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Fátima Bezerra (PT) é empossada governadora do Rio Grande do Norte — Foto: Ney Douglas
A nova governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), tomou
posse do cargo na tarde desta terça-feira (1º) para seu primeiro mandato no
Poder Executivo do estado. A cerimônia aconteceu na Escola de Governo, no
Centro Administrativo, Zona Sul de Natal. O vice-governador Antenor Roberto
(PCdoB) também foi empossado. Marcada para as 15 h, a solenidade de posse teve início com atraso de
cerca de 45 minutos. A cerimônia foi aberta pelo presidente da Assembleia
Legislativa, Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB). Após a mesa ser formada por
autoridades, a nova governadora e o vice-governador, Fátima Bezerra e Antenor
Roberto fizeram o seguinte juramento: “Prometo manter, defender e cumprir as
Constituições da República e do Estado, observar as leis, promover o bem geral
do povo e exercer o cargo com lealdade e honra".

Em seguida, a governadora e o vice foram declarados empossados e
assinaram o termo de posse. "A generosidade e o desejo de mudança expressos pela população do Rio
Grande do Norte nos trouxe até aqui hoje. Assumo, sem dúvida nenhuma, a tarefa
mais desafiadora da minha vida política: ser governadora do estado do Rio
Grande do Norte. Um estado que me acolheu desde a minha juventude, e para o
qual dediquei uma vida de trabalho como professora, deputada estadual, deputada
federal e senadora", afirmou a governadora eleita. Após a posse, a nova governadora vai encontrar o governador Robinson
Faria (PSD) na Governadoria do Estado, também no Centro Administrativo, onde é feito
o ato de transmissão do cargo. Os secretários de estado já anunciados por Fátima Bezerra serão
empossados dos seus cargos na tarde desta quarta-feira (2) também na Escola de
Governo.
Trajetória política
Maria de Fátima Bezerra tem 63 anos. É professora, pedagoga e ocupou, até
2018, o cargo de senadora da República pelo Rio Grande do Norte. Ela nasceu em
19 de maio de 1955 em Nova Palmeira, na Paraíba, mas mora no Rio Grande do
Norte desde a adolescência. Se filiou ao PT em 1981 e entrou na carreira política-eleitoral
após atuação no Sindicato dos Professores do estado.
Antes de chegar ao Senado em 2014, Fátima foi eleita deputada estadual
duas vezes consecutivas, nas eleições de 1994 e 1998. Em 2002, disputou pela
primeira vez um cargo na Câmara Federal. Ganhou e foi eleita outras duas vezes,
em 2006 e 2010, sempre pelo Rio Grande do Norte. Entre as candidaturas
vitoriosas no Legislativo, disputou a Prefeitura de Natal nos anos de 1996,
2000, 2004 e 2008, mas perdeu nas quatro ocasiões. Em 2014, com 808.055 votos potiguares (54,84% dos válidos), Fátima foi
eleita senadora. Ela poderia permanecer no cargo até 2022, mas decidiu se
candidatar ao governo do estado. Eleita, a professora assume pela primeira vez
um cargo do Poder Executivo - a única governadora eleita no país em 2018.

Mais votada da história
Fátima Bezerra (PT) bateu o recorde de votos recebidos por um candidato
que concorreu ao governo do Rio Grande do Norte. Com 100% das urnas apuradas,
segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ela angariou 1.022.910 votos. É a
primeira vez que um governador ultrapassa a barreira de um milhão de votos no
estado. No primeiro turno, Fátima recebeu 748.150 votos. O recorde anterior pertencia ao atual governador Robinson Faria (PSD).
Em
2014, ele foi eleito com 877.268 votos, derrotando o ex-deputado federal e
ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (MDB) em segundo turno. Robinson
disputou a reeleição em 7 de outubro deste ano, mas não teve êxito. Fátima ainda superou o número de votos que conquistou em 2014, quando foi
eleita senadora pelo Rio Grande do Norte. Na ocasião, obteve 808.055 votos e
venceu a ex-governadora Wilma de Faria, que também concorria a uma cadeira no
Senado Federal.

