Páginas

BUSCA NO BLOG

Mostrando postagens com marcador Seca. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Seca. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

SECA: MORTANDADE DE PEIXES CHOCA MORADORES DA BARRAGEM PASSAGEM DAS TRAÍRAS NO SERIDÓ

12319572_702874239847634_2142931014_n (1)
Fonte: Cardoso Silva

Essa imagem ninguém gostaria de ver com dezenas de peixes mortos pela falta de água na Barragem Passagem das Traíras no município de Jardim do Seridó.

O baixo volume da água da Barragem e a falta de oxigênio foi o causador da mortes dos peixes. Infelizmente essa mesma cena poderá ser vista também no Açúde Itans que apresenta um baixo volume de água.

domingo, 6 de dezembro de 2015

CAICÓ: SITUAÇÃO DO AÇUDE ITANS É CALAMITOSA

Foto: Ilmo Gomes
Foto: Ilmo Gomes/Marcos Dantas

O Itans entra a semana com apenas 1,2% de sua capacidade total d’água. O segundo maior reservatório do Seridó, com 81 milhões, 750 mil metros cúbicos, está com apenas 1 milhão, 227 mil.

Água suficiente para abastecer Caicó provavelmente por mais 30 dias, já que a própria CAERN começa a enfrentar dificuldades de captar água no reservatório.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

EQUADOR É MAIS UMA CIDADE DO SERIDÓ QUE ENTRA NO COLAPSO PELA FALTA D’ÁGUA

A notícia veio hoje quarta-feira (3), através da prefeita Noide Sabino que anunciou pela sua conta pessoal no Facebook.

Segundo o diretor do escritório local, Pablo Roberto Primo Diniz, a pouca água existente no Açude Mamão não oferece mais nenhuma condição de ser tratada pela Companhia e oferecida a população. “Infelizmente não podemos fazer mais nada. Só tem quase lama no açude”, disse.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM CAICÓ É INTERROMPIDO

Itans é o principal reservatório de Caicó
Itans é o principal reservatório de Caicó/junior santos

O sistema de abastecimento de água que abastece parte da cidade de Caicó vai passar por uma paralisação nas próximas 30 horas, a partir da manhã desta quarta-feira (02). A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) informa que a interrupção no serviço se dará para que equipes da Regional de Caicó façam a relocação de uma bomba flutuante no açude para um ponto mais profundo, melhorando o funcionamento do sistema.

Atualmente, a cidade de Caicó é abastecida apenas pelo Açude Itans, depois que o sistema Manoel Torres entrou em colapso, há cerca de 15 dias. Com uma vazão de 360 metros cúbicos de água por hora, o volume de água do Itans não é suficiente para abastecer a cidade inteira e, com isso, as áreas mais altas de Caicó estão desabastecidas. A interrupção no abastecimento nesta quarta-feira ocorrerá apenas no período em que o trabalho de relocação do ponto de captação estiver sendo executado. Portanto, o sistema pode voltar a funcionar antes do prazo previsto de 30 horas.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

RN: ESTADO PRECISA DE R$ 100 MILHÕES PARA ENFRENTAR A SECA

Previsão é de quem em dois meses o Itans deixe de abastecer a cidade de Caicó, no Seridó
Previsão é de quem em dois meses o Itans deixe de abastecer a cidade de Caicó, no Seridó/Junior Santos

O governo estadual apresentou uma planilha de investimentos da ordem de R$ 100,9 milhões ao governo federal para ampliar a oferta de água potável à população do Rio Grande do Norte, que enfrenta escassez de recursos hídricos por conta de quatro anos de seca. Essa é a terceira vez que o governo Robinson Farias envia um plano de ação pra mitigar a sede na região semiárida do Estado, que agora contempla cidades em situação de colapso de água, ao invés de dez, como era em fevereiro, quando foi apresentado o primeiro plano emergencial ao Ministério da Integração Nacional com uma previsão de investimentos de R$ 63 milhões. O secretário estadual de Recursos Hídricos, José Mairton de França, disse que os dois planos anteriores foram atendidos em parte pelo governo federal, que no começo do ano ficou de repassar cerca de R$ 4 milhões para abastecimento da zona rural por carros pipas.

José M. de França admitiu que os outros planos de ação para minimizar os efeitos da seca, “foram elaborados sem a gente ter uma posição do governo federal sobre a definição das linhas de apoio, nem quais seriam a disponibilidade em relação a isso”. Em relação a liberação dos recursos, França disse que não sabe “nem quando e nem quanto será”, mas o governo deu um prazo até ontem (30 de novembro) para o envio da planilha, por causa do  fechamento do orçamento de 2015 da União: “Os recursos viriam do orçamento deste ano, por isso a presidenta deixou esse prazo”. França reportou  que na reunião da presidente Dilma Rousseff com os governadores do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, no dia 19 de novembro, em Brasília, ficaram definidas cinco linhas de apoio parte do governo federal: aquisição de dessalinizadores; ampliação da operação carro pipa, agora para as zonas urbanas; compra de perfuratrizes e perfuração de poços de grande vazão de água e construção de uma adutora engate rápido para abastecimento de água de Caicó.

No começo do ano, o pleito do governo estadual previa investimentos de R$ 63 milhões, incluindo a compra de ração animal, que o governo federal pôs fora das linhas de apoio. O secretário de Recursos Hídricos informou que o Estado pleiteia R$ 62 milhões para a construção de uma adutora de engate rápido para atender Caicó, que dentro de dois meses deixará de ser abastecida pelo açude Itans e até maio deve entrar em colapso de água, embora até exista oferta de água para uma parte da cidade a partir do Piranhas-Açu, com águas oriundas do complexo Coremas/Mãe-d’Água, na Paraíba. Segundo França, o governo federal está priorizando apoio à Paraíba e Rio Grande do  Norte, principalmente, que serão os últimos estados do Nordeste a receberem águas da transposição do Rio São Francisco. França disse, ainda, que a continuar a previsão de seca por causa do fenômeno El Nino, o Estado só terá água disponivel em volume considerável das barragens de Umari, em Pendências; Santa Cruz, em Apodi e da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, em Assu, que se não chover mais “entrará em volume morto em setembro de 2016”.

