçuz quanto no presídio provisório Raimundo Nonato, já foram tomadas. Medidas como colocação de grades, recuperação de paredes e limpeza”, dizia a nota do governo.
Segundo o governo, a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) estava se empenhando para restabelecer a ordem no Sistema Carcerário do Rio Grande do Norte, com o apoio da Secretaria de Segurança, para minimizar os conflitos e manter o controle nas unidades prisionais do Estado, ressaltando que o estado de calamidade de 180 dias declarado, inicialmente em 17 de março deste ano, foi renovado por 180 dias e continua em vigor até fevereiro de 2016, “visando legitimar a adoção e execução de medidas emergenciais que se mostrarem necessárias ao restabelecimento do Sistema”.
Negociação foi realizada ainda no domingo
Os presos do pavilhão 2 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, rebelados desde o fim da tarde do sábado (7), resolveram se render após negociação com a direção do presídio, no domingo. Com as visitas suspensas para todos os pavilhões enquanto a situação não fosse controlada, detentos de outras áreas de Alcaçuz pressionaram para o fim da ação. Para que a rebelião fosse suspensa, a direção do presídio concordou que não haveria intervenção das forças de choque.
O diretor da unidade, Eider Brito, foi chamado no domingo para se reunir com os presos. Eles garantiram que não havia mortos, em decorrência da rebelião. O BPChoque, GOE e Força Nacional já estavam em Alcaçuz, caso a negociação não tivesse sucesso e a ordem direta era que a ação dos presos fosse encerrada, mesmo se fosse necessária a invasão. A motivação para a rebelião seria a presença de policiais do BPChoque, que foram solicitados pelo diretor da unidade para fazer uma revista no pavilhão. "Eu recebi informações de que teria um túnel no local, solicitei os policias, mas os presos não deixaram eles entrar e iniciaram o motim, tivemos que recuar, pois o número de policias era bem menor que o de presos", explicou Brito.
Colchões queimados e lixo do Raimundo Nonato foram jogados na rua/Emanuel Amaral
Raimundo Nonato
No Presídio Raimundo Nonato, na zona norte de Natal, a polícia fez a intervenção e controlou a situação. Os presos iniciaram, também no fim da tarde do sábado, uma rebelião e queimaram colchões, e destruíram celas de parte da unidade. De acordo com o blog Ronda.com, os mais de 450 presos dos pavilhões A e B se rebelaram e só foram contidos por volta das 21h. A Força Nacional foi acionada para evitar que os detentos fugissem.
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