O Partido Trabalhista do Brasil, PT
do B, deixou a “União por Natal II” (formada por PRB, PPS, PPL, PSD e PC do B),
mas sua presença ainda deixa marcas na coligação. Marcas tão graves, por sinal,
que fizeram o Tribunal Regional Eleitoral cancelar o registro de todos os
candidatos da coligação, inclusive, dos vereadores eleitos Raniere Barbosa, do
PRB, e de George Câmara, do PC do B. O processo, que está em recurso no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sendo confirmada decisão da Corte Potiguar,
forçaria uma recontagem dos vencedores e poderia abrir vagas para alguns que
ficaram de fora, como o atual presidente da Câmara Municipal, Edivan Martins
(PV), o vereador Ney Lopes Jr. (DEM) e o ex-secretário Cláudio Porpino (PSB). Contudo,
a intenção do advogado André Castro, que conseguiu a decisão no TRE provocando
o cancelamento das candidaturas, é que a decisão tenha efeitos bem mais cedo.
Antes mesmo que o TSE analise o caso. “Estou entrando hoje com um pedido para
que sejam anulados os votos daqueles candidatos que tiveram o registro
cancelado dessa coligação. Dessa forma, aconteceria o mesmo que ocorreu com
aqueles que tiveram o registro indeferido e que, mesmo antes da decisão do TSE,
tiveram os votos anulados”, afirmou o advogado.
Ao todo, a União por Natal II lançou
57 candidatos a vereador, entre eles, os atuais vereadores Raniere Barbosa e
George Câmara, que foram justamente os reeleitos. Vober Júnior, do PPS,
ex-deputado; a ex-secretaria municipal de educação, Justina Iva, do PC do B;
Júnior Grafith e o curioso “Ninguém” (Adonis Nagib de Carvalho França), ambos
do PRB, além de não serem eleitos, também tiveram o registro cancelado. Esse
cancelamento, por sinal, é baseado na presença controversa do PT do B na
coligação. Afinal, o partido solicitou registro em duas coligações diferentes,
a Transformar Natal, que pertencia ao grupo “Natal Olha pra Frente”, de Rogério
Marinho, do PSDB, e nessa União por Natal II, que apoiou Carlos Eduardo Alves,
do PDT.
Inesperadamente, inclusive, esse
registro duplo foi deferido na primeira instância e a Transformar Natal
precisou entrar com um recurso no TRE para que o PT do B deixasse a União por
Natal II. E conseguiu. O pedido de cancelamento da participação do partido foi
aceito. “Contudo, quando há o cancelamento de um ato como esse, se cancela toda
a coligação e o registro de todos os candidatos. Foi isso que pedimos depois ao
TRE e foi isso que foi acatado pelo Tribunal”, explicou André Castro. No
entanto, a decisão que deveria ter sido acatada automaticamente resultando no
cancelamento do registro de todos os candidatos, acabou passando direto pela
Corte Potiguar para o TSE, junto ao recurso que foi interposto pela União por
Natal II. “Geralmente, quando há uma decisão como essa, eles colocam no sistema
a informação do indeferimento, mas naquele momento em que foi julgado, na fase
crítica do período eleitoral, quando o TRE tinha muitos processos para julgar e
pouco tempo para isso, a decisão acabou passando direto para o Tribunal
Superior sem que tivesse tempo para ser registrada. Agora, é isso que estamos
solicitando”, explicou o advogado, que no final da manhã de hoje solicitou ao
TRE que os votos fossem anulados até a decisão do TSE.
NOVOS CÁLCULOS E NOVOS ELEITOS
Com o cancelamento do registro de
candidatura de Raniere Barbosa e George Câmara e de todos os demais candidatos
da União por Natal II e a conseqüente anulação dos votos que eles conseguiram,
novos cálculos de coeficiente eleitoral podem ser feitos e tirar não só esses
dois da lista de eleitos para a Câmara Municipal. Marcos do PSOL, beneficiado
pela votação recorde da professora Amanda Gurgel, do PSTU, também sairia da
relação. O atual presidente da Câmara, Edivan Martins, do PV; o vereador Ney
Lopes Júnior, do DEM; e o ex-secretário municipal Cláudio Porpino, do PSB,
seriam os beneficiados e entrariam na lista dos eleitos.
Contudo, o advogado lembra que,
apesar da decisão já ter sido favorável no TRE e mesmo que a Corte Potiguar
acate também o pedido de anulação dos votos, o processo ainda precisa ser
apreciado pelo Tribunal Superior Eleitoral. “O processo ainda não transitou em
julgado, por isso, ainda não podemos realmente falar que esses candidatos
tiveram o registro cancelado e que a mudança vai mesmo ocorrer”, avaliou André
Castro. O TSE é esperado, também, pelo fato de que outros candidatos que
tiveram o registro indeferido (e não cancelado, como os da União por Natal II)
aguardam decisão de recursos enviados para a Corte Superior. O próprio Vober
Júnior é um exemplo. Caso o registro dele seja deferido, os votos ficam
automaticamente válidos e, novamente, o cálculo pode mudar. Isso, porém, vai
variar de caso a caso.
OPERAÇÃO IMPACTO
É importante ressaltar que além da possibilidade de mudança
proporcionada devido ao caso do PT do B, o nome dos vencedores nas eleições
deste ano pode alterar devido à decisão da Operação Impacto. Afinal, três dos
29 vereadores (Adão Eridan, do PR; Júlio Protásio, do PSB; e Aquino Neto, do
PV) foram condenados em primeira instância e, sendo mantida a decisão no
Tribunal de Justiça, eles perderiam o mandato.
Sobre esse caso, os desembargadores da Câmara Criminal do TJRN, reunidos
em sessão na manhã de hoje, indeferiram pedido de três dos envolvidos (Adão
Eridan, Aluízio Machado e Aquino Neto) que solicitavam um novo prazo para
incluir mais elementos à defesa. Caso fosse aceito, o processo seria novamente
adiado. A decisão dos magistrados manteve entendimento da relatora, juíza
convocada Tatiana Socoloski. Após divulgado o acórdão da decisão, o processo retornará
à magistrada, que proferirá o voto e o encaminhará ao revisor da matéria,
desembargador Virgílio Macedo. Finalizada essa fase, o processo seguirá para
decisão final da Câmara Criminal.
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