Recursos
Estimativa para recursos hídricos
- Adutora de engate    R$ 62 milhões
- Dessalinizadores    R$ 9,9 milhões
- Perfuratrizes     R$ 7 milhões
- Perfuração/poços    R$ 22 milhões
- Total     R$ 100,9 milhões
Fonte - Semarh

sábado, 28 de novembro de 2015

REUNIÃO DEFINE MEDIDAS SOBRE O USO DAS ÁGUAS DO AÇUDE DE SÃO JOÃO DO SABUGI


Açude Santo Antonio em São João do Sabugi/RN

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Piancó/Piranhas/Açu reuniu agricultores, que dependem das águas do Açude em São João do Sabugi. Participaram da reunião o procurador do Ministério Público Federal, Bruno Lamenha, o prefeito Aníbal Pereira, representantes do sindicato local, Agência Nacional das Águas, DNOCS, CAERN, Câmara Municipal, dentre outros. Na ocasião, ficou acordada algumas medidas que permitam com que a pouca água que ainda resta no reservatório, chegue até as próximas quadras invernosas.


FOTO: MARCOS DANTAS

Dentre as decisões tomadas na reunião estão: vistoria técnica na comporta do açude pelo DNOCS e ANA em quinze dias; fechamento da referida comporta, avisando antes a todas as comunidades da jusante; proibição de qualquer nova irrigação que utilize água do açu, e quem tiver plantio em campo pode terminar de colher; cadastramento das famílias que plantam hortas orgânicas e discutir a possibilidade de reaproveitar a água utilizada pela CAERN para a lavagem dos seus filtros, que representa um gasto de 50 mil litros/dia.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

CAICÓ: AÇUDE ITANS ESTÁ PERDENDO 4 CENTÍMETROS DE SUA LÂMINA POR DIA

Foto: Naquib Libânio
Foto: Naquib Libânio/MARCOS DANTAS

Com apenas 1,58% de seu volume total d’água, o Açude Itans vem perdendo diariamente quatro centímetros em sua lâmina. A informação foi confirmada ao Blog do Marcos Dantas, nesta quinta-feira (26) pelo diretor do DNOCS de Caicó, Eduardo Farias. O atual volume do Itans é de 1 milhão, 290 mil m3 d´’agua.

O Açude estava perdendo dois centímetros, passou para três e nos últimos dias está perdendo 4 centímetros. Como cada centímetros equivale a seis mil metros cúbicos, o Itans está perdendo por dia 24 mil metros cúbicos d’água”, explicou Eduardo.

BARRAGEM DA PASSAGEM DAS TRAÍRAS ENTRA EM COLAPSO TOTAL EM JARDIM DO SERIDÓ

A bomba de captação instalada na Barragem Passagem das Traíras foi desligada nesta quinta-feira, dia 26 de novembro e o principal reservatório para o abastecimento d’água em Jardim do Seridó, entrou em colapso total. A informação foi anunciada nesta manhã, durante uma audiência pública na Câmara Municipal de Vereadores, pelo gerente local da CAERN, José Vital com a presença de diversas autoridades e a população jardinense.

José Vital explicou que apesar de ainda existir um baixíssimo volume d’água no manancial, ele foi orientado pela gerência regional de Caicó para realizar o corte no fornecimento do líquido precioso em razão dos peixes existentes estarem morrendo e a água começou a ficar podre. Desde modo, mesmo com o tratamento feito pelos técnicos, a água ficará imprópria para o consumo humano.

O gerente de Jardim do Seridó informou também que a cobrança da taxa d’água no município está temporariamente suspensa. “O faturamento da CAERN está suspenso desde o início do mês de novembro, como também a água que está sendo utilizada dos poços do Catururé não será cobrada, pois ela não recebe qualquer tipo de tratamento”, alertou José Vital. E acrescentou: “A água dos poços do Catururé tem um alto teor de ferro, por isso ela só deve ser usada, apenas para fins secundários”.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

NO RN, 15 CIDADES ESTÃO EM COLAPSO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA, DIZ CAERN

Município de Serrinha dos Pintos é 15º do RN em colapso de abastecimento
Município de Serrinha dos Pintos é 15º do RN em colapso de abastecimento

O Rio Grande do Norte conta com 15 municípios em colapso de abastecimento de água. Desta vez, a cidade que entrou a lista foi Serrinha dos Pintos, na região Oeste do estado. As informações são da Caern (Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte). De acordo com Esmeraldo Alves do Nascimento, gerente regional da Caern, o açude Poção, responsável por abastecer o município, está operando com volume de água em nível baixo e pode secar em pouco tempo. As demais cidades que estão em colapso são: Acari, Antônio Martins, Carnaúba dos Dantas; Currais Novos, João Dias, Luiz Gomes, Paraná, Pilões, Rafael Fernandes, São Miguel, Tenente Ananias, Frutuoso Gomes, Timbaúba dos Batistas e Jardim de Piranhas.

Ainda segundo a Caern, 76 cidades estão abastecidas através de rodízio, neste que já é o quarto ano consecutivo de seca no estado. Somente na região do Alto Oeste são 25 municípios em racionamento, além de mais 11 na região Agreste, 12 na Central, 13 no Oeste e 16 no Seridó. O colapso atingiu 10 cidades do Alto Oeste e 05 no Seridó. Enquanto permanecer o colapso, a Caern manterá o faturamento suspenso e o abastecimento passa à responsabilidade das respectivas prefeituras junto a Defesa Civil do Estado e Exército que atendem a população, em caráter emergencial, por meio de carros-pipa.

