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quarta-feira, 3 de maio de 2017

RN: “REFORMA É VÁLIDA PARA QUE INATIVOS CONTINUEM RECEBENDO PAGAMENTO”, DIZ MARLÚCIO

josé marlúcio
José Marlúcio Paiva, presidente do Ipern - Boni Neto/AGORARN
A Câmara dos Deputados em Brasília está prestes a continuar os debates em torno da reforma da Previdência. Com encerramento previsto para esta terça-feira 2 e votação do substitutivo para a quarta-feira 3, os protestos em todo o país devem continuar a exemplo dos últimos dias, quando a reforma trabalhista foi aprovada na Casa. O Agora Jornal entrevistou o presidente do Instituto de Previdência Dos Servidores Estaduais (Ipern), José Marlúcio Paiva para conhecer sua opinião a respeito do projeto de Michel Temer, bem como suas consequência caso seja aprovado. Na opinião de Paiva, o cenário ideal seria que o Brasil não precisasse da reforma, mas ele enxerga que, dada à situação atual, ela é necessária para garantir uma segurança econômica para o futuro dos aposentados.

“Sou a favor da reforma, mas seria melhor se não precisássemos dela; que se estivessem pagando os aposentados, pensionistas e funcionários da ativa direito, mas vejo que não é assim. Se precisar, eu sou a favor, porque acredito que assim se estará corrigindo algo para o futuro. Agora a dose que se vai aplicar, isso precisa de estudo e discussão na Assembleia; na Câmara; no Senado e no Congresso, para ver qual os melhores valores. A proposta é de elevação da contribuição dos servidores de 11% para 14% e do Estado de 22% para 28%. Neste ponto, sou contra. Os profissionais são sofridos, mas se for a única medida que restar, me coloco a favor”, disse José Marlúcio, identificando o que deveria ter sido feito para evitar o quadro atual. “Não chegaríamos a isso se o dinheiro tivesse sido aproveitado para a Segurança, para a Saúde, para a Previdência… mas como chegou, tudo o que o governo fizer é válido para tentar que, daqui a 20 ou 30 anos, os aposentados pensionistas continuem recebendo salário porque hoje já é difícil. Uma coisa é certa: se não se fizer nada agora, no futuro vai ser pior”, completou.

Motivo de polêmica, a reforma previdenciária vem dividindo os brasileiros com seus prós e contras. O presidente Temer segue determinado a conseguir a passagem de sua proposta, acreditando que se trata da melhor solução pra evitar uma catástrofe financeira no futuro. O principal motivo da urgência da equipe do presidente em conseguir a aprovação dessas medidas é que a Previdência possui um rombo crescente. Em 20 anos, os gastos saltaram de 0,3% do PIB para 2,7%. Segundo pesquisa, o déficit do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) chega a R$ 149,2 bilhões (equivalente a 2,3% do PIB – a soma dos bens e riquezas produzidos em um país). 

Já em 2017, estima-se que o valor cresça para 181,2 bilhões. Em outras palavras, a população está vivendo mais e, consequentemente, o número de aposentados beneficiados está crescendo. Na contramão, os jovens que sustentam o atual regime previdenciário tendem a diminuir; um dos motivos para que Temer queira ampliar a idade mínima da aposentadoria. Contatado pela reportagem, José Aldemir Freire, presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do RN, afirmou que reformas são necessárias para o progresso brasileiro. Aldemir, todavia, discorda da proposta atual, principalmente no tocante à parte da Assistência Social.

José Aldemir Freire, diretor do IBGE/RN
“Acho necessária uma reforma, mas não a que está sendo apresentada. Acredito que é preciso fazer reformas de tempos em tempos; não sou contra elas, mas temos pontos que são complicados de aceitar. Desde a questão das idades até o conceito de déficit previdenciário. A parte de Assistência Social, como, por exemplo, as aposentadorias rurais, não deveria estar no conceito de Previdência, porque não é ela que paga isso. 

Temos questões de homens e mulheres; aposentadorias especiais; de servidores públicos, e tudo isso não teve diálogo, sendo que é preciso. Eu mesmo vou trabalhar cinco anos a mais, vou contribuir ao todo por 40 anos e me aposentar com 65 tendo começado a trabalhar com 14, um total de 50 anos”, avaliou Aldemir, que seguiu defendendo a necessidade de uma reforma dialogada com o povo. “A reforma da Previdência precisa ser dialogada com a população e precisa ser uma proposta que seja submetida ao voto. Acho que seria mais legítimo uma reforma da Previdência feita por um governo eleito e que no processo eleitoral se discutisse essa reforma”, concluiu o presidente do IBGE-RN.

Previsão
De acordo com estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e encomendado pelo Globo no ano passado, em 2060, o Brasil gastará com a Previdência 20% do PIB (Produto Interno Bruto) e 24,7% em 2100 se nada for feito a respeito. O ministro da Fazenda Henrique Meirelles chegou a afirmar que o atual gasto público com a Previdência no Brasil atinge 13% do PIB – valor superior à média de países subdesenvolvidos com potencial para crescer (isto é, os emergentes), e parecido com o de países mais ricos, como França e Alemanha, que possuem, além do fator financeiro, população de mais idade.

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