
Palocci: consultoria enriqueceu durante o ano eleitoral (Dorivan Marinho/Fotoarena/VEJA)
A Polícia Federal prendeu na manhã desta segunda-feira, a 35ª 
fase da Operação Lava Jato, o ex-ministro Antonio Palocci. Chefe da Fazenda no 
governo Lula e da Casa Civil no primeiro mandato de Dilma, Palocci é suspeito de 
atuar diretamente como intermediário dos interesses da Odebrecht, a maior 
empreiteira do país e cujo diretor-presidente, Marcelo Odebrecht, está atrás das 
grades desde junho do ano passado. Considerada uma das fases mais importantes da 
Lava Jato, a nova etapa das investigações sobre o petrolão apura também 
pagamentos por meio do Setor de Operações Estruturadas, considerado um 
departamento da propina da Odebrecht. Ao longo das investigações, em especial na 
26ª fase da Lava Jato, foram apreendidas inúmeras planilhas e telas que 
indicavam um sistema informatizado de propina no qual os pagamentos e seus 
destinatários são ocultados por codinomes e senhas, sempre relacionado a altos 
valores, tanto em reais quanto em dólares e euros. 
Batizada de Operação Omertà, em referência ao pacto de silêncio 
dos mafiosos, a 35ª fase da Lava Jato nesta segunda-feira recolheu evidências de 
que Palocci atuou deliberadamente para garantir que o Grupo Odebrecht 
conseguisse contratos com o poder público. Em troca, dizem os investigadores, o 
ex-ministro e seu grupo eram agraciados com propina. A atuação de Palocci foi 
monitorada, por exemplo, na negociação de uma medida provisória que 
proporcionaria benefícios fiscais, no aumento da linha de crédito junto ao BNDES 
para a Odebrecht fechar negócios na África e em uma interferência na licitação 
para a compra de 21 navios sonda para exploração da camada pré-sal. 
Em agosto, VEJA revelou que, em suas negociações para a 
colaboração premiada, o ex-marqueteiro petista João Santana se 
dispôs a dizer aos investigadores do petrolão como os ex-ministros Antonio 
Palocci e Guido Mantega – Mantega foi alvo da 34ª fase da Lava Jato na última 
semana – haviam se encarregado de negociar o caixa paralelo na campanha de Dilma 
em 2014. Palocci é o personagem principal de um dos capítulos da delação de João 
Santana. Nele, além da “conta” que o ex-ministro detinha com empresas 
investigadas no petrolão, Palocci seria delatado ao lado do braço-direito 
Juscelino Dourado, que distribuía parte do dinheiro do caixa dois.
 
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