Segundo a Caern, uma das alternativas para amenizar a crise hídrica na região foi a perfuração de poços, contudo, alguns apresentaram água salobra, como aconteceu em Pau dos Ferros. As 76 cidades do Estado abastecidas em sistema de rodízio, recebem água em períodos ou dias alternados para aumentar o tempo de permanência do produto nos mananciais. Dessas 76 cidades, 25 estão na região Alto Oeste, 11 na região Agreste, 12 na região central, 13 no Oeste e 15 no Seridó. A Caern continua preocupada com a falta d’água nos reservatórios e vem desenvolvendo ações de parceria junto aos diversos órgãos que trabalham no combate aos efeitos da seca.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

BARRAGEM DAS TRAÍRAS TEM 35 MIL METROS CÚBICOS DISPONÍVEL PARA ABASTECER JARDIM DO SERIDÓ

O município de Jardim do Seridó está entrando em colapso total d’água. Os dois principais reservatórios que abastecem a cidade já não oferecem mais as mínimas condições para isso.

O Zangarelhas secou totalmente, e de acordo com a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, atualmente a Barragem das Traíras tem apenas 35 mil, 285 metros cúbicos disponíveis, o que equivale a 0,07% de sua capacidade total d’água.

Fonte: Magno Cesar e foto: Marcos Dantas

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

NO RN, SECA TRANSFORMA AÇUDE 'ESPETACULAR' EM CENÁRIO DE DESOLAÇÃO

Açude Gargalheiras, em Acari, está praticamente seco por conta da estiagem prolongada (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Açude Gargalheiras, em Acari, está praticamente seco por conta da estiagem prolongada (Foto: Anderson Barbosa/G1)

A pior seca do últimos 100 anos no Rio Grande do Norte está transformando paisagens. Uma das que mais sofreu mudanças fica na região Seridó. É o açude Gargalheiras, em Acari. Quando cheio, atrai visitantes de todos os cantos para um espetáculo de tirar o fôlego: a sangria da barragem. A última foi em maio de 2011. Sobre um paredão de 27 metros de altura, a lâmina d’água chegou a 1 metro. Agora, praticamente vazio, o cenário de deslumbre virou desolação.

Para ver de perto os efeitos da estiagem no interior potiguar, equipes do G1 e da Inter TV Cabugi percorreram 1.400 quilômetros durante cinco dias. Foram visitadas 19 cidades no Seridó e Oeste – regiões que mais sofrem com a escassez. Entre elas está Acari, uma das onze cidades do estado que atualmente enfrentam colapso no abastecimento d’água. As outras são: Antônio Martins, Carnaúba dos Dantas, Currais Novos, João Dias, Luís Gomes, Paraná, Pilões, Riacho de Santana, São Miguel e Tenente Ananias.

Engenheiro que já viu a sangria do Gargalheiras, agora registra o momento mais crítico da barragem  (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Engenheiro que já viu a sangria do Gargalheiras, agora registra o momento mais crítico da barragem - (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Já em Apodi, Caicó, Itajá, Jucurutu,Lucrécia, Parelhas, Pau dos Ferros e São Rafael, foi constatado que o nível das barragens vem baixando rapidamente e que a paisagem está mudando a cada dia. Muitas famílias já estão pensando em ir embora. Algumas, para fugir da seca, falam até em buscar uma sorte melhor em outros estados.

No leito do Gargalheiras, a primeira parada foi em meio a poças malcheirosas, junto a pescadores que ainda se aventuram em busca de sustento. Os poucos e miúdos peixes que restam estão morrendo. Garças e urubus cortam o céu o todo instante e disputam a pouca água e o que ainda tem para comer. Em alguns trechos do solo rachado, sobre a terra ainda úmida, plantações de capim alimentam rebanhos de cabras e bodes. Na maior parte do açude, no entanto, cactos, pedregulhos e canoas abandonadas compõem a paisagem.

À direita, o Gargalheiras em 2011, quando ainda ocorria a sangria, a cascata artificial; à esquerda, nos dias atuais, sob a seca (Foto: Canindé Soares e Anderson Barbosa/G1)
À esquerda, o Gargalheiras em 2011, quando ainda ocorria a sangria, a cascata artificial; à direita, nos dias atuais, sob a seca (Foto: Canindé Soares e Anderson Barbosa/G1)

“Estive aqui há quatro anos para apreciar a sangria do Gargalheiras. Agora voltei para ver se é mesmo verdade, se toda aquele imensidão de água, se toda aquela beleza realmente havia desaparecido. É uma sensação muito diferente. É muita tristeza”, disse o engenheiro Renato Matos, de 64 anos, que mora em Natal. Além de fornecer água para os 10 mil moradores de Acari, a barragem também abastece 40 mil pessoas que residem na vizinha Currais Novos. O Gargalheiras tem capacidade para 44 milhões de metros cúbicos de água. Mas, com apenas 0,2% deste total, o açude não está ajudando mais ninguém.

'Dá até vontade de chorar', disse o pescador Luís Henrique Marques da Silva (Foto: Anderson Barbosa/G1)
'Dá até vontade de chorar', disse o pescador Luís Henrique Marques da Silva - (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Luís Henrique Marques da Silva tem 22 anos. Pescador, ele fala que é de partir o coração ver o Gargalheiras nesta situação. “Dá até vontade de chorar”, afirma.

Numa canoa estreita, Luís mostrou o que ainda se aproveita nas águas do reservatório. O pescador usou uma tarrafa (rede circular com pequenos pesos distribuídos em torno de toda a circunferência da malha) para capturar algumas tilápias. As que ele pegou, todas bem miúdas, não passam de 10 centímetros de comprimento. “Só um balde cheio pra dar um quilo”, frisou. “Maior que esses não tem mais. Pegamos para comer e para vender. E temos que pegar esses peixinhos assim, bem novinhos, porque de qualquer maneira eles vão morrer mesmo”, acrescentou. 

