Maria Celeste, de 26 anos, presa por
contratar criminosos para executar o irmão durante um suposto assalto a
uma padaria, em João Pessoa, planejou a morte da vítima por R$ 13 mil
para ficar com o patrimônio da família avaliado em R$ 1 milhão. O
estudante de Veterinária da UFPB Marcos Antônio Filho, de 28 anos, foi
morto em junho deste ano por ter descoberto vendas de bens da família de
forma ilegal e transações criminosas de Maria Celeste.
A conclusão é da
Polícia Civil da Paraíba e foi divulgada durante entrevista coletiva
nesta terça-feira (28), um dia depois de seis pessoas terem sido presas,
suspeitas na trama. Um sétimo suspeito foi preso nesta terça (28).
Investigações
De acordo com investigações da Polícia
Civil, comandadas pelos delegados Aldrovilli Grisi e Júlia Valesca, há
dois anos, o pai de Maria Celeste morreu e ela começou a comandar os
negócios da família, que incluem a padaria no Jardim Luna, que foi o
local do crime. Durante esse período, a jovem cuidava da mãe que ficou
depressiva devido à perda do marido, e Celeste se mostrava uma pessoa
amorosa. Porém, segundo a polícia, ela sempre mantinha a mãe dopada com
antidepressivos e com isso começou a se desfazer dos bens da família.
Conforme
divulgado em coletiva pela polícia, foram vendidos um carro e uma casa
avaliados em mais de R$ 400 mil. Segundo a Polícia Civil, Marcos Antônio
descobriu no escritório da irmã uma procuração falsa com o nome dele
para venda de um veículo. Além disso, o estudante teria encontrado no
WhatsApp da irmã uma conversa dela tramando um assalto a um dos
compradores dos bens.
A polícia concluiu que, após a
descoberta, Marcos Antônio começou a pressioná-la pelo dinheiro da venda
dos bens. Os delegados informaram que a jovem tentou despistar o irmão,
mas sem sucesso. Maria Celeste então teria decretado a morte do irmão.
Conforme a Polícia Civil, foi pouco mais de um mês para a contratação do
pessoal, planejamento e execução. Pelo assassinato, os executores
receberiam R$ 13 mil, mas o dinheiro não foi pago.
Sigilo telefônico
A Delegacia de Homicídios de João Pessoa
chegou até a suspeita depois da quebra de sigilo telefônico da vítima,
autorizado pela Justiça. Inicialmente, o crime começou a ser investigado
pela Delegacia de Roubos e Furtos depois da suspeita de que o caso
poderia se tratar de um latrocínio (roubo seguido de morte).
Com a quebra do sigilo do celular de
Marcos Antônio, houve uma mudança no rumo das investigações e o caso
passou a ser comandado pela Delegacia de Homicídios. Segundo o delegado
Aldrovilli Grisi, a polícia encontrou no celular da vítima várias
ligações e conversas entre Marcos e Celeste, nas quais ele a questionava
sobre a venda do patrimônio e a forma das transações. O sigilo
telefônico da suspeita foi quebrado e a Polícia Civil descobriu o
planejamento do crime.
Crime
No dia 4 de junho deste ano, segundo a
Polícia Civil, Maria Celeste atraiu o irmão até a padaria da família sob
o pretexto de que o dinheiro da venda dos bens seria repassado para
ele. Ela repassou a localização da padaria pelo WhastApp e a foto da
vítima para os executores. De posse das informações, a dupla foi até o
estabelecimento e praticou o crime. Marcos Antônio não reagiu ao suposto
assalto, se ajoelhou e foi atingido com um tiro à queima roupa. Alguns
objetos pessoais da vítima foram levados para despistar as
investigações.
De acordo com a polícia, Celeste teria
tirado o dinheiro do caixa da padaria e saído do local, alegando que
iria comprar farinha de trigo. Nesse momento, os suspeitos agiram.
Vida de luxo
Segundo levantamento da Polícia Civil,
Maria Celeste é homossexual e teria um relacionamento amoroso com duas
jovens, que trabalhavam para ela na padaria. Com o dinheiro da venda dos
bens, a suspeita alugou uma casa no valor de R$ 2,5 mil onde promovia
festas. Além disso, a jovem arcava com as despesas das namoradas, fazia
viagens e mantinha uma vida de luxo.
Alvo dos executores seria ‘desconhecido’
Durante entrevista coletiva da Polícia
Civil, em João Pessoa, as pessoas contratadas para matar Marcos Antônio
revelaram que não conheciam o alvo e que praticaram o crime porque Maria
Celeste disse que era um homem que estaria cobrando uma dívida a ela.
Eles falaram que a suspeita de planejar o crime não revelou que a vítima
era o próprio irmão. O grupo disse que, caso soubesse o grau de
parentesco, não teria matado o jovem, mas a mandante.
Pagamento aos executores
Segundo a polícia, pela morte de Marcos
Antônio, Maria Celeste revelou que pagaria R$ 13 mil. O valor combinado
não foi pago e ela tentou repassar outra quantia menor que o preço
combinado, mas o novo valor não foi aceito e ela começou a ser cobrada.
Para a quitação da dívida, Celeste tentou retirar a moto do irmão
apreendida pela polícia que seria vendida. Ao tentar retirar o veículo
da Central de Polícia Civil em João Pessoa, ela foi presa e denunciada
pelos comparsas.
Ainda conforme o delegado Aldrovili
Grisi, Maria Celeste não tinha passagem pela polícia e permaneceu em
silêncio durante todo o interrogatório.