O rio não tem mais sangue nas veias.
O rio não tem mais lençóis de areias.
O rio não tem mais corais de sereias.
O rio já não tem maiores cheias.
O rio não reflete mais a lua cheia.
O rio não tem mais corpo de rio.
O rio não tem mais palidez de rio.
O rio não tem mais pernas de rio.
O rio não tem mais braços de rio.
O rio não recebe mais abraços
Das meninas e meninos do rio!
O rio não fica mais de nado
Para o gorjeio afinado dos sapos do rio;
Para o nado sincronizado dos peixes do rio.
O rio não tem mais agasalho nas margens.
Rasgaram os enfeites dos Juazeiros
E seus pingentes de ouro!
Rasgaram os tecidos dos Juremais
E o penteado das Cajacas de Couro!
Rasgaram os bordados dos Mofumbais
De seda e seu cheiro de almíscar!
Rasgaram as rendas dos Marizeiros
De botões brilhantes nas calças!
Rasgaram suas longas Oiticicas
De sombras e mangas compridas!
O rio não é mais praia nos domingos de sol!
O rio não sedia mais partidas de futebol!
O rio não atrai mais os banhistas!
O rio não é mais motivo de conquistas!
O rio não corre mais feito atleta.
Escora-se nas locas das pedras
E esconde sua cara com vergonha!
Gilberto Costa
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sexta-feira, 11 de maio de 2012
ARTIGO: O RIO SERIDÓ
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