
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu baixar os juros
básicos da economia de 14,25% para 14% ao ano, um corte de 0,25 ponto
percentual. A redução, a primeira da taxa Selic em quatro anos, foi anunciada
pelo Banco Central no início da noite desta quarta-feira (19). O corte dos juros
já era esperado pelo mercado. Analistas, porém, estavam divididos quanto à
intensidade: redução de 0,25 ou de 0,5 ponto percentual. Economistas avaliam que
a decisão pode ajudar a economia brasileira, em crise, a se recuperar.
Em comunicado, o Banco Central informou entender que a
convergência da inflação para a meta central de 4,5%, fixada para 2017 e 2018, é
compatível com uma política de corte de juros "moderada e gradual". "O Comitê
avaliará o ritmo e a magnitude da flexibilização monetária ao longo do tempo, de
modo a garantir a convergência da inflação para a meta de 4,5%", diz a nota. O
ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, em mensagem no Twitter, comemorou
a redução da Selic. Segundo ele, "a confiança na retomada da economia do Brasil
anda a passos largos".
Veja repercussão da decisão do Copom.
Veja repercussão da decisão do Copom.

De acordo com o BC, o ritmo do processo de redução dos juros
nos próximos meses e uma "possível intensificação" dependerão de evolução
favorável de fatores que permitam maior confiança no alcance das metas de
inflação em 2017 e 2018. "O Comitê destaca os seguintes fatores domésticos: que
os componentes do IPCA [inflação oficial] mais sensíveis à política monetária e
à atividade econômica retomem claramente uma trajetória de desinflação em
velocidade adequada; e que o ritmo de aprovação e implementação dos ajustes
necessários na economia contribuam para uma dinâmica inflacionária compatível
com a convergência da inflação para a meta", informou.
A instituição avaliou ainda que a inflação recente "mostrou-se
mais favorável que o esperado, em parte em decorrência da reversão da alta de
preços de alimentos". Isso, na visão da instituição, pode sinalizar "menor
persistência no processo inflacionário"; que o nível de ociosidade na economia
"pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do
Copom"; ou que os "primeiros passos no processo de ajustes necessários na
economia foram positivos, o que pode sinalizar aprovação e implementação mais
céleres que o antecipado".
Além disso, o BC acrescenta que suas projeções recuaram desde o
final de setembro. No cenário de referência, que pressupõe juros e câmbio
estáveis, a previsão do BC para a inflação de 2017 já caiu para 4,3% - abaixo da
meta central de 4,5% para o ano que vem. "No cenário de mercado [que considera
as estimativas dos economistas dos bancos para câmbio e juros], a projeção para
2017 manteve-se praticamente inalterada em torno de 4,9% e a projeção para 2018
aumentou para aproximadamente 4,7% – ambas acima da meta para a inflação para
esses dois anos-calendário, de 4,5%", informou o BC.
Série de cortes
Para os economistas dos bancos, este será o primeiro de uma série de cortes nos juros básicos da economia. A estimativa é de que o Copom, que se reúne a cada 45 dias, continuará a reduzir a Selic até setembro de 2017, quando a taxa deverá estar, pelas previsões, em 11% ao ano. O aumento dos juros, ou sua manutenção em um patamar elevado, é o principal mecanismo usado pelo BC para frear a inflação. Com esse procedimento, o BC encarece o crédito. O objetivo é reduzir o consumo no país para conter a inflação, que tem mostrado resistência. Porém, os juros altos prejudicam a atividade econômica e, consequentemente, inibem a geração de empregos. Quando o Banco Central julga que a inflação está compatível com as metas preestabelecidas, pode baixar os juros. Mesmo com a redução, o Brasil permanece na liderança do ranking mundial de juros reais. Com os juros básicos em 14% ao ano, a taxa real soma 8,49% ao ano, bem acima da Rússia, segunda colocada (4,27%), e da Colômbia, a terceira (3,61%).
Para os economistas dos bancos, este será o primeiro de uma série de cortes nos juros básicos da economia. A estimativa é de que o Copom, que se reúne a cada 45 dias, continuará a reduzir a Selic até setembro de 2017, quando a taxa deverá estar, pelas previsões, em 11% ao ano. O aumento dos juros, ou sua manutenção em um patamar elevado, é o principal mecanismo usado pelo BC para frear a inflação. Com esse procedimento, o BC encarece o crédito. O objetivo é reduzir o consumo no país para conter a inflação, que tem mostrado resistência. Porém, os juros altos prejudicam a atividade econômica e, consequentemente, inibem a geração de empregos. Quando o Banco Central julga que a inflação está compatível com as metas preestabelecidas, pode baixar os juros. Mesmo com a redução, o Brasil permanece na liderança do ranking mundial de juros reais. Com os juros básicos em 14% ao ano, a taxa real soma 8,49% ao ano, bem acima da Rússia, segunda colocada (4,27%), e da Colômbia, a terceira (3,61%).
