Não foi um ano fácil. Natal sofreu. Ruas
esburacadas, sujas, escuras. Alunos sem fardamento, sem merenda, sem aulas.
Unidades de saúde sem remédios, sem médicos, sem condições de funcionamento.
Prefeitura sem planejamento, sem dinheiro, sem prefeito. Definitivamente, os
natalenses não sentirão saudades dos últimos 365 dias.
Quando 2012 começou, alguns sugeriram que a então prefeita Micarla
de Sousa renunciasse ao mandato. Além de fugir do desgaste já monumental, daria
chances ao substituto da época de fazer algo pela cidade. A líder do PV não
aceitou. Mal sabia o tamanho do erro que estava cometendo.
A campanha municipal em Natal foi um verdadeiro achincalhe para a
administração da borboleta, que viu seu maior adversário vencer a disputa.
Carlos Eduardo Alves voltou a Prefeitura nos braços do povo, aqueles mesmos que
fizeram Micarla derrotar até o presidente Lula da Silva em 2008.
Mas, o pior ainda estava por vir. Pouco depois de encerrada a
disputa eleitoral, a então prefeita é afastada do cargo por determinação da
Justiça e o Ministério Público diz que o afastamento foi para substituir o
pedido de prisão. A gestora estava envolvida em uma série de denúncias de uso
de recursos públicos para benefício pessoal. Segundo os promotores, até a
escola dos filhos da ex-prefeita eram pagos pelo cidadão comum.
Paulinho Freire assumiu o que seria o início de um desfecho
desastroso para a administração micarlista. Ao perceber o total descontrole das
contas públicas, o vereador eleito cortou secretarias, diminuiu cargos
comissionados e implantou um forte sistema de economia para a cidade. Mas foi
insuficiente. O rombo financeiro era bem maior do que qualquer um poderia
imaginar.
Como tudo que já está ruim pode piorar, eis que a Justiça levanta
questionamentos caso Paulinho fique na Prefeitura após ser diplomado vereador.
Para não perder o futuro mandato, o vice renuncia e o poder, também rejeitado
por Edivan Martins, ex-presidente da Câmara, cai nas mãos do jovem vereador Ney
Lopes Júnior.
Com Ney, todas as decisões tomadas com Paulinho foram ampliadas. A
ordem era economia total para tentar pagar o máximo possível das dívidas.
Enquanto isso, a população viu a cidade se transformar em um verdadeiro lixão a
céu aberto. O caos na limpeza pública, aliada a suspensão das aulas e a
calamidade na saúde, virou notícia nacional. Aliás, nunca Natal foi motivo para
tantas matérias nacionais como em 2012.
Mas apesar do seu protagonismo, o ano não foi marcado apenas pelas
ações desastrosas da administração Micarla de Sousa. Esta também foi a última
temporada de dois importantes veículos de comunicação do estado. O RN sentirá
saudades para sempre da edição impressa do Diário de Natal e da agilidade do
portal Nominuto.
Por outro lado, a imprensa potiguar foi brindada com os 15 anos
deste bravo vespertino. E o JH, em vez de ser presenteado, deu um presente aos
seus leitores e colaboradores com a presença do maior publicitário da história
do país. Washington Olivetto mostrou que criatividade e ousadia são
fundamentais para o sucesso.
Aliás, sucesso ainda procurado pela governadora Rosalba Ciarlini.
Vitoriosa na campanha mossoroense, onde mantêm aliados desde que governou a
cidade, a democrata convive com constantes críticas dos adversários. Saúde e
segurança nunca viveram fase tão ruim no RN e médicos já chegam a oito meses de
greve.
Mas, a Rosa parece guardar uma carta na manga. Neste final de
2012, conseguiu aprovar quase R$ 1,8 bilhão em empréstimos junto ao Banco
Mundial, Banco Interamericano, Banco do Brasil e BNDES. É dinheiro demais para
um RN que aprendeu a conviver com tão pouco. Isso sem contar o recorde de
arrecadação potiguar, R$ 8,3 bilhões segundo dados do Portal da Transparência.
