
Eduardo Maia/*Juiz Henrique Baltazar fala aos deputados potiguares/ Por Redação – AGORARN
Os deputados que compõem a Comissão Especial do Sistema 
Prisional ouviram o juiz titular da Vara de Execuções Penais de Natal, Henrique 
Baltazar, na manhã desta quinta-feira (30), em mais uma etapa do trabalho de 
coleta de informações proposta pelo grupo. Em sua participação, o magistrado 
defendeu a construção de pequenas unidades prisionais em detrimento de dois 
grandes presídios, responsabilizou a gestão pelos problemas na penitenciária de 
Alcaçuz e creditou a crise da segurança pública no Rio Grande do Norte à atuação 
de facções criminosas.
A estrutura das unidades prisionais do estado e a decisão da 
desativação de Alcaçuz, anunciada pelo Governo do Estado, foram uns dos 
principais questionamentos levantados pelos deputados. O titular da Vara de 
Execuções Penais destacou que os Centros de Detenção Provisória (CDP) ativos na 
cidade não possuem estrutura para atuarem como presídios e que a localização de 
Alcaçuz não é a causa do problema no presídio. “Desativar Alcaçuz seria a repetição do erro cometido com a 
João Chaves, quando não existia um plano para absorver a população carcerária. 
Por outro lado, o problema das fugas em Alcaçuz está na técnica que foi 
escolhida para a sua construção. Visto que entre os túneis utilizados para fugas 
encontrados lá, existem verdadeiras cavernas que nunca desabaram. O problema 
maior é de gestão”, frisou.
O magistrado também disse que “Alcaçuz está controlada, mas o 
Estado não. Diferente do que é dito, o tráfico de drogas não é o motivo da 
violência. A violência é provocada pelas facções, pela força do crime 
organizado. Claro que é um dos fatores, mas existem outras práticas criminosas 
adotadas. Hoje as facções atuam como verdadeiras multinacionais. Temos duas 
grandes facções em atuação no país e outras 23 menores que atuam como 
franquias”, explicou Henrique Baltazar. Os deputados Fernando Mineiro (PT), Larissa Rosado (PSB), 
Hermano Morais (PMDB), Márcia Maia (PSB) e Kelps Lima (Solidariedade) ainda 
fizeram questionamentos sobre a viabilidade das propostas defendidas pela 
comissão – compensação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços 
(ICMS) para o município que receber novos presídios, fusão das secretarias de 
Justiça e Cidadania e Segurança Pública e da Defesa Social e a outra sugere o 
fim do regime semiaberto físico.
Sobre as tornozeleiras eletrônicas, o juiz Henrique Baltazar 
afirmou que o Governo do Estado não estaria pagando a empresa que faz o 
monitoramento dos equipamentos e o serviço estaria suspenso, deixando os mais de 
500 apenados sem monitoramento. “A secretaria de Segurança não sabe o paradeiro 
dessas pessoas. Esse é mais um indicativo de porque vivemos com problemas na 
área de segurança”, alertou o deputado e presidente da Comissão, Kelps Lima. Por último, respondendo ao questionamento sobre a compensação 
do ICMS, Baltazar defendeu a construção de pequenas unidades prisionais 
distribuídas pelo Estado. “São mais fáceis de administrar e de controlar, têm o 
poder de ressocialização maior e diminui o poder do crime organizado dentro das 
unidades”, disse.
Saiba mais
A Comissão Especial do Sistema Prisional foi estabelecida 
diante da crise do sistema carcerário no Estado que teve seu ápice em 14 de 
janeiro com uma rebelião no presídio de Alcaçuz. As reuniões são divididas em 
duas modalidades: administrativas (internas) e debates públicos, em 
quintas-feiras alternadas. Estabelecida pelo presidente da Assembleia 
Legislativa, deputado Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB), foi instalada no dia 16 
de fevereiro e terá seis meses para conclusão dos trabalhos.
 
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