
Os receios
quanto ao impacto do novo coronavírus sobre a economia mundial afetaram
fortemente o mercado financeiro no retorno do carnaval. Em alta pela sexta
sessão seguida, o dólar voltou a fechar no maior valor nominal desde a criação
do real. Nesta quarta-feira (26), o dólar comercial encerrou a sessão vendido a
R$ 4,444, com alta de R$ 0,051 (+1,16%). A bolsa de valores caiu 7%, a maior
queda diária em quase três anos. O dólar abriu
em alta e manteve-se em torno de R$ 4,44 durante quase toda a sessão. Desde o
começo do ano, o dólar acumula valorização de 10,75%. O euro comercial fechou o
dia vendido a R$ 4,85, com alta de 1,43% nesta quarta-feira.
O Banco
Central (BC) vendeu, nos primeiros minutos de negociação, US$ 500 milhões em
contratos de swap cambial – que equivalem à venda de dólares no mercado futuro
– e anunciou um leilão de US$ 1 bilhão para amanhã (27). Mesmo assim, os
anúncios foram insuficientes para segurar a alta do dólar. Por causa da Quarta-Feira
de Cinzas, o mercado só operou à tarde hoje. No mercado de
ações, a turbulência foi ainda maior. O índice Ibovespa, da B3 (antiga Bolsa de
Valores de São Paulo), encerrou esta quarta-feira aos 105,718 pontos, com recuo
de 7%. Essa foi a maior queda para um dia desde 17 de maio de 2017, quando o
indicador havia caído 8,8% após a divulgação de conversas do então presidente
Michel Temer.
Produção
afetada
Nas últimas
semanas, o mercado financeiro em todo o mundo tem atravessado turbulências em
meio ao receio do impacto do coronavírus sobre a economia global. Além da
interrupção da produção em diversas indústrias da China, a disseminação da
doença na Europa e a confirmação do primeiro caso no Brasil indicam que outras
economias podem reduzir a atividade por causa do vírus. Com as
principais cadeias internacionais de produção afetadas, indústrias de diversos
países, inclusive do Brasil, sofrem com a falta de matéria-prima para
fabricarem e montarem produtos.
A desaceleração da China também pode fazer o
país asiático consumir menos insumos, minérios e produtos agropecuários
brasileiros. Uma eventual redução das exportações para o principal parceiro
comercial do Brasil reduz a entrada de dólares, pressionando a cotação. Entre os
fatores domésticos que têm provocado a valorização do dólar, está a decisão
recente do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir a
taxa Selic – juros básicos – para 4,25% ao ano, o menor nível da história.
Juros mais baixos desestimulam a entrada de capitais estrangeiros no Brasil,
também puxando a cotação para cima.
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