Veja o discurso completo da governadora Fátima Bezerra:
Excelentíssimo Sr. Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio
Grande do Norte, Ezequiel Ferreira;
Excelentíssimo Sr. Vice-Governador, Antenor Roberto;
Demais autoridades presentes;
Meus amigos e minhas amigas,
A generosidade e o desejo de mudança expressos pela população do Rio
Grande do Norte nos trouxe até aqui hoje. Assumo, sem dúvida nenhuma, a tarefa
mais desafiadora da minha vida política: ser governadora do estado do Rio
Grande do Norte. Um estado que me acolheu desde a minha juventude, e para o
qual dediquei uma vida de trabalho como professora, deputada estadual, deputada
federal e senadora.
O sentimento de gratidão que quero externar para vocês hoje, tem a
dimensão da esperança que foi depositada nas urnas por mais de um milhão de
pessoas; da responsabilidade de quem sabe que foi eleita para fazer diferente;
do compromisso com aqueles e aquelas cujos direitos sempre foram negados; e da
humildade de quem sabe que não se pode governar sozinha.
Em um momento tão difícil da história do nosso Estado e do nosso País,
onde o desemprego, a escassez de serviços públicos de qualidade, o desrespeito
aos trabalhadores e a insegurança afetam grandemente as famílias, me foi
confiada a honrosa tarefa de governar o Rio Grande do Norte. De colocá-lo nos
trilhos do desenvolvimento, da justiça e da inclusão social. Sou a única mulher a tomar posse hoje como governadora. A única
governadora eleita em todo o país. Eleita pelo estado onde as mulheres primeiro
conquistaram o direito ao voto; que primeiro elegeu uma mulher ao cargo de
deputada estadual; e que teve a primeira prefeita eleita em toda a América
Latina.
Por isso, trago aqui a memória de Maria do Céu Fernandes, de Alzira
Soriano, de Clara Camarão, de Nísia Floresta, de Alta de Souza, de Celina
Guimarães e Dona Militana. De todas as mulheres potiguares e brasileiras que me
inspiram cotidianamente a seguir a luta. Vocês tomam posse hoje comigo. Fizemos uma linda campanha. Responsável, propositiva, que não brincou com
a esperança ou vendeu ilusões à população. Uma campanha marcada pela
participação popular, pelo pé no chão e pelo respeito aos nossos adversários e
ao povo. Debatemos ideias, confrontamos projetos, apresentamos propostas que
contaram com a aprovação da maioria do povo potiguar.
Agora, governadora eleita, vou governar para todos. Para os que votaram e
para os que não votaram em mim. Quero liderar um processo de diálogo que
envolva todos os setores representativos da sociedade. Quero construir
convergências em prol do nosso do nosso principal objetivo: melhorar a vida do
povo do Rio Grande do Norte. Queremos fazer do nosso governo um instrumento de transformação social.
Não um governo para o povo potiguar, mas um governo COM o povo. De mãos dadas
com todos para superar desafios e encontrar soluções capazes de fazer do nosso
estado um GRANDE Rio Grande do Norte. Sabemos que o legado que estamos recebendo é dramático. Basta falarmos da
crise fiscal. Estamos herdando uma dívida da ordem de R$ 2,6 bilhões; três
folhas de pagamento do funcionalismo público atrasadas; dívidas com
fornecedores que fornecem para áreas essenciais do governo. Uma das faces mais
cruéis dessa herança se expressa no completo desrespeito com os servidores
públicos.
É grave a realidade que vivem os servidores, que não só não recebem seus
salários em dia, como não dispõem sequer de um calendário de pagamento. Essa
situação, que se tornou rotineira, não pode ser por nós naturalizada. Nosso
foco, antes de mais nada, será organizar as contas para colocar em dia o
pagamento dos servidores. Isso exigirá de nós muito esforço fiscal, tanto para
conter o crescimento das despesas obrigatórias como para ampliar a arrecadação.
Nos empenharemos nisso.
