
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com
sede em Porto Alegre, manteve a condenação do ex-ministro José Dirceu à
pena de oito anos, dez meses e 28 dias de prisão pelos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato. A decisão está
relacionada à segunda condenação de Dirceu na operação. Chefe da Casa Civil no primeiro mandato de Luiz
Inácio Lula da Silva, Dirceu havia sido condenado pela 8ª Turma do TRF4 em
setembro, quando sua pena foi reduzida para o atual patamar. Agora, os
desembargadores julgaram embargos de declaração da defesa para esclarecer
pontos específicos daquela decisão e tentar revertê-la.
De acordo com o advogado Roberto Podval, que defende
Dirceu, a defesa vai aguardar o posicionamento de tribunais superiores — a
possibilidade de novos recursos também deve impedir a prisão do ex-ministro. A denúncia que levou a essa condenação mostra que
executivos da empresa Apolo Tubulars, interessados em celebrar contratos com
a Petrobras, solicitaram a intervenção de um operador junto a Renato
Duque, ex-diretor da Área de Serviços da estatal, para que a empresa fosse
beneficiada.
De acordo com a denúncia dos procuradores da Lava
Jato, Duque possibilitou a contratação da empresa mediante pagamento de
propinas no valor de mais de 7 milhões de reais. Para o Ministério Público
Federal (MPF), 30% dos valores recebidos pelo operador foram transferidos para
o ex-ministro.São réus no mesmo processo o irmão de Dirceu, Luiz
Eduardo de Oliveira e Silva, e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato
Duque. Os desembargadores também julgaram embargos de declaração movidos
pelos advogados de ambos. Luiz Eduardo teve a sua pena de oito anos e nove
meses de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro mantida. A pena
de Duque, de seis anos e oito meses de prisão por corrupção passiva, também não
foi alterada. A decisão foi baseada no voto do relator das ações
relativas à Lava Jato no TRF4, desembargador federal João Pedro Gebran Neto.
A 8ª Turma do tribunal apenas esclareceu algumas dúvidas dos advogados em
relação aos motivos pelos quais seus argumentos não foram acolhidos.
Habeas corpus
Até junho, José Dirceu estava preso cumprindo
pena de trinta anos e nove meses de prisão a que foi condenado em primeira
e segunda instância em um processo da Operação Lava Jato. O ex-ministro estava
detido no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde ficou pouco mais
de um mês. Ele foi solto graças a uma decisão da Segunda Turma do STF.
Nesse processo, o primeiro a lhe render uma
condenação na Lava Jato, Dirceu foi condenado pelos crimes de corrupção
passiva, lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa. Ele foi
considerado culpado de receber 15 milhões de reais em propina sobre contratos
da Diretoria de Serviços da Petrobras, então comandada por Duque.
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