Não será por falta de recursos que a Rosa deixará de “dar a volta por cima”,
como tem prometido. Mas, por enquanto, ainda falta ação, atitude e iniciativa
para fazer o RN acontecer.
Importante enfatizar que não foi só a classe política que
enfrentou denúncias em 2012. Agora, corrupção também é realidade onde a
população menos esperava. O escândalo dos precatórios colocou entre os acusados
dois desembargadores do RN. Oswaldo Cruz e Rafael Godeiro fizeram o Tribunal de
Justiça inverter a ordem natural das coisas, e os juízes também passaram a ser
investigados.
Por falar em corrupção fora da
política, o Ministério Público também não passou incólume. Flagrado em vídeo
com imagem e som perfeitos, o promotor de Parnamirim, José Fontes de Andrade,
foi preso sob ordem do próprio órgão que representava, após pedir propina de R$
12 mil para liberar uma obra na cidade vizinha a capital potiguar. O ano
termina com todos os acusados em liberdade.
Liberdade ainda usufruída pelos membros da “quadrilha” do mensalão. José
Dirceu, José Genoíno, João Paulo Cunha e Delúbio Soares, que antes faziam parte
da alta cúpula do PT, deixarão a vida pública para passar alguns anos na
cadeia. Assim como o tal Marcos Valério, aquele que só tinha valor para os condenados
na época em que financiava o grupo no Palácio do Planalto.
Em tempo, partiu de Marcos Valério a revelação mais bombástica de
2012. O carequinha saiu do silêncio e em um novo depoimento a Polícia disse que
até as contas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva eram quitadas com
verba oriunda do mesmo caixa que financiava o mensalão.
E por falar no Lula, quem diria?
O aclamado filho do Brasil teve seu nome envolvido em mais um escândalo, mesmo
dois anos depois de deixar o poder. Rosemary Noronha, indicada pelo petista-mor
para a chefia do escritório da Presidência em São Paulo, usava o cargo para
facilitar ações nada republicanas no governo, além de influenciar indicações e
acomodar aliados em importantes cargos.
Isso sem falar nas dezenas de viagens oficiais que Rose, como é mais conhecida,
participou ao lado de Lula, todas elas sem a presença da ex-primeira dama
Marisa da Silva. Escândalo para Kate Winslet nenhuma botar defeito, sorte que
não estamos nos Estados Unidos. Que o leitor tire sua própria conclusão.
Mas, se parte do PT vive sob constante denúncia, por outro,
continua em mar de brigadeiro a gestão da presidente Dilma Rousseff, que bate
seguidos recordes de aprovação popular. Mesmo que a previsão do crescimento do
PIB para este ano tenha sido totalmente ridicularizada. Pois é, a badalada
quinta economia do mundo não vai aumentar sequer 1% sua riqueza em 2012.
Por fim, alguns coadjuvantes da política deste ano que se encerra
também merecem seu destaque. A professora Amanda Gurgel chega a Câmara
Municipal respaldada pela sua histórica votação. Alçada a estrela do PSTU,
talvez em todo o país, Amanda será uma pedra permanente no sapato do prefeito
Carlos Eduardo Alves.
Já o deputado Fernando Mineiro, pelo desempenho brilhante e, até
certo ponto, surpreendente, é outro que termina 2012 bem na fita.
Flagrantemente prejudicado pelas pesquisas eleitorais, ficará para sempre com a
sensação que o resultado das eleições natalenses deste ano poderia ter sido bem
diferente.
ÚLTIMA
Enfim, 2012 acabou. Agora, é torcer por dias bem melhores no ano
que se inicia amanhã. Neste tempo de renovação, é sempre bom olhar para trás,
refletir com os erros cometidos e tentar corrigir os rumos para o futuro. Que
venha um período recheado de conquistas, saúde e muita paz. Aos leitores deste
canto de página, um FELIZ ANO NOVO! Até 2013.