
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva- 29/05/2015 (Douglas Magno/AFP)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer
que o seu depoimento ao juiz federal Sergio Moro, marcado para
a próxima quarta-feira, no dia 10 de maio, seja gravado de maneira profissional.
Em petição enviada nesta sexta-feira, o advogado do petista, Cristiano
Zanin Martins, especifica como pretende registrar a audiência — com uma
câmera Sony EX3 colocada sobre um tripé e monitorada por um “profissional
devidamente habilitado para a função” — no caso, o fotógrafo oficial de Lula,
Ricardo Stuckert —, conforme diz o texto. O petista será interrogado por Moro na
ação em que é réu por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex
do Guarujá (SP). Nos autos, o advogado também detalha o tamanho do
equipamento — 75 x 34 x 5 mm — e garante que ele vai ser instalado num local que
não prejudique “o bom andamento do ato”. Em petição anterior, os advogados
pediam para que a câmera não ficasse focada em Lula quando ele não estivesse com
a palavra, ângulo padrão em oitivas de todos os réus e testemunhas da Lava Jato.
Cabe agora ao juiz Sergio Moro decidir se vai autorizar ou não
o aparato. Em todos os depoimentos da Operação, um servidor da Justiça Federal —
o mesmo que escreve o termo de audiência — opera uma câmera simples que fica
imóvel posicionada em uma mesa fitando o réu. Para o petista, o foco exclusivo
nele geraria uma “imagem negativa” e o apresentaria de “forma inferiorizada”,
violando, assim, no seu entendimento, a presunção de inocência. O
Ministério Público Federal rebateu hoje a argumentação da
defesa de Lula, lembrando que o próprio petista já participou de uma
videoconferência no modo tradicional como réu na ação que responde por obstrução
à Justiça em Brasília — e na ocasião não reclamou disso. “A forma de gravação de
depoimento adotada não apenas por esse juízo, mas por essa subseção judiciária
de Curitiba de maneira ampla, faz-se idêntica para atos envolvendo réus e
testemunhas”, diz a força-tarefa da Lava Jato.

Câmera escolhida para fazer a gravação, conforme os autos do processo (//Reprodução)
O MPF ainda afirma que a gravação feita por uma câmera aberta
poderia revelar “de modo indesejável” conversas paralelas de advogados,
procuradores e réus que também participam da sessão, “o que pode acabar por
publicizar indevidamente estratégias adotadas no ato”, conforme o texto. Além da
força-tarefa, a defesa do ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro
Filho, o Léo Pinheiro, que também é réu no processo, manifestou-se
contrariamente ao pedido de Lula. Para os advogados José Luis Oliveira
Lima e Rodrigo Dall’Acqua, o foco da câmera no réu “visa justamente
garantir a maior fidelidade possível da prova, já que é o direcionamento dos
instrumentos de captação de imagem e de áudio para o depoente que assegura a
precisão do registro de sua fala”. Eles concluem, dizendo que o princípio de
publicidade não autoriza a livre gravação das imagens.
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