Em 2013 a valsa Royal Cinema, principal obra de Tonheca Dantas, está completando 100 anos, repletos de muitas histórias como o fato de ter sido tocada durante a segunda guerra mundial pela rádio BBC de Londres, embora na ocasião atribuída a autor desconhecido. Mas afinal, como surgiu esta primorosa obra que a tantos encantou e ainda encanta?
Existem três versões sobre a origem da Royal Cinema e uma quarta que une todas elas, elaborada pelo historiador Claudio Galvão. A primeira delas conta que a obra teria sido encomendada pelo proprietário do Royal Cinema, em Natal/RN, José Petronilo de Paiva, para ser tocada durante a exibição dos filmes mudos. Tonheca entregou a composição em manuscrito, tendo no verso a valsa Boas Festas e recebeu em pagamento 50 mil réis. Na segunda versão, a música foi composta quando Tonheca residia em Belém, encomendada pelo Dr. Sílvio Chermont, para presentear a noiva dele, sendo esta partitura a mesma que foi vendida ao proprietário do Royal Cinema. Já de acordo com a terceira versão, a música foi tocada por uma aluna dele, a pedidos do próprio Tonheca, que estava querendo testar uma das inúmeras valsas que ele compunha em noites de insônia, recebendo então o nome do cinema que estava na moda na época em Natal/RN, Royal Cinema.
No entanto, para o historiador Claudio Galvão é possível uma compatibilização entre estas versões pois elas não se opõem em nada. Desta forma ele sugere a seguinte sequência de fatos:
- A valsa foi composta em Belém , em 1903, e Tonheca manteve com ele uma cópia, trazendo-a para Natal, mesmo sem divulgá-la;
- O proprietário do Royal Cinema encomendou, em 1913, uma valsa para ser tocada durante as exibições;
- Tonheca tirou da gaveta onde guardava suas composições exatamente aquela feita em Belém, pediu a uma aluna para experimentar a versão para piano, entregando-a, posteriormente, ao proprietário do cinema e encaminhando-a à publicação, em junho de 1914, pela Casa Bevilacqua do Rio de Janeiro.
Desde a sua publicação a valsa Royal cinema ganhou em pouco tempo grande repercussão, tornando-se, a principio, conhecida em Natal, em seguida no Brasil e até mesmo em outros países. De acordo com Claudio Galvão, “sua melodia expressiva e cativante caiu logo no gosto do povo, invadindo bem cedo os saraus familiares através da sua partitura para piano” e foi assim que a valsa Royal Cinema tornou-se popular nos mais diversos ambientes, sendo tocada desde os pianos das famílias aos salões de bailes populares ou aristocráticos”.
Referência:
Galvão, Claudio. A Desfolhar Saudades - Uma biografia de Tonheca Dantas,1998.
“O projeto Tonheca Dantas: o maestro dos sertões possui um valor especial, pois a ideia partiu da minha admiração por este homem tão genial e por possíveis ligações genealógicas que descobri. Tonheca Dantas é um conterrâneo ilustre e tem uma história muito interessante. Tive a ideia de resgatar a obra dele e assim perpetuar sua música e história. Temos a garantia que deixaremos esse legado gravado em alto estilo pela Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte. O apoio à cultura, e principalmente a memória, é uma preocupação do Morada da Paz enquanto cemitério. O que é um cemitério senão um local de preservação de histórias de vida? Somos uma empresa preocupada com a memória local que deve ser preservada através dos nossos personagens.”
Eduardo Vila - Diretor do Grupo Vila
Nenhum comentário:
Postar um comentário