Água que resta dentro do açude está esverdeada e tem mau cheiro; com pouco oxigênio, peixes estão morrendo (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Água da barragem está esverdeada e tem mau cheiro; com pouco oxigênio, peixes estão morrendo (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Os peixes que conseguem escapar da rede saltam frenéticos. Alguns até caem dentro da canoa. Beirando a superfície,  tilápias e cágados lutam para respirar numa água com pouco oxigênio. No fundo, presos na lama, os animais são capturados com as mãos.

Moradores de Acari precisam acordar cedo para pegar água nos chafarizes públicos espalhados pela cidade (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Moradores de Acari acordam cedo para pegar água em caixas espalhadas pela cidade (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Fila de baldes
Com o Gargalheiras seco, a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) suspendeu o fornecimento para
Acari e Currais Novos, cancelou a cobrança das contas e decretou colapso. Outras 35 cidades, que também fazem parte das regiões Seridó e Oeste, estão em rodízio no abastecimento. Significa que elas recebem água de forma alternada com o objetivo de racionar a pouca água disponível.

Nos municípios em colapso, a água só chega por meio de caminhões-pipa. Na zona urbana, as prefeituras das cidades mantêm a distribuição. Na zona rural, é o Exército Brasileiro, através da Operação Pipa, o responsável pela entrega. Em algumas cidades a água é distribuída de casa em casa, depositada em bacias, baldes, galões ou mesmo cisternas. Na maioria delas, no entanto, a água vai direto para as caixas d'água ou chafarizes públicos.

Técnica em enfermagem, Maria do Socorro Silva Medeiros mostra a pia cheia de louça suja por causa da falta d’água  (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Técnica em enfermagem, Maria do Socorro Silva Medeiros mostra a pia cheia de louça suja por causa da falta d’água (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Em Acari, é preciso acordar cedo para garantir o precioso líquido. Na rua Antônio Severiano, no bairro Luiz Gonzaga, é assim todos os dias. Por causa do sol forte, são os baldes que ficam na fila da caixa d'água a espera da abertura das torneiras. Para cada pessoa, 20 litros é o máximo permitido. Dona de casa, Doralice de Sousa chegou antes de todo mundo ao chafariz. Uma vitória para quem já ficou sem água várias vezes. “A gente acreditava que o Gargalheiras nunca iria secar.

Estou com 59 anos e nunca tinha visto isso na minha vida. Mas ninguém pode brigar com Deus, né? A gente tem que se acostumar com isso e agradecer às pessoas de bom coração que vêm aqui pra nos abastecer”, ressaltou. Maria do Socorro Silva Medeiros, de 41 anos, é técnica em enfermagem. Ela também enfrenta uma longa espera pela água para conseguir cozinhar. Ela abriu a casa onde mora para mostrar a pia cheia de louça suja. “Tá assim desde ontem. Ou lavava a louça ou tomava banho. É um sofrimento que não tem fim”, reclamou.

Em Currais Novos, fendas de até um metro de profundidade se abriram no solo rachado do açude Dourado (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Em Currais Novos, fendas de até um metro de profundidade se abriram no solo rachado do açude Dourado (Foto: Anderson Barbosa/G1)

‘Culpa da gente mesmo’
Em Currais Novos, a falta d’água não é menos preocupante. O município, que deixou de receber água do Gargalheiras após a barragem secar, também não conta com o reservatório que existe no próprio município faz bastante tempo. O açude Dourado, com capacidade para 10 milhões de metros cúbicos de água, secou por completo faz quase dois anos.

Agricultor, Edvan Ferreira, de 36 anos, disse que tem muita gente que maltrata a natureza, 'e agora a natureza vem e nos castigar' (Foto: Anderson Barbosa/G1)
A natureza vem e nos castiga', disse o agricultor
Edvan Ferreira (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Mesmo sem uma única gota, atravessar o açude a pé não é tarefa fácil. Fendas se formaram e abriram ainda mais o solo rachado. A profundidade entre as fissuras passa de um metro. Até mesmo as cabras, que se alimentam do capim que nasceu no leito, só pastam nas beiradas do reservatório. “A gente não tem ração pra dar. E como aqui ainda tem um matinho, eu trago os bichos pra cá”, explicou o agricultor Edvan Ferreira, de 36 anos.

Edvan disse que nunca havia presenciado uma seca tão rígida e que já perdeu vários animais por falta d’água e comida. Por fim, ele ainda tentou achar uma explicação para os efeitos da escassez. “É uma secura muito grande. Talvez isso aí seja culpa da gente mesmo. Tem muita gente que maltrata a natureza. Agora a natureza vem e nos castiga”, pontuou.

Aos 62 anos, a agricultora aposentada Maria das Graças Medeiros mora no sítio Terra Nova, na zona rural de Currais Novos. Ela possui uma cisterna em casa, o que ajuda bastante em um momento de escassez como este. “Uma vez por mês o caminhão do Exército vem aqui e enche. Se não fosse isso, eu já tinha ido embora pra cidade”, revela. Dona Maria também disse nunca ter visto uma estiagem tão castigante. “Nasci e me criei aqui nesta casa. Não me lembro de uma seca tão braba. É mito difícil essa situação. A nossa salvação é a cisterna. Com essa água, a gente vai se virando”, acrescenta.

Aos 62 anos, a agricultora aposentada Maria das Graças Medeiros disse nunca ter visto uma estiagem tão castigante (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Aos 62 anos, a agricultora aposentada Maria das Graças Medeiros disse nunca ter visto uma estiagem tão castigante (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Emergência
Segundo o serviço de meteorologia do estado, esta é a pior seca dos últimos 100 anos. E para o ano que vem as previsões não são otimistas. Dos 167 municípios potiguares, 153 estão em estado de emergência em razão da estiagem prolongada. Destes, 122 são abastecidos por caminhões-pipa. O decreto foi publicado pelo governo do estado no dia 28 de março deste ano e tem validade de 180 dias. Segundo o documento, as chuvas ocorridas no segundo semestre do ano passado e início de 2015 foram insuficientes para a formação de estoques de água potável nos reservatórios.