O Banco Central toma as decisões sobre a taxa de juros olhando
para a frente e tendo como objetivo cumprir as metas de inflação previstas pelo
sistema em vigor no país. Para 2016, 2017 e 2018, a meta central é de inflação
em 4,5%. Entretanto, o sistema prevê um piso e um teto, que é de inflação em
6,5%, em 2016, e em 6% em 2017 e 2018. Isso significa que se a inflação deste
ano, por exemplo, superar o alvo central de 4,5% mas ficar abaixo de 6,5%, o BC
terá cumprido a meta. Entretanto, mercado estima um Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) ao redor de 7% para 2016.
Juros reais e poupança
Mesmo com a redução de juros promovida pelo Banco Central nesta quarta-feira, o Brasil ainda permanece na liderança disparada do ranking mundial de juros reais (calculados com abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses), compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management. Com os juros básicos em 14% ao ano, a taxa real soma 8,49% ao ano. Com isso, permanece bem acima do segundo colocado, que é a Rússia, com 4,27% ao ano, seguida pela Colômbia, com 3,61% ao ano. Nas 40 economias pesquisadas, a taxa média está negativa em 1,9% ao ano.
Mesmo com a redução de juros promovida pelo Banco Central nesta quarta-feira, o Brasil ainda permanece na liderança disparada do ranking mundial de juros reais (calculados com abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses), compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management. Com os juros básicos em 14% ao ano, a taxa real soma 8,49% ao ano. Com isso, permanece bem acima do segundo colocado, que é a Rússia, com 4,27% ao ano, seguida pela Colômbia, com 3,61% ao ano. Nas 40 economias pesquisadas, a taxa média está negativa em 1,9% ao ano.
De acordo com cálculos da Associação Nacional dos Executivos de
Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), mesmo com a redução dos juros
para 14% ao ano, os fundos de investimento continuam mais atrativos do que a
poupança, ganhando em rendimento na maioria das situações. A poupança continua
atrativa somente para fundos com taxas de administração acima de 2,5% ao ano.
Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic.
Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao
ano, como atualmente, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa
Referencial (TR).
Consequências do corte de juros
Segundo economistas, a queda dos juros poderá ajudar na recuperação da economia brasileira – que atravessa a maior recessão de sua história – por meio do aumento da confiança dos investidores e do recuo dos juros bancários. Além disso, poderá resultar em menos pressões de alta do dólar, contribuindo para impedir a volta da inflação no futuro. O corte também resultará em pagamento menor de juros pelo setor público.
Segundo economistas, a queda dos juros poderá ajudar na recuperação da economia brasileira – que atravessa a maior recessão de sua história – por meio do aumento da confiança dos investidores e do recuo dos juros bancários. Além disso, poderá resultar em menos pressões de alta do dólar, contribuindo para impedir a volta da inflação no futuro. O corte também resultará em pagamento menor de juros pelo setor público.
De acordo com o diretor-executivo de Estudos e Pesquisas
Econômicas da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e
Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a queda da taxa Selic
não tende a impactar, pelo menos em um primeiro momento, os juros bancários –
que estão em patamar recorde. Mas, se as reduções persistirem no futuro, poderão
pressioná-los para baixo.
Outra consequência do corte da taxa Selic pelo Banco Central é
a redução nas despesas de juros da dívida pública. Atualmente, mais de R$ 600
bilhões em dívida em mercado estão atrelados à taxa básica de juros da economia.
Com sua queda, recua também o pagamento de juros. A estimativa é de que um corte
de 0,25 ponto percentual na Selic reduza essa despesa em R$ 1,5 bilhão em 12
meses. A reunião do Copom aconteceu em um ambiente de recessão na economia
brasileira. Para este ano, a mais recente previsão do mercado financeiro é de um
tombo de 3,2% no Produto Interno Bruto (PIB), após um recuo de 3,8% ano passado
– o maior em 25 anos. Com o fraco nível de atividade, o desemprego e a
inadimplência continuam aumentando.
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