Sem ter anunciado o calendário de pagamento salarial de 
outubro, o Gabinete Civil do Estado convocou os líderes dos sindicatos que 
representam o funcional público estadual para mais uma reunião. O encontro está 
marcado para a próxima segunda-feira, às 17h, na Governadoria. A presença do 
governador Robinson Faria ainda não foi confirmada. A expectativa é de que seja 
apresentado um relatório da reunião realizada quarta-feira passada, liderada 
pelo chefe do Executivo Estadual com representantes dos demais Poderes, cujo 
intento era convencê-los a devolver “sobras dos duodécimos” ao Estado. Da 
reunião, porém,  nenhuma ação concreta sobre o corte de gastos ou pagamento dos 
servidores foi anunciada. Na sala de reuniões da Governadoria, a tensão e o 
constrangimento deram o tom em alguns momentos da reunião. 
O governador Robinson Faria apresentou aos presidentes e 
representantes dos demais Poderes e órgãos estaduais presentes à reunião, um 
estudo que detalha a frustração de receitas próprias acumulada pelo Estado, de 
aproximadamente R$ 242 milhões.. Além disso, ele “pediu” que os Poderes se 
sensibilizassem com a situação financeira e “devolvessem” R$ 398 milhões ao 
Executivo, conforme requerido numa carta do Fórum dos Servidores Públicos que 
lhe fora entregue dias antes. O valor dos repasses supostamente feitos a maior 
pelo Estado aos Poderes foi o assunto central da reunião. Quando o relatório 
sobre o deficit estadual confeccionado pela Seplan passou a ser debatido à mesa 
de reunião, o clima esquentou na Governadoria. A portas fechadas, no encontro 
quarta-feira passada, o clima ficou tenso entre o presidente do Tribunal de 
Justiça do RN (TJRN), Cláudio Santos, e o titular da Secretaria de Estado do 
Planejamento e das Finanças (Seplan), Gustavo Nogueira. Três fontes da TRIBUNA 
DO NORTE que participaram da reunião detalharam momentos críticos do encontro. 
Cláudio Santos iniciou a fala dizendo que o Estado “orquestrava” na mídia uma 
ação popular contra o TJRN, por causa da reserva de R$ 500 milhões que dispõe. O 
governador, nesta parte da reunião, se defendeu dizendo que não tinha sido 
atitude dele, mas dos sindicatos dos servidores estaduais. 
Uma das fontes relatou que “foi um constrangimento 
generalizado” quando Cláudio Santos pediu para que o secretário Gustavo Nogueira 
apresentasse a planilha de gastos do Executivo. A partir dela, Cláudio Santos 
“mostraria” onde seria possível cortar despesas e que os cálculos do Governo do 
Estado estavam errados. O documento, porém, não foi aberto. Era por volta das 
18h e a reunião já durava mais de três, quando foi possível ouvir a voz de 
Cláudio Santos na sala de espera do salão de reuniões da Governadoria. Foi nessa 
hora que, segundo as fontes da reportagem, Gustavo Nogueira replicou 
argumentando que as colocações do presidente do TJ eram falaciosas. Foi aí que 
Cláudio Santos retrucou: “Me desminta. Me desminta agora”. Trêmulo, segundo 
relatos, Gustavo Nogueira emudeceu e não mais dirigiu a palavra ao 
desembargador.  Ao final da reunião, o governador Robinson Faria falou à 
imprensa e disse que o encontro tinha sido positivo e dali tinha nascido uma 
pactuação e a criação de uma Comissão para gerenciar a crise financeira e 
sugerir saídas para o imbróglio econômico-financeiro do Estado. Segundo ele, a 
Comissão formada por membros dos Poderes começaria a trabalhar na quinta-feira 
passada, o que não ocorreu. Tal Comissão não foi formada.
 

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