Seca que assola o interior do Rio Grande do Norte vem causando a morte de muitos animais e prejuízos para economia do estado (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Seca que assola o interior do Rio Grande do Norte vem causando a morte de muitos animais e prejuízos para economia do estado (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Para decretar a emergência, o governo consultou a Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn), que previu chuvas abaixo da média histórica para este ano, além de também levar em consideração os R$ 3,8 bilhões de prejuízo causados pela escassez hídrica em 2014.

Info Seca RN (Foto: G1/RN)

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

SOBE PARA 13 NÚMERO DE CIDADES DO RN EM COLAPSO NO ABASTECIMENTO

Seca que assola o interior do Rio Grande do Norte vem causando a morte de muitos animais e prejuízos para economia do estado (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Seca que assola o interior do Rio Grande do Norte vem causando a morte de muitos animais e prejuízos para economia do estado (Foto: Anderson Barbosa/G1)

A crise hídrica que atinge o Rio Grande do Norte fez subir para 13 o número de cidades em colapso no abastecimento de água. Além delas, 42 estão estão recebendo água em sistema de rodízio. As informações são da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern). A última lista divulgada pela Caern tinha 11 municípios sem abastecimento. Na última semana, uma cidade voltou a ser abastecida, enquanto três entraram em colapso, totalizando 13. A companhia abastece 153 das 167 cidades do estado. As demais são abastecidas pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) dos municípios.

Na última lista divulgada pela companhia, as cidades em colapso eram Acari, Antônio Martins, Carnaúba dos Dantas, Currais Novos, João Dias, Luís Gomes, Paraná, Pilões, Riacho de Santana, São Miguel e Tenente Ananias. O município de Riacho de Santana voltou a ser abastecido, no entanto as cidades de Timbaúba dos Batistas e Jardim de Piranhas tiveram o abastecimento suspenso. A Caern acrescenta que Alexandria, cidade abastecida pelo SAEE, também entrou colapso, totalizando 13 municípios.

Emergência
O decreto de situação de emergência em 153 cidades do Rio Grande do Norte que sofrem com a estiagem prolongada foi prorrogado por mais 180 dias. A renovação, assinada pelo governador Robinson Faria, foi publicada na edição desta quinta-feira (24) do Diário Oficial do Estado. Segundo o governo, esta é a pior seca dos últimos 100 anos.

sábado, 19 de setembro de 2015

SECA HISTÓRICA MUDA PAISAGENS NO RN E FAZ SERTANEJO QUERER IR EMBORA

Açude Gargalheiras, em Acari, está praticamente seco por conta da estiagem prolongada (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Açude Gargalheiras está praticamente seco por conta da estiagem prolongada (Foto: Anderson Barbosa/G1)

A mais longa estiagem dos últimos 100 anos no Rio Grande do Norte está mudando hábitos e transformando paisagens interior a dentro. Reservatórios secaram, cachoeiras desapareceram e o verde da vegetação ganhou tons de cinza. O solo rachou, animais morreram, plantações foram dizimadas. Os prejuízos, somente no ano passado, somam R$ 3,8 bilhões. E o sertanejo, que sofre com escassez, agarra-se à fé. As previsões para o ano que vem não são boas. Um reservatório com obras atrasadas e a transposição do rio São Francisco, que sequer tem data para chegar ao território potiguar, são as soluções apontadas pelos governantes. Dos 167 municípios do estado, 153 estão em estado de emergência pela falta de chuvas. Destes, 122 são abastecidos por caminhões-pipa. Em onze cidades, que se encontram em colapso no abastecimento, o fornecimento de água está comprometido e a Compahia de Águas e Esgotos (Caern) suspendeu a cobrança das faturas. A maior barragem do estado, a Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, já atingiu o volume mais baixo de sua história. Nas regiões afetadas tem gente que só pensa em ir embora.

Para ver de perto os efeitos da seca, equipes do G1 e da Inter TV Cabugi percorreram aproximadamente 1.400 quilômetros. Durante cinco dias foram visitadas 19 cidades nas regiões Seridó e Oeste do estado. Em Acari, Antônio Martins, Carnaúba dos Dantas, Currais Novos, João Dias, Luís Gomes, Paraná, Pilões, Riacho de Santana, São Miguel e Tenente Ananias o colapso no abastecimento faz os moradores dormirem mal, angustiados com a escassez. E é preciso levantar cedo para enfrentar as filas em busca de alguma água. Já em Apodi, Caicó, Itajá, Jucurutu, Lucrécia, Parelhas, Pau dos Ferros e São Rafael, é o nível baixo das barragens que preocupa. As respostas para o homem do campo são ruins não apenas quanto à possibilidade de uma mudança no clima, mas também em razão das soluções apresentadas pelos governos federal e estadual. A construção da barragem de Oiticica, apontada como salvação para meio milhão de sertanejos, segue a passos lentos.

Obras de construção da barragem de Oiticica, em Jucurutu, deveriam ter sido concluídas em junho deste ano (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Obras da barragem de Oiticica deveriam ter sido concluídas em junho passado (Foto: Anderson Barbosa/G1)

O reservatório, que está sendo construído na cidade de Jucurutu, na região Seridó, terá capacidade para 500 milhões de metros cúbicos de água e será responsável pelo abastecimento de pelo menos 17 cidades. A obra foi iniciada em 2013 e deveria ter sido entregue em junho deste ano. Segundo a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, a expectativa agora é que o serviço seja concluído até o final de dezembro de 2016. E isso se a crise financeira não retardar ainda mais o trabalho. Já a tão aguardada transposição do rio São Francisco, que de acordo com o Ministério da Integração Nacional (MI) também beneficiará os potiguares, sequer tem data para chegar ao estado. O MI explica que as águas do Velho Chico virão até o RN de duas maneiras. Uma delas é com a perenização do rio Piranhas/Açu. Significa que as águas do rio, que nasce na Serra do Piancó, na Paraíba, devem ser represadas pela barragem de Oiticica antes que elas desemboquem na barragem Armando Ribeiro Gonçalves.

