A avaliação da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Norte (Fetarn) é de que 100% do plantio de regime de economia familiar “está perdido” em virtude da escassez de chuvas, sobretudo nas regiões de sequeiro.
Na região Central do Estado, uma das mais prejudicadas, o gado sofre com a falta de pasto e água
Dirigente licenciado da Fetarn, Manoel Cândido da Costa disse que em relação ao inverno, a Fetarn já considera “o momento delicado” e acha que não ocorram mais chuvas fortes este ano: “Não acreditamos mais inverno daqui pra frente”. Manoel Cândido afirma que “já ocorreram prejuízos” nas lavouras da agricultura familiar relacionadas às culturas de feijão, milho, sorgo, algodão e até melancia, que em seu município, é uma das mais fortes depois da cajucultura. Cândido diz que na região Agreste, por ser mais próxima do litoral e em áreas de serras, possa ser que haja alguma safra de fruticultura permanente, como o caju: “Com qualquer chuva pode ser que se produza alguma coisa”. Segundo Cândido, as chuvas do começo do ano trouxeram um certo alívio para encher os reservatórios de água, mas “vamos ter problemas lá na frente” porque os pequenos açudes e barragens “vão secar mais cedo” pela descontinuidade das chuvas. “A velha solução”, continuou ele, será o abastecimento de água por carros pipas nas áreas rurais onde não existem distribuição de água encanada e os poços, em sua maioria, são de água salobra. O dirigente da Fetarn informou que a instituição está elaborando um documento para ser entregue à governadora Rosalba Ciarlini, com propostas de convivência do homem do campo com a situação de seca em 139 municípios do Rio Grande do Norte, os quais vão precisar decretar estado de emergência para passarem a receber recursos do governo federal para enfrentamento do problema da estiagem.
“Vamos elaborar nossa propostas dentro daquelas ações que achamos importante para conviver com essa situação de seca”, disse Manoel Cândido, a respeito do documento que deverá ser entregue ao governo ainda em abril, em audiência a ser solicitada à governadora: “Como fomos sensível em assinar o documento que o governo do Estado mandou para o governo federal explicando a situação, também esperamos que ela nos receba e às nossas propostas”. Ele disse que a decretação da situação de emergência pelos municípios é importante, ainda, para embasar alguma renegociação com os bancos sobre as dívidas dos agricultores, pois mesmo com o seguro-safra, que beneficia os proprietários de terra, quem não possuem terra alguma fica mais prejudicado por não ter acesso a esse benefício. O meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), Gilmar Bristot, disse que na região semiárida deverá persistir a falta de chuvas, mas adianta que pelo menos no litoral ainda devem ocorrer chuvas deste “resto de abril para frente”, passando pelos meses de maio e junho. ”Se os ventos de sudeste continuarem fortes, as chuvas podem atingir alguns municipios da região Central, até chegando no Trairí, entrando com um ‘aguaceiro fraco’ pelo Brejo da Paraíba”, disse Bristot. A questão das chuvas, segundo ele, será inclusive tema de audiência pública na Assembléia legislativa, na tarde de segunda-feira, dia 16.
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