
Desabamento de barreira em Águas Compridas (Foto: 
Reprodução/Whatsapp) 
O tempora que caiu no Grande Recife deixou quatro pessoas 
mortas, nesta segunda-feira (30). Três delas foram vítimas de um deslizamento de 
barreira registrado em Águas Compridas, em Olinda. Um óbito aconteceu por causa 
de queda de encosta em Passarinho, na Zona Norte da capital pernambucana. Em 
seis horas, choveu 200 milímetros, o equivalente a 67% do esperado para o mês de 
maio inteiro. Universidades federais e o Tribunal de Justiça de Pernambuco 
(TJPE) suspenderam as atividades durante todo o dia.
A Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe) 
confirmou as três mortes provocadas por um deslizamento de barreira ocorrido em 
Olinda. As vítimas do acidente são uma criança de sete anos e duas mulheres. O 
desmoronamento aconteceu no fim da madrugada desta segunda-feira (30). São os 
primeiros óbitos registrados na cidade, no período chuvoso deste ano. No Recife, 
a vítima foi uma criança de 4 anos. É segundo óbito notificado na capital 
pernambucana este ano, em decorrência do período chuvoso. O outro ocorreu em 
abril, também na Zona Norte.
Em Águas Compridas, o Corpo de Bombeiros realizou uma operação 
de buscas na Primeira Travessa do Amanhecer, perto da Ladeira do Giz. Um carro 
do Instituto de Medicina Legal (IML) chegou ao local por volta das 9h30. Dois 
jovens ficaram feridos e foram levados para a casa de parentes após o resgate. 
Ainda não há informações sobre o estado de saúde das pessoas. Também segundo 
moradores, as duas vítimas foram resgatadas pelos próprios vizinhos, já que a 
equipe da Defesa Civil ainda não chegou à localidade. O plantão do órgão 
municipal informou que a equipe não conseguiu sair do prédio e “está ilhada”.
Passarinho
No bairro de Passarinho, na Zona 
Norte do Recife, uma menina de 4 anos morreu e duaspessoas ficaram feridas após 
um deslizamento de terra na Rua Visconde Garrett. Segundo a Secretaria-Executiva 
de Defesa Civil, com o desmoronamento da barreira, um muro construído de forma 
irregular caiu em cima da casa onde a criança morava. A residência ficou 
completamente destruída.
“Provavelmente, alguém que mora em cima da barreira fez um 
corte irregular. E aí, com a chuva, a barreira cedeu. Os moradores disseram que 
o desmoronamento foi por volta das 5h”, afirmou o secretário de Defesa Civil, 
coronel Cássio Sinomar. O corpo foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal 
(IML), em Santo Amaro, área central.
Outros dois moradores ficaram feridos e 
foram levados para uma unidade de saúde não informada. Ainda de acordo com o 
órgão municipal, não foram ferimentos graves.
Essa é a segunda morte este ano 
provocada por desmoronamento de barreira na capital pernambucana. No dia 17 de 
abril, um homem de 39 anos morreu no Córrego do Euclides, no Alto José 
Bonifácio, Zona Norte da capital.
Transtornos
A 
semana começou com muita chuva no Grande Recife. O secretário-executivo de 
Defesa Civil do Recife, Cássio Sinomar, informou que aconteceu um deslizamento 
de barreira no Córrego do Curió, na Zona Norte da capital. Houve apenas danos 
materiais. Outro acidente ocorreu na comunidade Portelinha, na UR-5, no Ibura, 
na Zona Sul. De acordo com o Corpo de Bombeiros, uma encosta também caiu, na 
Avenida Vinsconde Garré, em Passarinho, Olinda. A corporação recebeu informações 
sobre vítimas na residência número 158.


Casas ficaram 
ilhadas em Olinda/Alagamento 
atrapalha fluxo de carros nas
proximidades da beira mar de Olinda - (FotoS: 
Reprodução/Whatsapp) 
O meteorologista Romílson Ferreira revelou que em Olinda foi 
registrada uma precipitação de 115 milímetros. Na Boa Vista, na área central da 
capital pernambucana, o acumulado no início da manhã desta segunda era de 89 
milímetros. Em Dois Unidos, na Zona Norte, a Apac notificou 85 milímetros de 
precipitação. A previsão para o resto do dia é de chuva de moderada a forte, o 
que exige muita atenção de quem precisa dirigir.
 