A outra forma de a água chegar ao estado será com a construção um sistema denominado Ramal Apodi, uma etapa da obra que faz parte do chamado Eixo Norte da transposição. Por este ramal, as águas deverão correr por canais, túneis, aquedutos e barragens, totalizando 115,5 quilômetros de extensão. Para isso, ainda de acordo com o ministério, estima-se que 857 propriedades terão que ser relocadas ou os donos indenizados em treze municípios da Paraíba, Ceará e no próprio Rio Grande do Norte. Em solo potiguar, a transposição afetará famílias em Luís Gomes, Major Sales e José da Penha, por onde o ramal passará até chegar ao açude público de Pau dos Ferros, de onde as águas partirão até Angicos, já na região Central do estado. Ao final do percurso, 44 municípios devem ser beneficiados. O MI afirma que todo o Eixo Norte tem investimento orçado em R$ 5,25 bilhões e que já trabalha na elaboração do edital de licitação para que os serviços no Rio Grande do Norte tenham início. Só não disse quando.

Em Luís Gomes, cidade potiguar que faz divisa com a paraíba, Ministério da Integração Nacional já demarcou o terreno por onde será construído o Ramal Apodi, que faz parte das obras de transposição do rio São Francisco  (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Em Luís Gomes, Ministério da Integração Nacional já demarcou o terreno por onde será construído o Ramal Apodi, que faz parte das obras de transposição do rio São Francisco (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Em Luís Gomes, cidade potiguar que faz divisa com a Paraíba, muitos moradores já foram procurados. José Vandilson Nunes da Silva tem 39 anos. Agricultor, ele disse que no ano passado técnicos do Ministério da Integração Nacional o contrataram para fazer a demarcação do terreno por onde o Ramal Apodi vai passar. Ao mostrar as estacas fincadas no chão, ele contou que recebeu a informação que pelas terras que ele possui, uma área de 2 hectares e meio, receberá algo em torno de R$ 40 mil.

Agricultor José Vandilson mostra o posto de saúde que teve a obra de construção interrompida par a passagem do Ramal Apodi  (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Agricultor José Vandilson mostra o posto de saúde que teve a obra de construção interrompida par a passagem do Ramal Apodi - (Foto: Anderson Barbosa/G1)

O agricultor também mostrou o prédio de um posto de saúde que estava sendo construído na região, e que teve as obras interrompidas porque fica no caminho do ramal. “Pararam a obra na hora. Ia continuar pra quê? Pra depois ter que derrubar tudo?”, ressaltou.

Convivência com a seca
Nesta semana, o ministro Gilberto Occhi anunciou que as obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco estão com 78,6% de avanço físico, segundo dados de agosto deste ano. Também de acordo com o MI, o Rio Grande do Norte deve receber R$ 6 milhões para a continuidade das obras da barragem Oiticica. Já o governo do estado, informou que está traçando estratégias de ação para a convivência com a seca.

O plano, para o qual foram pleiteados R$ 63 milhões, é pensado para os próximos seis meses. “Estramos enfrentando a maior crise hídrica da história do nosso estado”, frisou o governador Robinson Faria. Segundo ele, três pontos principais compõem o plano. No primeiro, o estado pretende equipar, perfurar e comprar materiais para poços. O segundo diz respeito à forragem e ração animal, principalmente para os pequenos agropecuaristas. O último, é sobre a utilização de carros-pipa. Robinson quer que o Exército também abasteça a zona urbana das cidades que estão em colapso.

Apelo
O governador também tratou da transposição do São Francisco. Ele disse que enfatizou o apelo já feito a presidente Dilma Rousseff para que ela considere, na execução do projeto, a inclusão da obra do canal que liga as barragens de Caiçara a Engenheiro Ávidos. A obra, orçada em aproximadamente R$ 150 milhões, vai captar água no município de
São José de Piranhas (PB) e jogar na bacia Piranhas-Açu (RN), o que segundo ele anteciparia em quase 2 anos a chegada da água do Velho Chico ao Rio Grande do Norte.

Silvano e Daiane vão esperar que o tempo melhore até o final do ano. Se não chover, o casal promete ir embora para Brasília (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Silvano e Daiane vão esperar que o tempo melhore até o final do ano. Se não chover, o casal promete ir embora para Brasília (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Vontade de ir embora
Silvano Soares Santos é servente de pedreiro, mas está desempregado. A mulher dele, Daiane Ferreira, vive de uma aposentadoria que recebe do INSS por ter epilepsia. O casal mora em
Caicó, na região Seridó potiguar, uma das que mais sente a estiagem. Se não voltar a chover até o final do ano, Silvano e Daiane prometem ir embora para Brasília. “Minha mãe, que é de Brasília, morava aqui com a gente. Ela não aguentou essa seca e voltou pra lá. É isso o que nós vamos fazer também se o tempo não melhorar. Lá em Brasília meu marido tem mais chances de conseguir um trabalho”, disse a mulher. Silvano concorda. “Viver com um salário mínimo é muito difícil. E ter que gastar com água é pior ainda. Temos três filhos pequenos, de 6, 8 e 11 anos. Aqui é muito sofrimento para eles”, acrescentou.

Com menos de 4% da capacidade, açude Itans, em Caicó, entrou no volume morto (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Com menos de 4% da capacidade, açude Itans, em Caicó, entrou no volume morto (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Em Caicó, o fornecimento de água acontece na forma de rodízio. Cada bairro da cidade só recebe água uma vez por semana. O açude Itans, que abastece o município, está quase seco. O reservatório chega a armazenar 81 milhões de metros cúbicos de água, mas com menos de 4% da capacidade total já entrou no volume morto.

