No Alto Oeste, as construções empregam agricultores locais
As chuvas que caíram na região do Alto Oeste Potiguar no mês de fevereiro ainda não foram suficientes para garantir aos agricultores dias tranquilos e longe da estiagem. O Governo do Estado está concluindo, em mais 15 dias, o programa de cisternas na região, mas as poucas chuvas não bastaram para encher os reservatórios. Com capacidade para 16 mil litros, eles estão com menos de ¼ de água, o que tem levado os agricultores a fazer concessões severas quanto ao uso. No pequeno povoado de Baixas, no município de Luís Gomes, a dificuldade é tanta que chega a ser um contraste com o sorriso fácil de dona Maria de Lourdes Soares, 66 anos, e o alvoroço das crianças cada vez que a bomba é manejada para puxar a água da cisterna. "Como não choveu muito a gente tem que poupar esse pouquinho que deu para juntar", comenta a aposentada. Lá, a água é escassa e o acesso para se chegar ao pequeno distrito mais parece um rally de aventura.
Aliás, foi essa dificuldade de acesso um dos critérios para que a pequena localidade, onde vivem 28 famílias, entrasse no Programa Nacional de Cisternas (P1MC), do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome-MDS, e que levou o governo do Rio Grande do Norte, através da Secretaria de Trabalho e Assistência Social, a fazer um desembolso de R$ 1,5 milhão, a título de contrapartida, para que o programa pudesse ser executado no Estado. "Foi uma ação que demandou muitos esforços, muitas reuniões, muitas idas e vindas a Brasília", relembra o secretário estadual de Trabalho e Assistência Social, Luiz Eduardo Carneiro Costa, da Sethas. Ele ressalta, no entanto, que as cisternas não se configuram numa ação emergencial para a estiagem, mas uma ação permanente e de convivência com a seca. "São reservatórios de alvenaria que servem para o armazenamento de água das chuvas durante décadas e, portanto, não se constituem em uma ação de emergência. Trata-se de uma obra permanente", explica.
Se as chuvas que caíram no município de Luís Gomes, nas últimas três semanas, não foram suficientes para encher os reservatórios da região como esperavam os agricultores, pelo menos serviram para dar uma pequena mostra de como ficarão as cisternas quando as chuvas ocorrerem regularmente. "Aqui nunca foi de chover muito, mas esse ano parece que está pior. As chuvas ficaram bem abaixo da média", informa o agricultor Marcelino Caitano do Nascimento, 72 anos, da comunidade Caititu, que nos últimos dias deu para anotar num caderno o índice pluviométrico na região. "A última (chuva), no dia 17 (de fevereiro), foi de 12 milímetros. De lá para cá não choveu mais", esclarece. Nascido e criado no município vizinho - Riacho de Santana - só sente pelas 30 cabeças de gado que cria. "Se em um mês não chover mais eu acho que ele (o rebanho) não resiste", lamenta. Na região do Alto Oeste Potiguar estão sendo construídos 1.301 reservatórios, com investimentos de R$ 4,7 milhões. No total, o programa prevê, até o final de junho, a construção de 3.100 cisternas de alvenaria em 47 municípios potiguares.
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