
Radialista F. Gomes foi morto em 2010, em Caicó (Foto: Sidney Silva)
Ainda não vai ser desta vez que o comerciante Lailson Lopes, mais conhecido
como 'Gordo da Rodoviária', voltará ao banco dos réus. Acusado de ser um dos
mentores do assassinato do radialista Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes,
morto a tiros no dia 18 de outubro de 2010 em Caicó,
cidade da região Seridó potiguar, Lailson deveria ser novamente julgado na manhã
desta quarta-feira (26), mas a defesa dele alegou que já havia sido intimada
para participar de uma outra audiência, no mesmo dia e horário, e que não
haveria tempo hábil para constituir um representante substituto. O pedido de
adiamento foi aceito pelo juiz Luiz Cândido de Andrade Villaça, mas o magistrado
ainda não definiu uma nova data. "Devemos marcar este novo júri ainda este ano,
mas o julgamento só deverá acontecer em 2017, provavelmente ainda no primeiro
semestre", disse Villaça ao G1.

Lailson Lopes, o 'Gordo da Rodoviária' - (Foto: Willacy Dantas)
O juiz explicou que Lailson Lopes vai enfrentar
um novo júri popular porque ele já encarou o banco dos réus uma primeira vez.
Aconteceu no dia 12 de abril de 2014. Na ocasião, o comerciante foi condenado a
14 anos de prisão. No entanto, o Ministério Público entendeu ter havido um erro
no procedimento e requereu a anulação do júri. O magistrado acatou o recurso e
decidiu por um novo julgamento.
Em razão da anulação do júri realizado em 2014, no dia 31 de março deste ano
Villaça concedeu relaxamento de prisão e o comerciante foi solto. Desde então
Lailson aguarda o novo júri em liberdade. Embora solto, o comerciante deve
comparecer à autoridade constituída sempre que intimado, não pode mudar de
residência sem prévia permissão, não pode se ausentar por mais de 8 dias de sua
residência sem comunicar o fato ao juiz e ainda deve comparecer diariamente à
Penitenciária Estadual do Seridó, o Pereirão, para assinar livro de presença.

Gilson Neudo Soares do Amaral, ex-pastor evangélico (Foto: Sidney Silva)
Outros réus
Quem também aguarda julgamento no caso F. Gomes é o ex-pastor Gilson Neudo Soares do Amaral. Pela terceira vez, a Justiça tenta realizar o júri popular dele. Gilson Neudo deveria ter sido julgado no dia 16 de março deste ano, mas o procedimento foi reagendado porque a defesa dele, o defensor público Serjano Marcos Torquato Vale, avisou que não poderia comparecer.Remarcado para o dia 4 de abril, o julgamento foi novamente adiado porque réu desconstituiu sua defesa, tirando o advogado Lucas Cavalcante de Lima do caso. Com isso, o juiz Luiz Cândido Villaça determinou o novo adiamento da sessão, que foi marcada para o dia 16 de novembro no Fórum Amaro Cavalcante, na própria cidade de Caicó.
Quem também aguarda julgamento no caso F. Gomes é o ex-pastor Gilson Neudo Soares do Amaral. Pela terceira vez, a Justiça tenta realizar o júri popular dele. Gilson Neudo deveria ter sido julgado no dia 16 de março deste ano, mas o procedimento foi reagendado porque a defesa dele, o defensor público Serjano Marcos Torquato Vale, avisou que não poderia comparecer.Remarcado para o dia 4 de abril, o julgamento foi novamente adiado porque réu desconstituiu sua defesa, tirando o advogado Lucas Cavalcante de Lima do caso. Com isso, o juiz Luiz Cândido Villaça determinou o novo adiamento da sessão, que foi marcada para o dia 16 de novembro no Fórum Amaro Cavalcante, na própria cidade de Caicó.
Consórcio
Segundo o Ministério Público, os acusados de participação na morte de F. Gomes fazem parte de um 'consórcio de pessoas' que se uniram com um propósito: eliminar o comunicador. Inicialmente foram denunciados o mototaxista João Francisco dos Santos, mais conhecido como 'Dão', o comerciante Lailson Lopes, o ex-pastor Gilson Neudo, o advogado Rivaldo Dantas de Farias, o tenente-coronel da PM Marcos Antônio de Jesus Moreira e o soldado da PM Evandro Medeiros.
Segundo o Ministério Público, os acusados de participação na morte de F. Gomes fazem parte de um 'consórcio de pessoas' que se uniram com um propósito: eliminar o comunicador. Inicialmente foram denunciados o mototaxista João Francisco dos Santos, mais conhecido como 'Dão', o comerciante Lailson Lopes, o ex-pastor Gilson Neudo, o advogado Rivaldo Dantas de Farias, o tenente-coronel da PM Marcos Antônio de Jesus Moreira e o soldado da PM Evandro Medeiros.
O mototaxista Dão, o assassino confesso, admitiu ter puxado o
gatilho. Como autor material do crime, ele foi condenado a 27 de prisão em
regime fechado. A defesa dele não recorreu da decisão. O julgamento aconteceu no
dia 6 de agosto de 2013. Ele cumpre pena na Penitenciária Estadual de Alcaçuz,
em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal. Alcaçuz é a maior unidade prisional
do estado.

