
Uma família que mora em uma das regiões mais secas da Paraíba
não se deixa levar pela escassez de água para conseguir os mantimentos que
precisa. Joseildo da Silva, Valma de Sousa e os filhos de sete e 12 anos moram
no assentamento Fortuna, no município de Jericó, a pouco mais de 400 km de João
Pessoa, no Sertão do estado e produzem no quintal os alimentos que consomem ou
comercializam nas imediações. A família produz banana, tomate, mamão, abobrinha,
pimenta, coentro, ovos, tem criação de bovinos, caprinos, suínos e pelo menos 50
galinhas. Joseildo contou que também criava peixes, mas como a água é pouca,
precisou interromper a criação. “A água é pouca e a gente não pode avançar mais
em plantação porque não existe água suficiente”, contou Joseildo, acrescentando
que a água, usada de forma racionada pela família para manter as plantas e os
animais, vem de um cacimbão, que é uma espécie de poço.
O que não é consumido pela família é vendido no próprio
assentamento. Os ovos são vendidos por R$ 0,50 a unidade. “Tudo ajuda no
orçamento da casa. E tem mais, compro muito pouco no supermercado, já que tiro
daqui a maioria das coisas que preciso no dia a dia”, disse Valma. A família
falou ainda que não utiliza agrotóxicos, com produção totalmente sustentável e
diversa. O técnico agrícola da Central das Associações dos Assentamentos do Alto
Sertão Paraibano (Caaasp), Paulo César Elói Soares, acompanha a produção de
Valma e Joseildo. Ele é o responsável por apresentar à família os princípios da
agroecologia e da convivência respeitosa com o meio ambiente. “Oferecemos uma
assessoria que foge do paradigma tradicional e mercantil de repasse de pacotes”,
afirmou Soares. “Nossa prioridade é estimular a reflexão para uma convivência
com a natureza e entre as pessoas, bem como mostrar a importância da produção
para o autoconsumo, com ênfase na importância de se ter uma boa alimentação”.
Segundo o técnico, para oferecer um bom trabalho de Ater, é
essencial que as equipes de assistência técnica, social e ambiental escutem o
que as famílias assentadas têm a dizer. “Essa preocupação é para que a fala seja
deles e não a nossa. Para isso, é fundamental que o trabalho seja contínuo e que
os agricultores se sintam à vontade com o nosso trabalho, que se aproximem e
confiem em nós, não como portadores do conhecimento, mas como facilitadores de
um processo de diálogo em que a opinião de cada um contribui para o conjunto”,
explicou Soares. Para os agricultores assentados que também vivem em situação de
escassez de água, Valma deixou um recado: “Nunca desista! Quem tem seu pedacinho
de terra tem que valorizá-lo porque é bom demais plantar e comer aquilo que a
gente colhe”, concluiu a assentada. A Caaasp é uma entidade contratada pelo
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria (Incra) para desenvolver o
trabalho de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) em 33 assentamentos onde
vivem 1,1 mil famílias. A agricultora Valma deixou um recado. “Nunca desista!
Quem tem seu pedacinho de terra tem que valorizá-lo porque é bom demais plantar
e comer aquilo que a gente colhe”, concluiu a assentada.
Fonte: Portal Correio
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