O promotor de Justiça da Comarca de Apodi, Silvio Brito, promoveu, através de um almoço com uma variedade de pratos, a degustação da carne de jumento. Foto: DivulgaçãoFoto: Divulgação: Carolina Souza/acw.souza@gmail.com
O almoço de degustação de carne de jumento promovido pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) no município de Apodi, região Oeste do estado, pode se tornar cena comum entre os potiguares. A ideia do promotor de Justiça da comarca de Apodi, Silvio Brito, que propôs o abate dos animais para consumo humano, também é defendida pelo Procurador-Geral de Justiça do MPRN, Rinaldo Reis. Para ele, “é melhor os jumentos serem criados para possível abate e consumo humano do que sofrerem maus tratos”. “Esses animais passam por todo tipo de sofrimento. São objetos de trabalho e de maus tratos. Nunca nenhuma entidade se importou com isso. Se há alguma entidade que se importa, eu desconheço”, disse Rinaldo Reis. “Me parece que a destinação para o consumo humano é algo viável, desde que seja com todos cuidados necessários, inclusive com o parecer do Ministério da Agricultura e de órgãos de inspeção sanitária”, avaliou.
O Procurador-Geral de Justiça argumentou que o abate do animal pode ser um modo de destinação correta dado aos animais, que hoje são encontrados em grande número abandonados nas estradas. Segundo dados da Associação dos Protetores dos Animais de Apodi, o Rio Grande do Norte tem hoje cerca de 20 mil jumentos, muitos deles sem dono. Soltos e próximos das estradas, os jumentos atravessam a pista em busca de mais alimento, provocando graves acidentes. “O jumento pode ser considerado um animal de abate, como hoje é o gado, o carneiro, o bode, o porco e outros animais. Sob aspectos econômicos, sociais e sanitários, o consumo humano é bastante viável. Esse movimento de tornar o jumento próprio para consumo foi capitaneado pelo promotor Silvio Brito, que está à frente desse processo de aceitação em todo o estado. Eu apoio a ideia”, destacou Reis. Determinada a impedir tal prática, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) lançou uma petição pela plataforma change.org exigindo do Ministério Público do Rio Grande do Norte a suspensão imediata da iniciativa, de modo a evitar outros abates pelo Nordeste do Brasil. “O Ministério Público deve proteger os animais e está fazendo justamente o contrário. Estes animais não têm culpa de terem sido abandonados à própria sorte.
É inadmissível que, em vez de promover a adoção e guarda responsável, o MP promova o extermínio. Temos que impedir esse absurdo”, disse Marly Winckler, presidente da SVB. Ainda segundo Winckler, a maioria dos jumentos foi abandonada após servir como instrumento de carga por anos e ser trocados por tratores e motocicletas. Petição lançada pela Sociedade Vegetariana Brasileira, além de solicitar suspensão dos abates, pede ao Procurador-Geral do MPRN o encaminhamento dos jumentos abandonados para “adoção por fiéis depositários e abrigos que se comprometam a cuidar e preservar a vida destes animais”. Além da mobilização da SVB contra ação do Ministério Público, outras petições para impedir o extermínio foram lançadas pressionando o prefeito de Apodi, Flaviano Monteiro, a governadora do estado do RN, Rosalba Ciarlini, e o Ministério da Agricultura.
DEGUSTAÇÃO
Um almoço com direito a picanha na brasa, filé ao molho madeira, filé ao molho branco e escondidinho de carne foi servido a autoridades de Apodi e região no dia 13 de março. A diferença do cardápio, que causou estranheza para muitas pessoas, é que os pratos não foram preparados com carne de boi, mas de jumento. A ideia de oferecer esse almoço foi do promotor Silvio Brito, que desde novembro do ano passado realiza um trabalho com as polícias rodoviárias federal e estadual para recolher os jumentos que circulavam soltos pelas rodovias do Estado. Em reunião no MPRN no dia 31 de março, o promotor afirmou que a previsão para os próximos seis meses é de continuar realizando alguns abates em caráter experimental e educativo, em média de 10 a 20 animais por mês. A carne deverá ser entregue a restaurantes e a pesquisadores de veterinária e zootecnia.
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