A vida nos prega muitas surpresas. A morte de João Faustino – pelas circunstâncias como os fatos ocorreram – foi um choque para familiares e a legião de amigos.
Não privei de sua amizade, nosso relacionamento era profissional, mas era tratado por ele como se íntimo fosse.
Educador, administrador e político, Faustino tinha como marca a capacidade de superação, de perdoar (deixou um livro sobre o tema).
Nosso primeiro contato foi no Palácio Potengi, governo de Tarcísio Maia, salão nobre lotado, presença de dois ministros de Estado, dirigentes de estatais e muitos convênios para assinar.
Eu dava os primeiros passos no jornalismo da capital (A República/RN Econômico/Diário de Natal mais adiante).
Faustino traduzia para o jovem repórter – de forma educada e professoral – os decretos e convênios ali firmados. E as prometidas repercussões na economia potiguar.
Fiz uma única pergunta após anotar tudo:
– O senhor acredita na liberação e transferencia de tantos recursos?
Ouvindo a conversa e com a língua coçando, o senador Dinarte Mariz segurou o braço de João e pediu licença para responder:
– Meu filho, se 10% dessa montanha de dinheiro for transferida o Rio Grande do Norte estará salvo.
Faustino apenas sorriu.
E o editor do meu texto cortou este diálogo.
Eram os Anos de Chumbo.
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