Reunião de coordenação da operação de Garantia de Lei e Ordem (GLO), que está em vigor em Pernambuco desde o meio-dia de quinta (15). (Foto: Vitor Tavares / G1)
Nesta sexta-feira (16), 18 membros do governo de Pernambuco, da prefeitura do Recife e das forças armadas nacionais participaram da reunião de coordenação da operação de Garantia de Lei e Ordem (GLO), que está em vigor em Pernambuco desde o meio-dia de quinta (15). Os militares tomaram as ruas de várias cidades do estado para garantir a segurança da população, devido à greve da Polícia Militar. Mesmo com o fim da paralisação, na noite de quinta, a operação deve continuar em vigor até 29 de maio, ou até o governador de Pernambuco, João Lyra Neto, comunicar ao governo federal que a situação está normalizada.
De acordo com o general Jesus Corrêa, comandante da operação e da 7ª Região Militar, cerca de 2 mil militares seguiam nas ruas de Pernambuco, nesta sexta-feira, sendo 1,4 mil no Grande Recife. Entretanto, o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, assegurou que todo o policiamento já voltou ao normal no estado. "Desde ontem, ao fim da greve, acompanhamos o retorno do efetivo. Isso aconteceu gradativamente. Às 23h, voltamos à normalidade. Na troca de turno nesta manhã, todo o policiamento estava normalizado em todo o estado", confirmou o secretário. A previsão é de que as tropas militares saiam gradativamente das ruas.Desde o início da operação, foram deslocados militares de quartéis do Grande Recife para cuidar da seguranca da capital. No interior, foram deslocados homens de Belo Jardim, Garanhuns e Petrolina. "O que nós estabelecemos hoje é que vamos trabalhar juntos para manter os níveis de segurança no estado", disse o general
Participaram da reunião o general Jesus Corrêa, comandante da operação; general De Souza, comandante das tropas; general Eudes Lima da Silva, do Comando Militar do NE; o superintendente da PRF, Marcello Cordeiro; superintendente da Agência Brasileira de Inteligência em PE, Edilmar Costa de Melo; secretário da Casa Civil, Luciano Vasquez; secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho; secretário de Defesa Civil, Carlos Alberto Filho; capitão dos portos de Pernambuco, Luiz Dias; chefe do segundo Comando Aéreo, coronel Gustavo Kruger; comandante da PM, coronel José Carlos Pereira; comandante dos Bombeiros, coronel Carlos Eduardo Casa Nova; chefe da Polícia Civil, delegado Osvaldo Morais; secretário-executivo de Defesa Civil do Recife, Adalberto Ferreira; comandante da Guarda Municipal do Recife, inspetor Marcilio Sobral; presidente da CTTU, Taciana Ferreira; e o gerente de segurança do aeroporto do Recife, Carlos Eduardo Freitas.
Posição dos grevistas
Nesta sexta, as lideranças da comissão independente dos PMs que organizou a paralisação voltaram a afirmar que as conquistas conseguidas pela categoria foram importantes. "Por causa de uma lei, não pudemos lutar mais sobre o aumento de nosso salário, mas conseguimos vitórias", afirmou o soldado Joel Maurino, um dos líderes do movimento. A partir da segunda-feira (19), uma comissão irá acompanhar a votação do plano de promoções dos praças na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).
Fim do movimento
A comissão independente de policiais e bombeiros militares decidiu encerrar a greve da Polícia Militar, na noite da quinta, em assembleia no Centro do Recife. A reunião foi tumultuada e os líderes do movimento chegaram a ser vaiados por quem queria continuar com a paralisação. Três itens foram acordados com o governo: a reestruturação do Hospital da PM, implantação da gratificação por risco de vida no salário-base e a aprovação, até julho, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), de promoções para os praças. A categoria, que iniciou o movimento na noite de terça (13), também cobrava aumento de 30% a 50%, dependendo da patente. No entanto, recuou da exigência. Após a paralisação ter sido decretada ilegal pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o secretário da Casa Civil, Luciano Vasquez, afirmou que o canal de diálogo e negociação com os PMs havia sido encerrado.
Prejuízo dos comerciantes
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Recife não tem uma estimativa de quanto foi o prejuízo do comércio nos dois dias de greve da PM. “Como os lojistas não dizem o quanto faturam, não temos como calcular o total, mas foi um prejuízo muito grande. É uma cidade que recebe muita gente de municípios vizinhos e deixou de receber por dois dias”, afirmou o presidente da CDL Recife, Eduardo Catão. Segundo ele, nesta sexta ainda há a ressaca da população e por isso poucas pessoas saíram às ruas. “A expectativa é que mais gente saia de casa durante a tarde, porque vai ganhando confiança de que está tudo bem de novo”, explica.
Na Laser Eletro do bairro da Encruzilhada, no Recife, diversos produtos foram roubados. - (Foto: Vitor Tavares/G1)
Em Abreu e Lima, nem a CDL nem o Sindicato das Empresas no Comércio e Serviços do Eixo Norte (Sindinorte) conseguiram calcular, exatamente, de quanto foi o prejuízo causado pelas depredações no comércio da cidade. Inicialmente, a CDL de Abreu e Lima trabalhava com a quantia de R$ 1 bilhão de prejuízo, mas de acordo com o presidente Evandro Alves de Lima, o número se referia a uma previsão feita caso a greve durasse cinco dias e todo o eixo norte do estado fosse afetado por depredações. “Essa expectativa seria dos cinco dias em todo o eixo norte, que incluem Abreu e Lima, Igarassu, Olinda, Paulista, Itamaracá e Itapissuma. Nós da CDL e do Sindinorte fizemos um cálculo acreditando que a greve ia durar cinco dias, somando o dinheiro dos produtos saqueados e o que as lojas deixariam de ganhar sem as vendas”, disse Evandro Alves.

Saques e depredações
Durante toda a quinta-feira, saques, depredações e outros crimes foram registrados em cidades do Grande Recife e no interior do estado. O comércio fechou as portas em várias localidades e as aulas foram suspensas em universidades e escolas públicas e particulares. O clima de insegurança deixou ruas desertas e o trânsito livre nos principais corredores da capital pernambucana. Empresas e instituições públicas suspenderam o expediente mais cedo e liberaram funcionários. Em Paulista, Região Metropolitana, vândalos arrombaram e furtaram lojas no centro comercial da cidade na quinta. Policiais da Companhia de Operações e Sobrevivência em Área de Caatinga (Ciosac) encontraram eletrodomésticos escondidos em telhados e entre as bancas de uma feira e na área do comércio informal do município.
Foto: Jo Calazans/Esp. DP/D.A Press
Funcionários de uma empresa de segurança privada chegaram a efetuar disparos para o alto para retirar dinheiro de um caixa e levá-lo para um carro-forte. No Centro do Recife, um boato de arrastão fez parte do comércio fechar as portas. No bairro da Encruzilhada, Zona Norte da cidade, houve um arrastão por volta das 10h. Um grupo formado por cerca de 30 pessoas passou em direção ao Arruda, pela Avenida Beberibe. A agência dos Correios que fica no bairro fechou e clientes ficaram revoltados. A Prefeitura e a Câmara de Toritama, no Agreste do estado, foram depredadas e tiveram mobiliário queimado. Adolescentes suspeitos de participar dos atos de vandalismo foram apreendidos e levados à Delegacia de Santa Cruz do Capibaribe, na mesma região.