Fábrica da Coteminas em São Gonçalo do Amarante: empresa pode ter incentivo reduzido/Júnior Santos
O governo do estado vai analisar o impacto da desativação de parte do parque fabril da Coteminas e recalcular os incentivos fiscais concedidos ao grupo, que é um dos maiores no segmento têxtil e de confecções do país. A previsão é que a análise seja concluída até o final de outubro, de acordo com o coordenador de desenvolvimento industrial do Rio Grande do Norte, Neil Armstrong. A empresa é uma das beneficiadas pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial (Proadi), que passa por uma reformulação.
A análise é necessária, porque o grupo desativou parte da fábrica de São Gonçalo do Amarante para dar lugar a um complexo imobiliário e empresarial de R$ 1 bilhão. Mais de 500 funcionários foram dispensados. A redução do quadro de funcionários e a possível queda da produção – não confirmada – serão consideradas na análise. Os incentivos concedidos podem ser reduzidos, se for comprovada queda no nível de atividade, além do ‘permitido’ pelo Proadi. Embora os funcionários já tenham sido dispensados e algumas linhas de produção desativadas, o grupo ainda não tem data para começar a construir o complexo multiuso.
A empresa espera entregar o EIA/Rima - estudo necessário para liberação da licença ambiental – à Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo de São Gonçalo até a próxima semana. O estudo é exigido para emissão de licença prévia para grandes empreendimentos com potencial de impacto. De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo de São Gonçalo, o tempo de análise do EIA/Rima, ‘vai depender do que for apresentado’. “Precisamos ver os projetos, porque até agora nada foi apresentado”, afirmou Hélio Duarte, titular de Meio Ambiente e Urbanismo de São Gonçalo, por e-mail à TRIBUNA DO NORTE. O processo, segundo ele, está “no arquivo, aguardando”.
Prazos
A previsão do grupo era concluir a primeira etapa do projeto, que previa a construção de um shopping center, um centro de convenções e um hotel com 270 apartamentos, até a Copa de 2014, mas “um equívoco da Secretaria de Meio Ambiente na hora de solicitar os estudos”, teria atrasado o cronograma, segundo o grupo. A secretaria teria, num primeiro momento, solicitado um estudo mais simples do que o necessário, e só seis meses depois, solicitado o estudo mais complexo. João Lima, um dos diretores do grupo, evitou detalhar os motivos do atraso, e disse apenas que “a execução do projeto depende de muitas variáveis externas”. Com relação, aos incentivos, disse que o grupo continua gerando muitos empregos no estado, e por isso continua habilitado à recebê-los.
A Coteminas, segundo João Lima, pretende contratar no início de 2014 mais 200 costureiros para reforçar a produção da unidade de Macaíba, que produzirá até 20% mais do que produz hoje. Os currículos podem ser entregues na fábrica da empresa, no Distrito Industrial de Macaíba. A TRIBUNA DO NORTE tentou contato com a governadora Rosalba Ciarlini e com o chefe do gabinete civil, Carlos Augusto, através da secretaria de comunicação, para saber quando a nova versão do Proadi, que flexibiliza a concessão dos incentivos no estado, será enviada para a Assembleia Legislativa, mas a secretaria não conseguiu agendar as entrevistas nem enviar as respostas solicitadas até o fechamento da edição.
Estímulos fiscais não compensam perdas no RN
Matéria publicada domingo pela TRIBUNA DO NORTE mostrou que os incentivos concedidos pelo Estado não têm sido capazes de atrair grandes indústrias nem de compensar as perdas que o estado vem registrando nos últimos três anos. Análise da Federação das Indústrias do RN a partir de um levantamento da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico mostrou que apenas uma das 20 indústrias que abriram no RN entre 2011 e 2013 e contam com algum incentivo do governo, é de grande porte. O número de empregos projetado pelas 20 indústrias (2.254) é quase duas vezes menor que o total de postos de trabalho fechados pela indústria de transformação e indústria extrativa mineral entre 2011 e 2013 e quase três vezes menor que o total de postos fechados entre 2010, quando a geração de emprego formal pela indústria de transformação atingiu o auge no estado. Só em 2012, o RN assistiu a desativação de unidades de dois grandes grupos: a Alpargatas e a Coteminas, que desativou a produção de fio e tecelagem na unidade de São Gonçalo do Amarante.
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