Postos reclamam de margem apertada e alegam perda de receita com fuga de consumidor/Joana Lima
A gasolina no Rio Grande do Norte pode subir de preço outra vez. Postos de combustíveis de Natal que já começaram a receber gasolina com menos enxofre estão tendo que pagar mais pelo litro desde o último dia 2. A nova gasolina nas distribuidoras está custando, em alguns casos, até R$ 0,03 mais do que custava na última quarta-feira. A informação foi repassada por um revendedor, que apresentou suas notas fiscais, mas pediu para não ter a identidade revelada. O empresário, que tem postos em Natal, preferiu não afirmar se o reajuste será repassado para o consumidor final nem em quanto tempo isso poderá ocorrer. A nova gasolina, que promete reduzir até 94% as emissões de enxofre na atmosfera, começou a ser vendida pela Petrobras para as distribuidoras em dezembro, segundo informou o Sindicato Nacional das Distribuidoras. Procurado pela equipe de reportagem, o Sindicato afirmou, através da assessoria de comunicação, que não comenta preço.
A BR Distribuidora, a Petrobras e a Ale, que tem sede no Rio Grande do Norte e é a quarta maior distribuidora de combustível do país, foram procuradas para comentar o assunto, mas não disponibilizaram porta voz nem enviaram as respostas solicitadas até o fechamento da edição. O revendedor que disponibilizou as notas fiscais de compras realizadas antes e depois do reajuste no preço da gasolina anunciado pela Petrobras no final de dezembro aproveitou a ocasião para explicar que alguns postos de Natal têm aplicado reajustes inferiores aos repassados pelas distribuidoras, vendendo por menos do que poderiam vender se repassassem o reajuste integral para o consumidor final. Segundo ele, a distribuidora está cobrando 4,52% mais pelo litro da gasolina comum, enquanto ele está cobrando 3,45%. “Se eu fosse repassar o reajuste integral. O preço nos meus postos subiria de R$ 2,99 para R$ 3,03. A questão é que os consumidores se recusariam a pagar acima de R$ 3 pelo litro”. O empresário afirmou que, em função da alta dos custos operacionais e da dificuldade em repassar os últimos reajustes, muitos postos têm perdido receita na cidade. “Do preço total, a gente só fica com algo em torno de 12% para cobrir todas as despesas.
O restante fica com o governo federal, o estadual e com as distribuidoras”. Há casos de postos, segundo ele, que registraram queda de até 6% na receita em menos de um ano. A situação seria mais comum do que se imagina. Segundo a equipe de reportagem apurou com o setor, pelo menos 12 postos de combustíveis fecharam as portas em Natal e São Gonçalo do Amarante no último ano. Há, segundo agentes do setor, pelo menos mais dois postos em vias de fechar.
“A gente não consegue repassar os reajustes integrais para o consumidor final. Em função disso, nossa receita têm caído, ao passo que nossas despesas têm aumentado. Além do reajuste do combustível, também tivemos reajuste no salário mínimo, da energia elétrica”, enumera o revendedor, que está guardando as notas fiscais para apresentar para o Órgão de Defesa e Proteção do Consumidor do RN. O Procon/RN realizou uma série de fiscalizações na cidade e prometeu multar os postos que estivessem cobrando acima do que considera ‘razoável’. A equipe de reportagem tentou contato com o coordenador do Procon/RN, Ney Lopes Júnior, para saber como está a operação, mas o celular estava desligado.
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