A chuva forte deixou todo o Grande Recife preocupado. Por volta das 4h, a 
Avenida Boa Viagem já tinha se transformado em rio. Não era possível saber o que 
era pista, ciclovia ou calçada. Tudo estava cheio de água. Na Avenida 
Conselheiro Aguiar, havia muitos pontos alagados. E na Antônio de Góis, no Pina, 
alguns motoristas tiveram que pegar a contramão. A situação também ficou 
complicada no Barro, Zona Oeste, em na Avenida Norte. Em alguns pontos, a água 
ultrapassava a altura da porta dos veículos de passeio. A Avenida Abdias de 
Carvalho também amanheceu coberta.
Olinda
Em alguns pontos de Olinda, a situação já era 
muito difícil às 5h. Na Avenida Getúlio Vargas, em Bairro, Novo, não era 
possível trafegar. A Praça 12 de março estava completamente alagada. Com a 
visibilidade muito baixa, o risco de acidente ficou muito alto. Na Rodovia 
PE-15, perto do viaduto da entrada de Ouro Preto, carros ficaram cobertos.
Acumulado
Até a terça-feira (24), os dados da Agência 
Pernambucana de Águas e Clima (Apac) mostravam que cinco dos 14 municípios do 
Grande Recife já tinham a média histórica de chuvas para o mês de maio. Até 
aquela data, Araçoiaba tinha o maior percentual acumulado em relação à média do 
mês. No município, a Apac registrou 314 milímetros (mm). A média histórica de 
maio é de 207 mm. Portanto, o acumulado sobre a média é de 152%.
Olinda registrou o 9º maior volume de chuva no mês: 372 milímetros. A média 
histórica na cidade é de 325 mm. O acumulado sobre a média, até o dia 24 de 
maio. Ficou em 114%.
Também já superaram a média histórica de chuva para maio 
as cidades de Igarassu, 114%, Itamaracá, com 111%, e Itapissuma (100%). Paulista 
notificou acúmulo de 99% e o Recife chegou a 84%. Por causa das chuvas da manhã 
desta quarta-feira, foram registrados vários pontos de alagamento no Grande 
Recife. Houve problemas com semáforos em Boa Viagem, na Zona Sul, e na Boa 
Vista, na área central da capital.

Árvore caiu na Avenida Santos Dumont, nos Aflltos 
(Foto: Cacyone Gomes/TV Globo) 
Temporal
Entre os dias 8 e 10 de maio, o 
Grande Recife registrou a pior chuva dos últimos 30 anos. A grande quantidade de 
água que caiu, no entanto, não representará benefícios diretos para o cidadão. 
Em pelo menos 37% das residências na Região Metropolitana chegam a ficar três 
dias sem água na torneira e isso não deverá mudar a curto prazo. Obras 
complementares, como a instalação de tubulações da Companhia Pernambucana de 
Saneamento (Compesa), não têm previsão de ser realizadas. Enquanto isso, o que 
fica do temporal é apenas o rastro de destruição.
Barragens
Após as chuvas, as barragens, que 
já estavam cheias, esbanjam alto volume de água, no Grande Recife. Por exemplo, 
a barragem Bita, no Cabo de Santo Agostinho, opera em 97,3% da sua capacidade. 
Pirapama e Sucupema, ambas também no Cabo, sangram com 103,4% e 100,3%, 
respectivamente. Ao todo, são seis barragens que atenderiam toda população, se 
essas obras da companhia estivessem em dia. Em contrapartida, 
outras regiões do estado vivem uma situação oposta quando o assunto é chuva e 
abastecimento de água. 
Das 49 barragens pernambucanas, 28 estão em colapso. Das 
que estão situação crítica, todas estão localizadas no Agreste ou Sertão 
pernambucano. Ao todo, são 170 municípios que convivem com a incerteza de que 
alguma água sairá das torneiras. Uma realidade que não mudará para melhor nem 
tão cedo, segundo o meteorologista da Agência de Águas e Clima Fabiano 
Prestrelo.
Segundo ele, para que os níveis desses reservatórios voltem a 
subir é preciso ocorrer um período chuvoso igual ou superior ao da seca. Nesse 
ano, não houve por causa do fenômeno El Niño. O que estava ruim piorou. 
Prestrelo ressalta que é necessário ter um sistema oposto desse, o La Niña, mas 
não há previsão desse fenômeno também para o próximo ano. Bacias hidrográficas 
como a do Rio Brígida estão com todas as oito barragens em colapso. Já a bacia 
hidrográfica do Rio Terra Nova está com três das quatro barragens zeradas. 
Desde 
o dia 10 de abril, Belo Jardim, Sanharó, Tacaimbó e São Bento do Una, todos no 
Agreste, estão sendo abastecidos exclusivamente por carros-pipa. A medida 
emergencial se dá pelo colapso das barragens de Bitury e Pedro Moura Júnio. De 
acordo com a Compesa, o gasto mensal para o fornecimento nestas quatro cidades 
será de R$ 500 mil para custear 70 carros-pipa: 50 para Belo Jardim e 20 para os 
demais municípios. Os recursos são da companhia e do governo federal, por meio 
da Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe).