
Transpetro administra frota de 54 navios, além de 49 terminais, estações e malha de oleodutos
Com a piora das cotações internacionais do petróleo e o
consequente agravamento de sua situação financeira, a Petrobras dobrou a aposta
na venda de ativos como alternativa para aliviar o caixa. A estratégia é
negociar ativos que não estejam relacionados ao valor do barril, como a
infraestrutura logística reunida na Transpetro, subsidiária responsável pela
frota de navios, terminais e oleodutos. “US$ 14,4 bilhões em desinvestimento é o
nosso piso, e não a meta”, resumiu o diretor financeiro da estatal, Ivan
Monteiro. Além disso, a estatal negou a intenção de recorrer ao Tesouro para
engordar o caixa e previu novas demissões. “O que fazemos desde o início dessa
gestão é afastar a hipótese de recorrer ou ser assistido pelo Tesouro. Se não
tivéssemos tomados as decisões que tomamos, já teríamos batido na porta do
Tesouro há muito tempo”, ressaltou o executivo em entrevista coletiva na tarde
de ontem. Desde novembro, especula-se sobre uma capitalização por meio de um
instrumento híbrido de capital e dívida (IHCD) - uma operação de crédito de
longo prazo. Mas o diretor da estatal considerou qualquer operação junto ao
governo como “a última alternativa”. “Não temos nenhuma iniciativa para discutir
esse assunto.” A negativa do executivo ocorreu após sinalização, pela manhã, da
presidente Dilma Rousseff de um possível socorro à empresa. “O governo sempre
estará preocupado com a Petrobras, principalmente quando os fatores que levam a
essa situação são exógenos.
Se o preço do petróleo continuar caindo, todo mundo vai rever o
que fazer”, afirmou a presidente em Brasília. Para Monteiro, recorrer a novos
financiamentos só será necessário se o plano de desinvestimentos não decolar.
Com a receita da venda de ativos, a companhia só alcançaria o “caixa mínimo” de
US$ 15 bilhões, em julho de 2017. O executivo reconheceu que a meta de
desinvestimento é um “desafio”, mas se disse “confiante”. Negociações envolvendo
a Transpetro, citadas pela primeira vez na sexta-feira, ainda estão em fase
inicial. Um banco foi contratado para avaliar a estrutura da empresa e sua
atratividade. Agora, o relatório passará por análise interna da companhia antes
de uma definição sobre o modelo de venda. A Transpetro administra uma frota de
54 navios, além de 49 terminais, estações de bombeamento e malha de oleodutos.
Pela avaliação de Monteiro, os negócios de gestão de embarcações e prestação de
serviços logísticos nos dutos e terminais poderiam ser desmembrados. “Temos
ativos de grande interesse que nunca foram ofertados.
A Petrobras tem um larguíssimo portfolio de oportunidade não
relacionados ao Brent”, afirmou a diretora de Exploração e Produção (E&P),
Solange Guedes. A diretora reconheceu uma dificuldade “cultural” da empresa em
vender seus ativos, mas sinalizou que os desinvestimentos serão feitos não “pela
força, mas pelo convencimento”. Além da subsidiária, Monteiro estimou entre 20 e
30 os ativos na relação de venda, em diferentes estágios de negociação. Segundo
ele, a empresa ainda não recebeu ofertas por participação na BR Distribuidora,
mas tem recebido manifestações de interesse de investidores nas fábricas de
produtos nitrogenados, destinados à produção de fertilizantes para a
agricultura. O jornal “O Estado de S. Paulo” antecipou, em agosto, que a
companhia negociava com chineses aportes em duas unidades ainda em construção,
em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. O executivo também acenou com novos cortes
de gastos operacionais, que passará pela devolução de imóveis alugados e
demissão de funcionários terceirizados. “Fizemos um corte muito grande de
terceirizado. Na minha visão, a companhia se comportou bem e devemos fazer uma
segunda onda de demissões”, frisou Monteiro.
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