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domingo, 14 de dezembro de 2014

ACÁCIO BRITO: CADEIA DO LEITE NO RN DEVE SER REESTRUTURADA NOS PRÓXIMOS ANOS

A produção da cadeia leiteira no Rio Grande do Norte sofreu uma brusca redução na produção e consequentemente comercialização e consumo do mercado interno de leite. Para se ter uma ideia já foram produzidos 500 mil litros de leite por dia e hoje são produzidos 340 mil litros por dia, uma queda expressiva para um setor importante da economia potiguar.

Na lista dos possíveis culpados estão a seca, a falta de incentivo governamental e a desorganização do setor agropecuário. A prova disso é que o mercado consumidor é abastecido com produtos da linha “longa vida” que vem em caixinhas de outros estados. Não existem queijos seridoenses, nem do Agreste nos supermercados (apesar da produção ser uma das vocações da economia).  Para conhecer os desafios na produção de leites e derivados no Rio Grande do Norte e ainda entender a cadeia produtiva, o Nominuto conversou com o presidente da Câmara Técnica Setorial de Leite e Derivados (Tecleite), Acácio Brito.

Leia a entrevista:

Nominuto - Os produtores ainda são dependentes de programas governamentais. Qual o planejamento de vocês de apoio ao produtores, empresários e toda a cadeia do leite? Quem e como é possível financiar o projeto?

Acácio Brito – Projeto como potencial financiador emendas parlamentares, órgãos de fomento ao desenvolvimento, Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário.recursos estaduais, federais e iniciativa privada. Temos um detalhamento das ações e no momento em que for oportuno e o Ministério da Agricultura, por exemplo, pode ajudar através de algum recurso como por exemplo no melhoramento genético de animais produtores de leite, que hoje tem apoio do Sebrae e da Fiern.

Nominuto – Por ser uma atividade rural e com condições climáticas que se adaptam a todas as regiões do Rio Grande do Norte, a cadeia produtiva do leite hoje está espalhada por todo o Estado. Vocês conhecem a realidade, os números do setor?

Acácio Brito – Não temos números recentes, atuais. Temos uma defasagem de números da cadeia e acreditamos existir hoje de 25 a 30 mil produtores de leite, queijos e derivados no Rio Grande do Norte.

Nominuto – E qual a região que mais concentra produtores de leite?

Acácio Brito – A região que tem mais produtores é a do Agreste Potiguar, no entorno de São José de Mipibú e o Seridó [que já ocupou a liderança como região produtora de leite] é a segunda maior região produtora em terras potiguares.

Nominuto – Qual o apoio científico e tecnológico que os pequenos e médios produtores tem no Rio Grande do Norte na cadeia do leite? As universidades pesquisam sobre o assunto? O Centro Tecnológico do Queijo ainda te atuação junto ao setor?

Acácio Brito – O Centro Tecnológico do Queijo (CT do Queijo) é um centro de ensino e pesquisa e continua funcionando em Currais Novos. O que identificamos é que o CT precisa estar mais integrado com a cadeia leiteira. Hoje as pesquisas se concentram mais no campo científico sem experimentos práticos.

Nominuto – Há anos o Rio Grande do Norte está na lista pela oficialização da indicação geográfica para produtos da culinária seridoenses. Isso acontece com a famosa carne de sol de Caicó e os queijos do Seridó, por exemplo. O selo de identificação agrega valor aos produtos, com ganhos para a economia potiguar. Como está o projeto de indicação geográfica para os queijos seridoenses?

Acácio Brito – A questão da indicação geográfica ainda não está oficializada no Rio Grande do Norte e não temos previsão.

Nominuto – Diante do cenário pessimista do mercado potiguar, o que pode ser feito a médio e longo prazo para valorização dos produtos da cadeia leiteira?

Acácio Brito – Temos um projeto para os próximos quatro anos e quando terminar o quatro anos, em 2018 teremos um setor mais estruturado, um mercado mais organizado, uma cadeia mais fortalecida e com bons resultados para a população. Queremos investir também na valorização dos nossos produtos pelo consumidor, lembrar a importância do consumo de leite e derivados através de campanhas educativas e de promoção dos nossos produtos.

Nominuto - A balança comercial do Rio Grande do Norte já foi destaque na exportação de sal, petróleo e fruticultura com itens em primeiro lugar do Brasil, abastecendo mercados nacionais e internacionais . O agronegócio já foi bem representado no setor de exportações. A cadeia produtiva do leite tem esperança de um dia ocupar um espaço na balança comercial potiguar?

Acácio Brito – Se o setor conseguir consolidar a indicação geográfica dos queijos do Seridó, conseguiremos também exportar sim. Teremos uma grande possibilidade de colocar os nossos produtos nas prateleiras dos superercados do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Brasília que são mercados que existem muitos nordestinos e todo mundo sabe que os produtos serão bem recebidos.

Nominuto - Como está o abastecimentos do mercado local e até de outros estados do Nordeste?

Acácio Brito – Ainda não conseguimos ultrapassar fronteiras porque a nossa produção é muito artesanal e não conseguimos ampliar a oportunidade no mercado. As barreiras sanitárias não permitem a saída dos nosso produtos. Os itens como queijo que saem das terras potiguares saem de forma aleatória e informal, sem regularidade e compromissos em contratos.

Nominuto – O que esperar do próximo governo, do próximo governador Robinson Faria, do próximo secretário de Agricultura, do diretor da Emater, Idiarn e diretores de órgãos ligados ao agronegócio?

Acácio Brito – As informações que nos chegam são as melhores possíveis de que o governador irá indicar técnicos para ocupar as cadeiras também do agronegócio. Isso trará capacidade de planejamento, para que consigamos executar melhor.  Esperamos que o governador Robinson faria esteja aberto ao diálogo, que o secretário também. Que o Governo do Estado saiba e tenha sensibilidade para identificar a importância do setor para a vida e para a importância na economia do nosso Rio Grande do Norte.

Nominuto – A Federação da Agricultura entregou um documento aos candidatos ao Governo, identificando alguns setores e a cadeia do leite. O que é mais urgente para o setor?

Acácio Brito – A cadeia produtiva do leite de imediato precisa fortalecer a capacidade de comercializar os produtos potiguares não só para o Governo [O Governo do Estado compra o leite de produtores através do Programa do Leite e repassa as famílias mais carentes em todo o Estado]. Temos que comercializar para todo o mercado do Rio Grande do Norte, para o consumidor final. No momento em que temos quem compre, os produtores vão se organizar mais, vai ter mercado de venda e a economia será movimentada.

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