Carla Ubarana era “também um laranja” no esquema de desvios
de recursos na Divisão de Precatórios no Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Norte. Essa é a conclusão a que se chega após a leitura dos manuscritos – uma
espécie de “Diário da Prisão” – produzidos pela ex-chefe da Divisão de
Precatórios do TJRN durante o tempo em que esteve presa. Carla afirma que era
apenas uma das operadoras de um esquema liderado por outros envolvidos e, em
algumas passagens do manuscrito, também detalha o funcionamento das fraudes e
como os recursos eram repassados “em espécie” para os “cabeças” do esquema.
Não existem, segundo as informações levantadas pela
reportagem da TRIBUNA DO NORTE acerca do diário da acusada, rastros no sistema
financeiro do repasse de parte do dinheiro desviado para os demais envolvidos.
Operações bancárias como depósito em conta corrente, que ficariam registradas,
não eram o modus operandi escolhido para a destinação final do produto do
desvio. Segundo relato de Carla Ubarana, “o dinheiro era entregue em espécie”.
O diário de Carla Ubarana foi escrito durante todo o tempo
em que a acusada esteve presa. Pessoas próximas e que conviveram com a acusada
durante a prisão afirmam que os manuscritos permaneciam, na maior parte do
tempo, com Carla e que detalhes acerca das fraudes perpetuadas dentro do
Tribunal estão descritas nesses papéis. Trata-se de um caderno e também de
páginas soltas.
O motivo para produzir essa espécie de “memórias do cárcere”
era medo. Carla e George dizem ter recebido ameaças dentro da prisão. Por conta
disso, passaram a deixar uma prova documental de seus testemunhos, no caso de
sofrerem algum atentado.
Fonte.: Robson Pires
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