
A jurista Janaína Paschoal, co-autora do pedido de 
impedimento da presidente Dilma Rousseff, fala para a comissão especial do 
impeachment no Senado Federal, em Brasília - 28/04/2016(Jefferson Rudy/Ag. 
Senado)
Em dura manifestação na comissão especial do impeachment no 
Senado, a advogada e professora de Direito Janaína Paschoal acusou nesta 
quinta-feira a presidente Dilma Rousseff de ter praticado crimes de 
responsabilidade e crimes comuns, defendeu que o processo que pode levar a 
petista a deixar o poder deve ser analisado também sob a ótica do escândalo do 
petrolão e afirmou que, ao praticar reiteradamente pedaladas fiscais para 
maquiar contas públicas, Dilma não pode alegar ser inocente. "Ninguém fez nada 
diante do quadro dantesco de crimes a olhos nus. Se eu tivesse alguma dúvida do 
dolo ou do conhecimento da presidente sobre os fatos não teria apresentado a 
denúncia. Mas eu tenho convicção [dos crimes]", afirmou. "Pedaladas fiscais 
foram a maior fraude que eu já vi na vida. Faz 20 anos que advogo no crime e 
nunca vi nada igual", disse ela. 
Janaina detalhou a prática de pedaladas fiscais e argumentou 
que a presidente não quis cortar custos diante do caixa à míngua porque estava 
em plena campanha à reeleição e, depois, nos primeiros momentos do segundo 
mandato. Por isso, afirmou a jurista, o Executivo atuou deliberadamente 
atrasando o repasse de recursos do Tesouro a bancos públicos, como o Banco do 
Brasil, e omitindo passivos da União junto a essas instituições. A adoção desse 
tipo de prática, batizada de pedaladas fiscais, viola a Lei de Responsabilidade 
Fiscal, já que a legislação proíbe que instituições como o BNDES financie seu 
controlador - neste caso, o governo. "Foram anos de falsidade ideológica na 
nossa cara e ela é inocente?", questionou. "Diante de um golpe dessa magnitude 
vou me omitir? Como vou dormir com isso sabendo que está cheio de gente humilde 
condenado por coisa pequena?".
Segundo Janaína Paschoal, a presidente Dilma tinha opções 
legais para não praticar as pedaladas quando detectou que a situação financeira 
não era favorável. "Quando ela sabe que não vai ter dinheiro, que ela 
contingencie despesas discricionárias, mas não queria parar de gastar em ano 
eleitoral ou no início do segundo mandato", disse, citando como alternativas 
demitir apadrinhados políticos, cortar "hotel milionário" em viagens oficiais e 
reduzir o número de ministérios. "Tem crimes de sobra de responsabilidade e tem 
crimes de sobra comuns", resumiu.
Civismo seletivo - Nos acalorados debates 
sobre o impeachment, Janaína Paschoal rebateu as acusações de que teria um 
"civismo seletivo" por supostamente não exigir investigações sobre outros 
esquemas de irregularidades. "Não há civismo seletivo. Acho seletivo lutar por 
algumas ditaduras", alfinetou a jurista. "Não sou a pedidora de impechment geral 
da união. 
Não tenho condição nem saúde de sair de estado em estado pedindo o 
impeachment de tudo quanto é governo que merece ser impichimado", disse ela. "O 
impeachment é um processo sério, dolorido e ninguém fica feliz de precisar pedir 
o impeachment de um presidente da República. Na época do Collor fui para a rua 
como cara pintada. Foi dolorido lá, está sendo dolorido aqui. Mas é um processo 
constitucional, não tem nada de exceção. É um remédio que o constituinte previu 
para situações em que ocorrem crimes graves".
Eleições antecipadas - Na comissão do impeachment, a jurista 
Janaína Paschoal também condenou a possibilidade de convocação de 
eleições antecipadas para presidente e vice-presidente, como 
defendem senadores ligados ao governo. "Estão com uma moda aí de chamar eleições 
antecipadas. Não tem previsão constitucional. Isso, sim, é exceção. Não pode. Se 
a presidente tem que mandar uma PEC [proposta de emenda constitucional] é a 
prova de que não tem previsão constitucional", afirmou.
 
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