Fumaça branca anunciando escolha do papa sai no meio da tarde
Nem Angelo Scola, nem Odilo Scherer. O Vaticano escolheu ontem como papa o argentino Jorge Bergoglio, um nome que não fazia parte de nenhum site de apostas, não era comentado por vaticanistas e sequer era tema de reuniões secretas de cardeais. Mas, segundo a reportagem apurou, foi o nome que conseguiu, durante a eleição, romper o confronto e o impasse criado entre dois grupos que haviam se estabelecido nos últimos dias e que se enfrentavam abertamente. "Metade dos cardeais entrou no conclave sem um nome definitivo a quem dariam seu voto", disse o vaticanista Marco Politi. "A grande questão era como esse grupo reagiria e agora descobrimos que eles optaram por uma terceira via."
Desejo que esse caminho de Igreja, que hoje começamos, seja frutuoso para a evangelização dessa tão bela cidade - Francisco
Nos dias que precederam o conclave, houve uma polarização do debate. De um lado, o brasileiro d. Odilo Scherer era o nome da Cúria, mais conservador, apoiado por quem estava no poder. De outro, o italiano Angelo Scola se apresentava como o nome da oposição. O choque frontal entre os grupos, porém, com acusações de vazamento de informações à imprensa e cobranças sobre a gestão do Banco do Vaticano teria criado uma sensação entre os cardeais de que nenhum dos dois grupos conseguiria um consenso.
Novo papa dos católicos foi escolhido no segundo dia do conclave
Tanto Scola como Scherer começaram a votação com força. A certeza de uma vitória de Scola era tanta que, logo após o anúncio do Habemus papam, a Conferência Episcopal Italiana emitiu um comunicado sobre a "notícia da eleição do cardeal Angelo Scola como sucessor de Pedro".
Ao longo das votações secretas na Capela Sistina, porém, a realidade é que nenhum dos dois conseguia avançar no sentido de garantir os 77 votos necessários para ser eleito papa. Cardeais saíram em busca de alternativas e, apesar de estar fora da idade que se havia declarado como ideal (preferencialmente mais jovem, para evitar um papado muito breve), Bergoglio começou a coletar votos dos outros cardeais que também estavam descontentes com a Cúria, mas não estavam inclinados a apoiar Scola.
Milhares de pessoas compareceram à Praça de São Pedro
Com 76 anos, perfil de pastor e caráter de simplicidade, Bergoglio acabou sendo privilegiado. Muitos, porém, deixaram o Vaticano ontem com a impressão de que este foi o "papa possível" de ser eleito, e não necessariamente o "papa ideal". Dada a idade avançada de Bergoglio, é possível que seu papado se caracterize como mais um período de transição na Santa Sé - algo que se acreditava ter terminado com a renúncia de Bento XVI.
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