Dona de casa, Alzirene Oliveira pretende ir morar em Natal para escapar da seca (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Dona de casa, Alzirene Oliveira pretende ir morar em Natal para escapar da seca
(Foto: Anderson Barbosa/G1)

Quem também pensa em fugir da seca é a dona de casa Alzirene Oliveira, de 57 anos. Ela mora em Antônio Martins, que fica na região Oeste. A cidade é uma das onze que está em colapso no abastecimento. “Isso não é vida. Vou embora pra Natal. Se não voltar a chover logo, arrumo minhas tralhas e vou tentar coisa melhor na capital”, afirmou. Em Antônio Martins, a zona rural é abastecida pelos caminhões-pipa do Exército. Já na área urbana da cidade, a Caern faz o fornecimento. Segundo o pipeiro João Batista, são cinco veículos contratados pela companhia. "Cada carro faz cinco viagens por dia. Só não rodamos nos sábados", explicou.

Caminhões-pipa vão de casa em casa levando água para os moradores de Antônio Martins (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Caminhões-pipa vão de casa em casa levando água para os moradores de Antônio Martins (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Proveito e desespero
Enquanto alguns sofrem com a seca, também há quem lucre com ela. É o exemplo dos comerciantes de São Miguel, também na região Oeste, que estão faturando com a venda de baldes usados para guardar água. Na antiga cidade de São Rafael, inundada há mais de 30 anos para dar lugar à barragem Armando Ribeiro Gonçalves, um bar foi montado para recepcionar os visitantes que querem ver as ruínas da ‘Atlântida do Sertão’. Antigas construções, como a igreja e o cemitério, ressurgiram graças ao baixo volume do reservatório.

Açude Gargalheiras, em Acari, está praticamente seco por conta da estiagem prolongada  (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Açude Gargalheiras, em Acari, está praticamente seco por conta da estiagem prolongada (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Em Acari, no Seridó, o espetáculo das águas sumiu. A última sangria do açude – que é quando as águas passam por cima da parede formando uma gigantesca cascata artificial –  aconteceu em 2011. De lá para cá o reservatório vem perdendo água. Hoje, está com apenas 0,2% de sua capacidade total. Mesmo assim, ainda atrai muita gente. Os visitantes vão ao local para contemplar a desolação.

Cachoeira do Relo, que fica em Luís Gomes, possui uma queda d’água de 8 metros de altura; nascente do rio Mossoró secou, fez cachoeira desaparecer e turistas desaparecerem  (Foto: Anderson Barbosa/G1)
Cachoeira do Relo, que fica em Luís Gomes, possui uma queda d’água de 8 metros de altura; nascente do rio Mossoró secou, fez cachoeira desaparecer e turistas desaparecerem (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Por fim, o que resta é mesmo a aflição. Um exemplo disso está na Cachoeira do Relo, uma queda d’água de oito metros de altura enfincada em meio as montanhas que circundam a cidade de Luís Gomes, no Oeste do estado. Faz três anos que não pinga uma gota d’água por lá. A tristeza do comerciante José Givaldo, proprietário do balneário, resume o sentimento do sertanejo: “O que fazer? Só nos resta rezar”, concluiu.

Info Seca RN (Foto: G1/RN)

sábado, 12 de setembro de 2015

PREFEITOS DEFINEM ALTERNATIVAS PARA A CRISE HÍDRICA DO SERIDÓ EM ENCONTRO DA FEMURN

Prefeitos definem alternativas para a crise hídrica do Seridó em encontro da FEMURN

Prefeitos, secretários, vereadores e equipes de gestão municipal estiveram reunidos na manhã desta sexta-feira (11), na cidade de Acari, para discutir soluções e definir projetos para atenuar os efeitos da seca nas cidades da região Seridó. A reunião faz parte do Encontro Regional de Prefeitos, coordenada pela Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (FEMURN), que está percorrendo todas as regiões do estado e estabelecendo propostas para inclusão no Orçamento Participativo do Estado.

Com o tema “A crise hídrica e suas consequências econômicas e sociais para o Seridó”, o evento teve a participação do Secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH), Mairton França; Diretora de Empreendimentos da Companhia de Águas e Esgotos (CAERN) , Maria Geni Formiga. O vice-presidente da FEMURN e prefeito de Assu, Ivan Júnior, juntamente com anfitrião e prefeito de Acari Isaias Cabral conduziram o evento. O prefeito Ivan Júnior, analisou o cenário de crise que os municípios potiguares estão vivenciando, e destacou a necessidade de buscar alternativas urgentes para reverter o quadro hídrico dos municípios e conter os danos nos âmbitos econômicos e sociais. “Precisamos de medidas eficazes e que possam ser estendidas ao longo prazo, para que os períodos de estiagem não continuem o provocar os prejuízos que ocasiona. Necessitamos conviver bem com este fenômeno.”, disse.

Durante o Encontro, os prefeitos cobraram a ampliação de ações por parte da SEMARH e expuseram a necessidade de fazer estudos hídricos para examinar a capacidade e definir as condições dos reservatórios do estado. Também, foram estabelecidas, como medidas emergenciais, a ampliação da instalação de poços, desassoreamento dos rios e construções de adutoras, a fim de proporcionar a oferta de água nas regiões mais afetadas. Além disso, a forragem animal também foi uma das providências determinadas para proporcionar melhor desenvolvimento da economia nas cidades. Ainda no Encontro de Prefeitos do Seridó, foram definidos assuntos prioritários da região para inclusão no Orçamento Participativo do Estado. Uma das prioridades diz respeito à ampliação dos açudes e barragens nas cidades da região. As pautas propostas pelos prefeitos da região do Seridó formalizaram um documento da FEMURN que serão entregues ao Governador Robinson, com o conjunto de ações já estabelecidas nos Encontros realizados em outras regiões do estado.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

sábado, 5 de setembro de 2015

PREFEITURA DE CURRAIS NOVOS/RN DECRETA SITUAÇÃO DE CALAMIDADE

Reservatórios do Seridó estão com água chegando ao fim
Reservatórios do Seridó estão com água chegando ao fim/Júnior Santos

A Prefeitura Municipal de Currais Novos/RN decretou ontem estado de calamidade pública em todo o território municipal acarretado pela seca que coloca em risco o abastecimento de água para consumo humano. O decreto de número 4.385 foi publicado no Diário Oficial do Município. Com base no que prevê a Lei Orgânica do Município e da legislação federal, o prefeito  Vilton Cunha, assinou o decreto. Não hpa inverno regular no Rio Grande do Norte  desde 2011. A estiagem prolongada provocou danos ao abastecimento humano e animal, além das atividades comerciais, industriais e de serviços.

