A história de Viviane
Cristina de Oliveira, de 37 anos, poderia ser facilmente confundida com a de
muitas outras mulheres casadas com presidiários no Rio de Janeiro. Isso se não
fosse por uma diferença: por causa da prisão do marido, ela acabou se envolvendo
com atividades ilícitas para sustentar a casa. Presa por tráfico de drogas e condenada a 16
anos e dez meses, Viviane teve que passar quase quatro anos e meio presa em
regime fechado na Penitenciária Talavera Bruce, no Complexo de Bangu. “Pensei
que tudo tinha acabado para mim, que tinha perdido tudo, meus filhos. Tenho
dois filhos [hoje com 21 e 14 anos] e eles tiveram que ficar com a minha sogra.
Ela acabou me ajudando muito, porque eu estava arrasada lá dentro”, conta.
Por meio de uma agente penitenciária que
conheceu antes de ser presa, quando ainda ia visitar seu marido no complexo
prisional, Viviane acabou reorganizando sua vida e voltou a costurar dentro do
presídio. “Ela me botou na cozinha e, quando saiu minha sentença, me transferiu
[para a oficina de costura].” O trabalho na oficina de costura do presídio
deu certa segurança a Viviane. Mas, quando ficou sabendo que sua pena poderia
progredir para regime semiaberto (quando o preso ganha o direito de passar o
dia na rua e voltar para a prisão apenas para dormir), foi tomada por um grande
medo. Ela sabia que não seria fácil arrumar um emprego fora da cadeia.
“Quando estava para passar para o semiaberto,
eu ia negar. Eu falei: 'estou para ir para o semiaberto, mas não quero ir,
porque as condições lá são nenhuma. Se eu ganhar [o semiaberto], eu vou acabar
evadindo [fugindo do sistema]”, disse. Com a garantia de que conseguiria um emprego
como costureira na Fundação Santa Cabrini, órgão do governo fluminense
responsável por ajudar presos e ex-presos a arrumar trabalho, Viviane saiu do
regime fechado. Há sete meses no semiaberto, hoje ela pode sair às ruas e ainda
ganhar dinheiro para realizar o sonho de montar uma confecção de roupas. “Me envolvi no tráfico mais ou menos para ter
dinheiro. Acabei me envolvendo muito e não dava para voltar. Mas já tinha essa
vontade [de montar uma confecção]. Já tenho máquinas e vou comprar outras,
porque isso é o que eu quero fazer. E, com a confecção, vou ver se consigo
resgatar mulheres como eu.”
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