João Francisco, o 'Dão', foi condenado nesta terça (Foto: Divulgação/Polícia Civil do RN)
Já- o advogado Rivaldo Dantas de Farias, também denunciado
como mandante do crime - e igualmente sentenciado a ir para o banco dos réus -
aguarda em liberdade. Ele espera que a Justiça defina uma data para o júri
popular. Quanto ao tenente-coronel Moreira e o soldado Evandro, eles não
foram pronunciados e, consequentemente, acabaram excluídos do processo. Ou seja,
não são mais acusados de participação no crime.
Entenda o caso
Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes, tinha 46 anos e trabalhava na rádio Caicó AM. Foi assassinado na noite de 18 de outubro de 2010, deixando mulher e três filhos. Ele foi atingido por três tiros de revólver na calçada de casa, na rua Professor Viana, no bairro Paraíba, em Caicó. Vizinhos ainda o socorreram ao Hospital Regional de Caicó, mas o radialista não resistiu aos ferimentos.
Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes, tinha 46 anos e trabalhava na rádio Caicó AM. Foi assassinado na noite de 18 de outubro de 2010, deixando mulher e três filhos. Ele foi atingido por três tiros de revólver na calçada de casa, na rua Professor Viana, no bairro Paraíba, em Caicó. Vizinhos ainda o socorreram ao Hospital Regional de Caicó, mas o radialista não resistiu aos ferimentos.
Segundo inquérito, concluído pela delegada Sheila Freitas, a
execução do comunicador foi encomendada por R$ 10 mil, mas só R$ 8 mil foram
pagos. “Três mil foram pagos pelo pastor para que Dão pudesse fugir”, disse ela,
revelando que o dinheiro pertencia à igreja onde o ex-pastor Gilson Neudo
pregava. O restante teria sido pago pelo tenente-coronel Moreira, "que juntou o
dinheiro após vender um triciclo", acrescentou Sheila. O dinheiro foi rastreado
com a quebra do sigilo telefônico e bancário dos investigados. Além de ser apontado como o principal financiador do crime, o
tenente-coronel Moreira também teria razões suficientes para querer se vingar de
F. Gomes. O promotor Geraldo Rufino considera que as denúncias feitas com
frequência pelo radialista levaram ao afastamento do oficial quando este
dirigiu, em meados de 2010, a Penitenciária Estadual do Seridó, o Pereirão. As
denúncias, enfocando desmandos e atos do militar à frente da unidade, foram tão
graves que levaram o Ministério Público a instaurar uma investigação contra
Moreira.
Outro acusado que teve participação decisiva na articulação do
crime, ainda segundo a delegada, foi o advogado Rivaldo Dantas, considerado o
principal elo de ligação entre os envolvidos. “O advogado foi o elo entre o
Gordo da Rodoviária, o pastor e o mototaxista Dão, além de também ter forte
amizade com o tenente-coronel Moreira. A partir daí, eles resolveram matar F.
Gomes”, afirmou Sheila. Ainda de acordo com a delegada, foi também pela forte
influência e domínio que Rivaldo tinha sobre Dão que o mototaxista foi
contratado para executar o serviço. “Dão é um sociopata. Para ele, matar é a
coisa mais comum do mundo. Ele viu a mãe ser morta pelo padrasto quando criança.
Daí essa frieza dele”, emendou a delegada.
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