Uma arrecadação jamais vista desde que o
portal da transparência entrou em funcionamento no Rio Grande do Norte (em
2010): R$ 8,294 bilhões. Essa foi a marca que atingiu o Governo do Estado,
mesmo diante das lamentações de falta de recursos financeiros para atender os
anseios dos trabalhadores e os pleitos dos deputados estaduais – até mesmo os
da base aliada da administração. Claro
que o Governo do Estado previa ter uma receita maior. Do orçamento que foi
previsto para este ano, há uma previsão de arrecadação superior aos R$ 9,350
bilhões. Ou seja: a gestão conseguiu realizar menos de 90% do previsto, errando
seu planejamento em mais de R$ 1 bilhão, o que explicaria as dificuldades
financeiras de que se tem reclamado. Esse,
por sinal, foi o primeiro orçamento elaborado pela atual gestão estadual. O de
2011 foi planejamento da administração anterior, de Iberê Ferreira/Wilma de
Faria, ambos do PSB, e nele a execução foi de ainda menos: apenas 81,5%. Dos R$
9,4 bilhões, “só” R$ 7,7 bilhões foram arrecadados.
Essas
diferenças entre arrecadação real e prevista, inclusive, já foi até alvo de
denúncia, aqui n’O Jornal de Hoje, pelo deputado estadual de oposição, Fernando
Mineiro, do PT. Neste vespertino, ele apontou que a gestão da governadora
Rosalba Ciarlini, do DEM, errava propositadamente a previsão para lamentar a
falta de recursos. Ou subestimava outras fontes (como a do ICMS), para utilizar
o superávit orçamentário e remanejá-lo a seu “bel-prazer”. De
qualquer forma, é bem verdade que Rosalba Ciarlini teve a sua disposição cerca
de R$ 8,294 bilhões neste ano. Dividindo esse valor, é possível dizer que
entraram nos cofres públicos, exatamente, R$ 22,7 milhões por dia. E com essa
quantia, se pudesse investir tudo em melhorias, o Governo do Estado poderia
custear, por exemplo, mais de 17 reformas como a concluída recentemente, no
hospital regional Hélio Morais Marinho, em Apodi (custou R$ 1,5 milhão).
No
dia 20 de dezembro, a governadora participou no Ministério da Integração
Nacional (MI), da apresentação dos novos investimentos e o balanço de ações
realizadas no semi-árido. O RN foi contemplado com dois convênios para a
execução de obras: Implantação do Sistema Adutor Integrado em Campo
Grande-Umari (no valor de R$ 7,8 milhões) e Implantação do Sistema Adutor
Integrado Pendências-Macau (no valor de R$ 20,8 milhões). Com
o que foi arrecadado por dia neste ano, a gestão Rosalba Ciarlini poderia
custear, praticamente sozinha, a implantação de sistemas de adutoras como essas.
Ainda sobre a seca, em entrevista a O Jornal de Hoje, nesta semana, o
secretário de Estado, do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social
(Sethas), Luiz Eduardo Carneiro Costa, afirmou que o governo conseguiu, em
convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social, R$ 5 milhões para a
construção de 3,1 mil cisternas de placa em 47 municípios. Aplicando o que
conseguiu arrecadar (em média) em apenas um dia, o Governo do Estado poderia
construir outras 14 mil cisternas como essas, que são fundamentais para o
combate a seca no semi-árido, poderia.
Apesar
de todas essas possibilidades de melhoria, não foi isso que aconteceu. Em 2012,
segundo ano de mandato de Rosalba, vários problemas aumentaram, enquanto outros
se repetiram. O Estado voltou a enfrentar paralisações dos servidores, como a
dos professores da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) e,
continuou, sem atender ao pleito de boa parte do funcionalismo de implantação
dos planos de cargos, carreiras e salários. Porém,
foi neste ano que o Governo enfrentou, pela primeira vez, uma greve de médicos,
categoria que apoiou a candidata da atual governadora e, agora, se diz
decepcionada. A situação da Saúde, inclusive, levou a gestora a decretar
situação de calamidade no setor, como forma de conseguir a liberação de
recursos de forma mais ágil. O que não ocorreu conforme o esperado. Foi
em 2012, também, que o Estado sofreu ainda mais com os problemas da seca,
sobretudo, no interior do Estado. Em estimativa feita pelo próprio Governo,
levantou-se que os prejuízos com a estiagem resultou em déficit na ordem de R$
5 bilhões no interior do Rio Grande do Norte para produtores e para o próprio
Governo.
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