Foto do menino Caio, morto após ser baleado em tiroteio (Foto: Reprodução/ Facebook)
Uma criança e um policial militar morreram durante um tiroteio iniciado dentro do fórum de Bangu, na Zona Oeste do Rio, no fim da tarde desta quinta-feira (31), após uma tentativa frustrada de libertar dois criminosos que prestavam depoimento no local. Outro PM e uma mulher foram baleados e estão internados no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o morto é um menino de 8 anos, identificado como Caio, que jogava futebol na escolinha do Bangu e vestia o uniforme do clube quando foi atingido por um disparo. O PM que morreu foi identificado apenas como sargento Oliveira. A Divisão de Homicídios vai investigar as mortes. Segundo a sala de polícia do Hospital Albert Schweitzer, a mulher ferida é uma idosa, foi baleada no abdômen dentro de um ônibus, passa bem e tem quadro de saúde estável. Segundo o porta-voz da PM, Cláudio Costa, o policial ferido passava por cirurgia para retirada de bala na cabeça por volta das 20h30 e seu estado de saúde é gravíssimo.
Menino 'educado'
De acordo com testemunhas, o menino havia acabado de sair do treino quando ocorreu o tiroteio. O técnico do time dele, Luis Manoel Ávila, foi ao local e passou mal. O atleta Guilherme Pinajé treina no clube e falou sobre Caio: “Era um menino educado e que chegava cedo para treinar". Pelo menos quatro criminosos queriam libertar Alexandre Bandeira de Melo, o “Piolho”, de 40 anos, apontado como chefe do tráfico do Morro do Dezoito, e Vanderlan Ramos da Silva, o "Chocolate", 30 anos, também líder do tráfico, de favelas de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Piolho foi preso em 2012 em Jacarepaguá, na Zona Oeste. Segundo a polícia, havia seis mandados de prisão pelos crimes de homicídio, tráfico, associação para o tráfico, roubo e formação de quadrilha.
Polícia e Corpo de Bombeiros isolaram área - (Foto: Jadson Marques/ Parceiro/ Ag. O Globo) Beltrame pede transferência
Segundo a Secretaria Estado de Segurança, o secretário José Mariano Beltrame solicitou a transferência dos dois para presídios federais, "considerando a audácia e as consequências que a ação provocou".O juiz responsável pela comarca da 1ª Vara Criminal de Bangu, Alexandre Abrahão Dias, disse que a audiência na qual "Piolho" era testemunha havia muitos policiais, que não são obrigados a tirarem suas armas durante os depoimentos. Ao chegarem atirando para libertar o criminoso, eles foram surpreendidos e fugiram. Muitos tiros foram disparados durante a fuga dos bandidos, que não foram localizados até as 20h30. A polícia reforçou o patrulhamento por tempo indeterminado e faz varreduras na áera para tentar achar os criminosos.
Interior do Fórum ficou com marcas de sangue - (Foto: Kathia Mello)
Mulher que ficou ferida estava dentro de um ônibus, que ficou com janelas estilhaçadas (Foto: Gabriel Barreira / G1)
Uma testemunha que não quis se identificar disse que estava no sinal, na esquina da Rua 12 de Fevereiro, onde fica o fórum. "Eu era o primeiro carro quando vi quatro homens fechando a rua com fuzis e pistolas. Eles falavam para as pessoas ficarem tranquilas. Aí avistaram a viatura no trânsito e começaram atirar. Na porta do fórum, tinha mais uns oito a dez homens todos de preto. Só um estava com o rosto descoberto. Eu me abaixei junto com a minha cunhada no carro e fiquei esperando eles pararem de atirar. Meu carro recebeu muito tiro e está todo estourado", contou.
Tiroteio fechou o cruzamento em Bangu (Reprodução / GloboNews)
De acordo com a PM, os criminosos estavam fortemente armados com fuzis, divididos em pelo menos dois carros. O comércio foi fechado após o tiroteio. O 14º BPM afirmou que não foi informado pelo TJ de que haveria o depoimento desse traficante, por isso o policiamento não foi reforçado. Até as 18h30, a assessoria do TJ-RJ não havia se pronunciado sobre a segurança do fórum. O cruzamento das ruas Francisco Real e Silva Cardoso estava interditado por volta das 19h30, de acordo com o Centro de Operações da Prefeitura.