
O setor público consolidado –
que engloba governo federal, estados, municípios e estatais – registrou o maior
superávit primário para meses de janeiro em 19 anos. Segundo dados
divulgados hoje (28) pelo Banco Central (BC), as contas de todos os
entes do governo ficaram positivas em R$ 56,276 bilhões, o maior resultado
desde o início da série histórica, em 2002. O superávit primário
representa o quanto o governo consegue economizar desconsiderando o pagamento
dos juros da dívida pública. Tradicionalmente, janeiro registra superávit por
causa da baixa execução dos Orçamentos federal e locais, que ainda estão no
começo do exercício fiscal. No entanto, o resultado deste ano foi 20% maior que
o superávit de R$ 46,897 bilhões registrado em janeiro do ano passado.
No mês passado, o governo
federal teve superávit primário de R$ 45,469 bilhões. Os estados e municípios
apresentaram resultado positivo de R$ 10,143 bilhões; as empresas estatais
registraram superávit primário de R$ 664 milhões. Ontem (27), o Tesouro
Nacional, que usa uma metodologia diferente do Banco Central, tinha divulgado
que o superávit do Governo Central, que considera Tesouro Nacional, Previdência
Social e Banco Central, tinha encerrado janeiro com recorde . O resultado, explicou o Tesouro, deve-se
tanto à melhora da arrecadação no primeiro mês do ano como à queda nos gastos
decorrente do início da execução do Orçamento.
Meta fiscal
Mesmo com o resultado de
janeiro, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estima que o setor público
consolidado encerre 2020 com déficit primário (receitas maiores que despesas
desconsiderando os juros) de R$ 118,9 bilhões. Na semana passada, o governo
informou que vai propor uma emenda à LDO para zerar a meta de superávit para
estados e municípios, elevando a meta de déficit para R$ 127,9 bilhões.
O setor público encerrou 2019
com déficit primário de R$ 61,87 bilhões, o equivalente a 0,85% do Produto
Interno Bruto (PIB). Esse foi o sexto ano seguido de contas negativas, porém o
déficit atingiu o nível mais baixo desde 2014. Em todo ano de 2019, as contas
do setor público tiveram um déficit primário de R$ 61,87 bilhões, ou 0,85% do
Produto Interno Bruto (PIB). Foi o sexto seguido com as contas no vermelho, mas
também foi o melhor resultado desde 2014, ou seja, em cinco anos.
Resultado nominal
Ao se incluírem as despesas
com os juros da dívida pública, o resultado nominal somou superávit de R$ 19,12
bilhões em janeiro. No entanto, ao considerar os 12 meses terminados em
janeiro, o déficit nominal ficou em R$ 436,077 bilhões, equivalente a 5,98% do
PIB. O resultado nominal em 12 meses é o principal indicador para comparações
internacionais e revela a capacidade de o governo controlar o crescimento da
dívida pública. Os gastos com juros nominais
totalizaram R$ 37,155 bilhões no mês passado e R$ 383,584 bilhões em 12 meses
até janeiro de 2020 (5,26% do PIB).
Dívida bruta
Por causa do déficit nominal
acumulado em 12 meses, a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), outro indicador
usado nas comparações internacionais, subiu em janeiro. Segundo o Banco
Central, a DBGG passou de 75,8% do PIB em dezembro para 76,1% do PIB (R$ 5,55
trilhões) em janeiro. A dívida bruta considera tudo o que o setor público deve,
sem descontar ativos como reservas internacionais e tudo aquilo o que o governo
tem a receber. De acordo com a Secretaria do
Tesouro Nacional, a dívida bruta do Brasil está alta na comparação com outros
países emergentes, cujos governos têm endividamento em torno de 50% do PIB.
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