Trago agora a você, caro leitor, não o relato de uma notícia, mas o testemunho de uma amizade. Uma convivência que se tornou intensa pelas ondas do rádio, uma amizade surgida com naturalidade do comunicar com facilidade e simplicidade.
Há mais de oito anos estou apresentando o programa junto com Agnelo e Virgínia Coelli.
Quanto aprendizado em todo esse tempo! A fórmula do programa, distinto de todos os demais, foi dada pelo próprio Agnelo. O Panorama Político era a conversa do início de noite, um balanço das notícias com comentários, uma boa pitada de bom humor e o papo de amigos, Agnelo, Virgínia, eu e o ouvinte. Éramos “só nós”. Conversa animada, regada a política, mas também há muitas histórias, lembranças que Agnelo trazia a cada edição.
Foi um programa que fez seu perfil na prática e no jeito de cada um apresentar e falar aos microfones da rádio. Como esquecer dos comentários sobre o pastel de Tangará?
Recordo-me exatamente o último Panorama do qual Agnelo participou por completo: foi quando ele estava para se licenciar e ser candidato a deputado estadual, nesse último pleito (de 2014). Na verdade, devido a doença, Agnelo já não participava com tanta frequência. As sessões de quimioterapia, os tratamentos de saúde em São Paulo interrompiam as participações dele no nosso programa.
Depois da campanha, Agnelo já não mais voltou. O ouvinte (nós!) fomos privados da voz dele no rádio, das lições, do aprendizado. Da informação de bastidores, da análise apurada de quem fazia notícia e era notícia.
Nos últimos meses, Agnelo já não mais participava, mas era comum eu e Virgínia fazermos uma convocação a ele.
Bem sabíamos que estava doente, mas aquela “convocação”: “Agnelo vem para o programa!” Aquela frase me soava como oração. Era o pedido “volta amigo!”. Era uma maneira de manter o programa vivo e com Agnelo em nosso meio.
De fato ele não mais voltou (e, infelizmente, não mais voltará!).
A saudade já invade o meu coração e as lágrimas insistem em cair. Eu sempre o tratava como “Agnelo Alves”, dando uma ênfase ao “Agnelo”, era uma maneira muito própria de o chamar. Aliás, como próprio foram todos os jeitos e trejeitos do nosso Panorama Político, que nunca, nunca, nunca mais será o mesmo.
É chegada a despedida! Nunca fui afeita a despedidas e quis Deus que do meu amigo eu também não me despedisse.
Estou fora do país, não poderei participar das despedidas, vou ficar com a lembrança do som das ondas do rádio. Estarei na minha memória com o cenário da última entrevista que ele me concedeu (aí na posição de jornalista e entrevistado), em uma quinta-feira do mês de novembro passado. Fico com a fotografia do amigo que, mesmo doente, sempre estava no Parlamento estadual, desempenhando sua função. Eu no espaço dos jornalistas, ele no plenário, mas sempre com um aceno de longe.
Hoje foi a partida, o momento da despedida. As lembranças permanecerão para sempre, as lições estarão vivas e a gratidão ao meu amigo Agnelo é do passado, do presente e estará também na minha história futura. Que Deus o receba no lugar reservado as pessoas muito especiais!
Distante hoje estou, mas o coração com os laços mais nobres do sentimento de amizade me aproximam de todos aqueles que tiveram a honra e a felicidade de conviver com Agnelo Alves e hoje já sentem sua saudade!
Anna Ruth Dantas