Ao todo, até o momento, Itep já recolheu corpos de 26
presos em Alcaçuz (Foto: Divulgação/PM)
Dos 26 corpos encontrados após a rebelião da Penitenciária de Alcaçuz, sete
já foram identificados. Essa já é a rebelião mais violenta da história do Rio
Grande do Norte. 15 detentos foram decapitados e dois dos presos mortos tiveram
os corpos carbonizados. Segundo o Instituto Técnico-Científico de Perícia
(Itep), o trabalho de identificação dos cadáveres pode demorar até um mês.
Na terça-feira (17), mais três mortos foram identificados. São eles: Tarcisio
Bernardino da Silva, Antonio Barbosa do Nascimento Neto e Jefferson Souza dos
Santos. Na segunda-feira (16) os corpos de Jefferson Pedroza Cardoso, Anderson
Barbalho da Silva, George Santos de Lima e Diogo de Melo Ferreira foram
identificados. Segundo o Itep, os corpos estão em uma carreta-frigorífico no quartel da
Polícia Militar e serão levados de quatro em quatro para o Instituto.
Os peritos
coletarão as impressões digitais dos mortos e farão exame de raio-x da face, que
deve ajudar a identificar os detentos pela arcada dentária. Além disso, legistas
do Ceará e da Paraíba foram deslocados para ajudar no trabalho de identificação.Depois que todos forem examinados, os dados coletados serão cruzados com o
sistema de identificação do Instituto, que entrará em contato com as famílias
dos presos conforme eles forem identificados. A assessoria da Sejuc informou que a busca de corpos nas fossas será feita
pelos bombeiros quando houver segurança para os profissionais. Por volta da
13h30 desta terça-feira (17), uma escavadeira chegou ao presídio. De acordo com
a assessoria da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, o equipamento
será usado para diligências em busca de novos corpos dentro da unidade.

Rebelião
Segundo o secretário de Justiça e Cidadania
(Sejuc), Wallber Virgolino, a rebelião em Alcaçuz começou na tarde do sábado
logo após o horário de visita. O secretário disse que os presos do pavilhão 5,
que abriga integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), usando armas
brancas, quebraram parte de um muro e invadiram o pavilhão 4, onde há presos que
integram o Sindicato do Crime, facção criminosa rival do PCC.
A rebelião foi
controlada na manhã de domingo (15). Ainda de acordo com Virgolino, todos os 26
mortos são do Sindicato. Na segunda-feira, os presos amanheceram em cima dos telhados dos pavilhões
com paus, pedras e facas nas mãos, além de bandeiras com as siglas de facções
criminosas. Na terça (17) os presos voltaram a se rebelar. A Polícia Militar usou bombas
de efeito moral e armas com munição não letal para conter os detentos. Eles
seguem soltos dentro da unidade prisional, mas não há confronto entre as duas
facções.

PM e GOE entraram na unidade prisional nesta segunda para tentar retomar o controle (Foto: Josemar Gonçalves/Reuters)
Rebeliões e fugas
A última rebelião em Alcaçuz foi
registrada em novembro de 2015. Houve quebra-quebra após a descoberta de um
túnel escavado a partir do pavilhão 2. “Assim que acabou a visita social, por
volta das 15h, os presos se amotinaram”, disse o secretário de Justiça da época,
Cristiano Feitosa.
Mais de 100 presos conseguiram escapar do presídio no ano passado, em 14
fugas. A maioria deixou o presídio por meio de túneis escavados a partir dos
pavilhões ou por buracos abertos no pé do muro, sempre sob uma guarita
desativada ou sem vigilância.
Calamidade pública
O sistema penitenciário potiguar
entrou em calamidade pública no mesmo mês, em março de 2015. Na ocasião, foram
gastos mais de R$ 7 milhões para recuperar 14 presídios depredados durante
motins, mas as melhorias foram novamente destruídas. Atualmente, em várias
unidades as celas não possuem grades e os presos circulam livremente dentro dos
pavilhões.
Segundo a Secretaria de Justiça e da Cidadania (Sejuc), órgão responsável
pelo sistema prisional do estado, o Rio Grande do Norte possui 33 unidades
prisionais, que oferecem 3,5 mil vagas, mas a população carcerária é de 8 mil
presos - ou seja, o déficit é de 4,5 mil vagas.

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