O relatório de situação de desastre foi elaborado pelo “Conselho Municipal de Proteção e Defesa Civil”, formado por Daniel Batista , Francisco Genilson, Maria do Céu Aprígio e Ailton Gomes.
O decreto autoriza a mobilização prioritária e emergencial de todos os órgãos municipais para atuarem sob a coordenação de um conselho criado pra isso nas ações de resposta ao desastre e reabilitação do cenário atual. Autoriza também a convocação de voluntários para reforçar as ações de resposta ao desastre e realização de campanhas de arrecadação de recursos junto à comunidade e ao terceiro setor, com o objetivo de facilitar as ações de assistência à população afetada pelo desastre
A partir da homologação do ato, ficam dispensados de licitação os contratos de aquisição de bens necessários às atividades de resposta ao desastre, de prestação de serviços e de obras relacionadas com a reabilitação dos cenários dos desastres, desde que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 dias consecutivos e ininterruptos, contados a partir da caracterização do desastre.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

RN: 47 CIDADES EM COLAPSO OU RODÍZIO

Estiagem severa mudou cenário do açude Gargalheiras, em Acari, que tem menos de 0,2% de água
Estiagem severa mudou cenário do açude Gargalheiras, em Acari, que tem menos de 0,2% de água/Magnus Nascimento

O agravamento da crise na oferta de água em função da estiagem afeta um em cada quatro municípios do Rio Grande do Norte, de acordo com o levantamento feito pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). Dos 167 municípios potiguares, já estão em situação crítica 47 municípios (28%), dos quais 35 enfrentam rodízio de abastecimento de água e 12 estão em em situação de colapso no sistema de abastecimento. Desses, 11 são atendidos  pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) e um – Alexandria, pelo Sistema Autônomo de Águas e Esgotos (SAEE). Em função do estágio atual da crise hídrica, a chefe do Gabinete Civil, Tatiana Mendes Cunha, reuniu-se, no começo da tarde de ontem, com titulares das pastas e órgãos envolvidos no enfrentamento dos efeitos da estiagem, na região semiárida do Estado.

Na ocasião, foi decidido que na terça-feira (8), vai se reativar o Comitê Gestor de Combate à Seca, bem como será apresentado um plano de trabalho para a distribuição de águas por caminhões pipas, que inicialmente só tinha prevista a liberação de R$ 2,9 milhões para a contratação de “pipeiros”. O secretário estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, José Mairton de França, reconheceu, mais uma vez, que esse volume de recursos, “está muito aquém das necessidades do Estado em face desse novo quadro  que se apresenta em relação à oferta de água”. França explicou que em fevereiro, quando havia uma previsão de que a escassez de água poderia afetar mais de 40 municípios, a necessidade de recursos para abastecer as áreas urbanas por carros-pipa girava em torno de R$ 34 milhões.

O secretário disse que dentro de duas semanas o governador Robinson Faria e parte do staff da área de Recursos Hídricos, “devem agir politicamente em Brasilia” para tentar a liberação de recursos para a contratação dos carros-pipa e outras ações de enfrentamento da seca. Já o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel bombeiro Elizeu Lisboa Dantas, informa que só para abastecer as 12 cidades em situação de colapso de água seriam necessários pelo menos 20 carros-pipa, “que fariam o abastecimento de quatro carradas por dia, duas pela manhã e duas à tarde”'.


PASSAGEM DAS TRAÍRA/RN

Elizeu Dantas disse que “a situação do início do ano é diferente de agora, pois se agravou circunstancialmente”. Por isso há a necessidade de se fazer levantamento e compilação de novos dados a respeito dos efeitos provocados pela estiagem em relação ao abastecimento de água, alimentação de animais e apoios às populações afetadas. França explicou que, em decorrência dessa nova situação, o governo vai centrar suas ações em três linhas: disponibilidade de água para consumo humano, em primeiro lugar, levantar as necessidades de forragem animal e executar ações sociais junto às populações afetadas, além de garantir a reedição do decreto de emergência, que expira em 4 de outubro, para os 153 municípios que já estão nessa situação.

Deputados da PB, RN e PE formulam pleitos ao Governo Federal
Deputados estaduais do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco se reuniram ontem (3), em audiência pública na Assembleia Legislativa paraibana, para debater a seca no Nordeste e cobrar do Governo Federal recursos para a conclusão das obras de transposição do Rio São Francisco. Devido ao esforço dos parlamentares potiguares, o Rio Grande do Norte conseguiu garantias de que seria beneficiado com as obras de transposição, mas o foco no momento é a celeridade na finalização das ações. Presidente da Frente Parlamentar da Água no RN, o deputado Galeno Torquato (PSD) disse que o encontro visa sensibilizar a presidente Dilma Rousseff (PT) para que sejam destinados recursos para o enfrentamento da crise hídrica no Nordeste. O presidente da AL paraibana, Adriano Galdino (PSB), cobrou igualdade na destinação dos recursos federais distribuídos para o combate de escassez de água no país. Ao final da audiência, os deputados formalizaram um documento contemplando os pleitos e prioridades elencadas pelos parlamentares. O requerimento será entregue pelo deputado Adriano Galdino à presidente Dilma Rousseff, que faz visita nesta sexta-feira (4) à capital paraibana.