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O juiz Sérgio Moro decidiu nesta quinta-feira (26)
que a ação penal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva envolvendo o Sítio de Atibaia, no interior de São Paulo, deve
prosseguir em Curitiba.
Lula é acusado de receber o sítio e obras de
melhoria no imóvel como propina de empreiteiras por contratos na Petrobras. Ele
nega as acusações. Esta decisão é válida, segundo o juiz, até que seja
julgada a chamada exceção de incompetência impetrada pela defesa do
ex-presidente, há oito meses, na Justiça Federal do Paraná. A exceção de incompetência é usada pelos advogados
de Lula para questionar a competência de Moro para julgar o caso.
Segundo os defensores, não há elemento concreto que
possa indicar que recursos da Petrobras foram usados para o pagamento de
vantagem indevida a Lula e, por isso, eles acreditam que a ação penal não
deveria estar no âmbito da Operação Lava Jato.
Eles argumentam ainda que por questões territoriais
o caso deveria estar em São Paulo. Ainda não há decisão de Moro sobre o pedido da
defesa de Lula.
A decisão do STF
Após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), na
terça-feira (24), de retirar trechos de delações do ex-executivos da
Odebrecht dos processos que envolvem o ex-presidente, em
Curitiba, a defesa do ex-presidente pediu na quarta-feira (25) que os autos
também sejam encaminhados para a Justiça de São Paulo e voltou a mencionar o
pedido de exceção de incompetência.
O Ministério Público Federal (MPF) se manifestou sobre
a decisão do STF. Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato
argumentaram que enviar à Justiça de São Paulo os trechos das delações é
“ininteligível” e “superficial”.
Ainda assim, segundo eles, a decisão não gera
alterações nos fatos, e "deve a presente ação penal prosseguir em seus
regulares termos".
Nesta quinta-feira, Moro considerou que houve uma
precipitação das partes - defesa e acusação - em relação à decisão do STF.
"Entendo que há aqui
com todo o respeito uma precipitação das partes, pois, verificando o trâmite do
processo no Egrégio Supremo Tribunal Federal, o respeitável acórdão sequer foi
publicado, sendo necessária a medida para avaliar a extensão do julgado do
colegiado". A defesa do ex-presidente
afirmou que o juiz Sérgio Moro tem decisões incompatíveis à hierarquia
judiciária. "A rigor essas decisões
mostram que o juiz de primeiro grau pretende abrir um incidente processual para
decidir se o Supremo agiu corretamente, o que é incompatível com a hierarquia
judiciária", afirmou o advogado Cristiano Zanin.
Manifestação
das partes
Moro pediu que as partes
envolvidas no processo se manifestem sobre o pedido de exceção de incompetência
para então decidir se pode ou não julgar o processo do sítio de Atibaia. " (...) Não tendo a
exceção sido julgada, o mais apropriado é nela reabrir, à luz da r. decisão da
maioria da Colenda Segunda Turma do Egrégio Supremo Tribunal Federal, o prazo
para manifestação das partes e, após, decidir acerca dos possíveis reflexos na
competência para a presente ação penal", diz trecho do despacho de Moro. Ainda conforme o magistrado,
como a exceção de incompetência não tem efeito suspensivo, a ação penal deve
prosseguir, sem prejuízo do aproveitamento dos atos instrutórios caso ocorra
posterior declinação, ou seja, ele deixe de conduzir o processo.
A
acusação
Lula responde por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro nesta ação. Segundo a denúncia do Ministério
Público Federal (MPF), o ex-presidente foi beneficiado por obras no sítio,
realizadas com parte de um pagamento indevido de pelo menos R$ 128 milhões pela
Odebrecht e de outros R$ 27 milhões por parte da OAS.
O ex-presidente nega as
acusações da força-tarefa da Lava Jato e diz que não é proprietário do sítio. O processo está na fase de
oitiva de testemunhas. As de acusação já prestaram depoimentos, e as oitivas
das testemunhas de defesa serão entre 7 de maio e 29 de junho. Depois, os réus serão
interrogados e abre-se o prazo para as alegações finais. Após estas etapas, o
processo fica apto para uma sentença.
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