Precisamos superar gradativamente a grave crise fiscal em que o RN se
encontra; regularizar o pagamento dos servidores públicos; aprimorar a política
de segurança pública e valorizar os seus profissionais, dando paz à população;
garantir segurança hídrica para todas as regiões do estado; qualificar os
serviços públicos, em especial nas áreas de educação, saúde e assistência
social; retomar a capacidade de investimento do nosso estado, para que possamos
impulsionar a geração de emprego e renda, e assim garantir cidadania e vida
digna. Entendemos que não é possível um estado com tantos potenciais de riquezas
naturais, como o petróleo, a fruticultura, o sal e os minérios, com um
gigantesco potencial para o turismo, não converter essas riquezas em cidadania
para o seu povo. Isso só se explica pela visão arcaica das gestões
oligárquicas, de perfil conservador, que tivemos até hoje.
Não, não faremos um governo olhando para o retrovisor. Ao nosso projeto
não serve recorrer à herança maldita. Mas temos a obrigação de sermos
cristalinos com a população a respeito do quadro atual do nosso estado. Tenham
certeza que começaremos a enfrentá-lo já no primeiro dia de governo, quando
iremos promover um encontro com diversas entidades representativas, para adotar
um conjunto de medidas que visam retomar o desenvolvimento econômico do nosso
Rio Grande do Norte. Não será fácil, já sabíamos. Mas, afinal, fácil nunca foi. Como a maioria
do povo potiguar, eu não nasci em berço de ouro, sempre lidei com as
dificuldades. Com a fome, a pobreza, a falta d’água, a dificuldade para
estudar. Sei o significado da luta e da construção de oportunidades.
Sei também a responsabilidade que me trouxe cada um dos mais de um milhão
de votos recebidos, carregados de esperança e do desejo de mudança que brotou
nos corações simples, corajosos e indignados da nossa sociedade. Me emociona
lembrar cada abraço e cada palavra de encorajamento que recebi durante a
campanha. Não queremos apenas inverter prioridades, queremos promover uma Educação
Democrática e Libertadora, uma Segurança Cidadã, uma Saúde Humanizada, a Participação
Popular e a Transparência como princípios norteadores das políticas.
Como guia, temos o nosso programa de governo que foi construído a muitas
mãos e amplamente debatido com o conjunto da sociedade. Nele não há soluções
mágicas ou promessas intangíveis, mas propostas que visam a construção de um
governo verdadeiramente popular, capaz de enfrentar os tempos difíceis que
vivemos. Com esse espírito compus o meu Secretariado, formado por lideranças
sérias e comprometidas das áreas econômica e sociais do governo, com o qual
trabalharei em equipe, sem personalismo, com ética e espírito público, pensando
exclusivamente no melhor para a população do Rio Grande do Norte.
Com esse espírito iremos também manter uma relação construtiva e fraterna
om os demais Poderes, respeitando sua independência e o exercício de suas
funções constitucionais. O Poder Legislativo, que neste ato empossa a mim e ao
meu vice, Antenor Roberto, é o mesmo que tive a honra de compor quando fui
parlamentar, e com o qual desejo contar para o debate e a viabilização das
mudanças que a sociedade espera de nós. Quero dizer a vocês que minha dedicação será integral, minha disposição
será absoluta e que meu compromisso é inegociável em fazer do Rio Grande do
Norte um Estado mais justo, que trate com dignidade o seu povo. Para isso fui
eleita. Para isso me elegeram a primeira governadora de origem popular do nosso
Estado.
A população disse que esse Estado não tem mais donos e que mesmo na
adversidade nós devemos ter esperança. A esperança que Paulo Freire nos
ensinou, do verbo esperançar. Não a esperança que espera, mas a que se levanta,
que vai atrás, que constrói, que não desiste. Esperançar é juntar-se com outros
para fazer de outro modo.
Esse é o pacto que quero fazer com vocês. Vamos sonhar e organizar o
sonho. Vamos governar para todos e para os que mais precisam. Vamos ter
esperança e coragem. Paciência e perseverança. Serenidade para lidar com os
desafios, sabedoria para governar e união para juntos trilharmos um outro
caminho. Vamos juntos!
Viva o povo do Rio Grande do Norte!