
O corpo do ex-governador
e ex-senador Gerson Camata, morto nesta quarta-feira (26) em frente a um
restaurante na Praia do Canto em Vitória, será velado a partir das 8h desta
quinta-feira (27) no Palácio Anchieta, sede do governo do Espírito Santo. O
sepultamento está previsto para as 16h no Cemitério da Serra, na Região
Metropolitana da capital capixaba. Camata, de 77 anos, foi
assassinado com um tiro depois de uma discussão com um ex-assessor, causada por
uma ação judicial movida pelo ex-governador contra ele, que resultou no
bloqueio de R$ 60 mil da conta bancária do agressor.
Marcos Venício Moreira
Andrade, de 66 anos, confessou o crime e foi preso. A arma usada não tinha
registro e foi apreendida. Ele vai responder por homicídio qualificado. A
defesa de Marcos não quis comentar o caso e apenas informou que ele deve ser
encaminhado para o presídio em Viana, na Região Metropolitana de Vitória, nesta
quinta-feira.
“O assessor foi tirar
satisfação ao encontrar Gerson Camata na rua, na calçada, próximo a uma banca
de revista e a uma padaria. Neste encontro, iniciou uma discussão verbal, onde
o assessor sacou a arma e efetuou o disparo contra o ex-governador”, explicou o
secretário estadual de Segurança Pública, Nylton Rodrigues. Depois de ser baleado,
Camata ficou caído na calçada. O Samu chegou a ser acionado, mas ele não
resistiu. Depois da perícia da Polícia Civil, o corpo foi levado ao Departamento
Médico Legal (DML) de Vitória e foi liberado no final da noite de quarta-feira
(26).
Relação conflituosa
Marcos Andrade trabalhou
como assessor de Gerson Camata por quase 20 anos. Em 2009, contudo, a relação
entre eles ficou comprometida quando Marcos denunciou um suposto crime de caixa
2 cometido por Camata ao jornal "O Globo". Em entrevista, Marcos
afirmou que Camata recebia mesadas de empreiteiras, apresentava recibos falsos
de contas eleitorais e obrigava funcionários a pagar, com salários do Senado,
suas despesas pessoais. Na época, ele apresentou documentos e anotações para
comprovar a denúncia. Gerson Camata negou as
acusações à época. Ele afirmava que Marcos sofria de problemas psicológicos e
que suas acusações não deveriam ser levadas em consideração.
O ex-governador processou
Marcos por danos morais por conta das denúncias. Uma ação foi movida na Justiça
do Espírito Santo e na do Distrito Federal.
Foi o juiz do Distrito
Federal, Leandro Borges de Figueiredo, que decidiu pela condenação do
ex-assessor em 9 de abril de 2012. Marcos foi condenado uma pagar indenização
de R$ 50 mil, além de honorários e custas processuais. O ex-assessor recorreu em
instâncias superiores, ao longo dos anos, mas sem sucesso. O secretário de
Segurança Pública do Espírito Santo, Nylton Rodrigues, disse que houve um
bloqueio de R$ 60 mil na conta de Marcos para que ele pagasse a indenização em
janeiro de 2018. Sobre as investigações da
denúncia de caixa 2, as denúncias publicadas em "O Globo" foram
submetidas, ainda em 2009, à Procuradoria Geral da República e à Corregedoria
do Senado (onde Camata exercia mandato na época). Nos dois casos, ficou
entendido que as acusações não tinham lastro e foram arquivadas.
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