
A notícia sobre a instalação da fábrica da Shein no Rio Grande do Norte animou
o setor produtivo potiguar e o Poder Público, que vê na chegada uma forma de
ampliar a oferta de empregos e geração de renda no estado, tanto na Grande
Natal quanto no Seridó, onde estão várias facções têxteis que fornecerão para a
empresa. Porém, o processo judicial que deu a segurança jurídica para a relação
comercial das fábricas com as facções ainda está sendo alvo de recursos por
parte do Ministério Público do Trabalho. Em julho do ano passado, a 2ª
turma do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região decidiu que inexiste
vínculo empregatício de funcionários terceirizados de empresas têxteis (as
chamadas facções) com o grupo potiguar Guararapes. O Ministério Público do
Trabalho (MPT) argumentava que haveria responsabilidade solidária da Riachuelo
para com as facções. O valor inicial da causa, que incluía o pedido de
condenação por dano moral coletivo, era de R$ 37,7 milhões, mas o processo
poderia chegar a mais de R$ 300 milhões.
O entendimento é de que a
sentença serve de um precedente para o Brasil e, na prática, foi o que
aconteceu. O contrato de facção foi considerado legal e vai beneficiar todas as
empresas que atuam no setor, o que se confirma com a decisão da Shein para
instalação de fábrica no Rio Grande do Norte e, mais do que isso, do anúncio de
que as facções têxteis servirão para fornecer material. "O Tribunal constatou que
as oficinas detêm autonomia, produzem e podem produzir para a Guararapes, para
outras empresas e suas marcas próprias. Os pedidos do Ministério Público de
formação de vínculo de emprego entre a Guararapes e os empregados das oficinas
e a indenização de R$ 38 milhões, caso acatados, além de contrariar a
jurisprudência pacificada do TST, poderia inviabilizar a permanência da empresa
no Programa Pro-Sertão, causando impactos negativos em boa parte dos quase 4
mil empregos diretos gerados pelo programa no interior do Rio Grande do
Norte", alertou, à época, o gerente jurídico do Grupo
Guararapes/Riachuelo, Faber Mesquita.
Contudo, o MPT segue buscando
rever a decisão. No processo, dois embargos de declaração foram impetrados
pelos autores da ação e, caso o TRT mantenha o entendimento, ainda caberá
recurso ao Tribunal Superior do Trabalho. Até este ano, o Senai já
investiu mais de R$ 5 milhões na qualificação de profissionais que estão no
Pró-Sertão, que estão em oficias que, anualmente, injetam mais de R$ 100
milhões na economia local por ano. A média de produção mensal das
oficinas é de 1 milhão de peças e, em janeiro deste ano, houve um
incremento na demanda com a mudança da concentração da Guararapes para a
região, que deixou o Ceará para investir no Rio Grande do Norte.