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Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira a operação Sangue Negro,
que apura suspeitas de desvio de dinheiro na obtenção de contratos da
Petrobras que teriam ocorrido desde 1997. Segundo nota da PF, a
investigação começou antes da Operação Lava Jato, que também apura um
esquema de corrupção montado na estatal brasileira, e tem alvos em
comum. Ao todo, a polícia cumpre nove mandados judiciais: quatro de
prisão preventiva e cinco de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Angra
(RJ) e Curitiba.
Dois dos mandados de prisão foram expedidos contra pessoas já presas
pela Lava Jato em Curitiba. São elas: o ex-diretor de Serviços da
Petrobras, Renato Duque, que é ligado ao PT; e o ex-diretor da área
Internacional Jorge Zelada, ligado ao vice-presidente Michel Temer,
segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo. A Sangue Negro mira contratos firmados entre a Petrobras e a empresa
holandesa SBM Offshore, uma das maiores fabricantes de plataformas
marítimas de exploração de petróleo do mundo. Segundo a PF, uma empresa
que fazia a ponte entre as duas companhias recebia repasses da ordem de
3% a 5% dos contratos. "Esse dinheiro retornava em forma de pagamento de
propinas", disse a PF. A operação investiga crimes de sonegação fiscal, evasão de divisas,
desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro, entre outros.
SBM - A multinacional holandesa contrói e opera
plataformas para petroleiras do mundo todo. No Brasil, a empresa tem
contratos com a Petrobras que somam pelo menos 27 bilhões de reais. A
relação comercial entre as duas empresas começou em 1996. Em delação premiada à força-tarefa da Lava Jato, o ex-gerente da
Petrobras Pedro Barusco relatou que a empresa holandesa pagava propina
em troca de benefícios em licitações.
Barusco confessou ainda que pediu a
Júlio Faerman, representante da SBM no Brasil, que desse um "reforço"
de 300.000 dólares para a campanha presidencial da presidente Dilma
Rousseff em 2010. Considerado uma das peças-chaves para desvendar o
petrolão, Faerman também assinou um acordo de delação premiada com o
Ministério Público Federal, no qual concordou em repatriar 54 milhões de
dólares que estavam depositados em bancos suíços.
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