
José Marlúcio Paiva, presidente do Ipern - Boni Neto/AGORARN
A Câmara dos Deputados em Brasília está prestes a continuar os 
debates em torno da reforma da Previdência. Com encerramento previsto para esta 
terça-feira 2 e votação do substitutivo para a quarta-feira 3, os protestos em 
todo o país devem continuar a exemplo dos últimos dias, quando a reforma 
trabalhista foi aprovada na Casa. O Agora Jornal entrevistou o presidente do 
Instituto de Previdência Dos Servidores Estaduais (Ipern), José Marlúcio Paiva 
para conhecer sua opinião a respeito do projeto de Michel Temer, bem como suas 
consequência caso seja aprovado. Na opinião de Paiva, o cenário ideal seria que 
o Brasil não precisasse da reforma, mas ele enxerga que, dada à situação atual, 
ela é necessária para garantir uma segurança econômica para o futuro dos 
aposentados. 
“Sou a favor da reforma, mas seria melhor se não precisássemos 
dela; que se estivessem pagando os aposentados, pensionistas e funcionários da 
ativa direito, mas vejo que não é assim. Se precisar, eu sou a favor, porque 
acredito que assim se estará corrigindo algo para o futuro. Agora a dose que se 
vai aplicar, isso precisa de estudo e discussão na Assembleia; na Câmara; no 
Senado e no Congresso, para ver qual os melhores valores. A proposta é de 
elevação da contribuição dos servidores de 11% para 14% e do Estado de 22% para 
28%. Neste ponto, sou contra. Os profissionais são sofridos, mas se for a única 
medida que restar, me coloco a favor”, disse José Marlúcio, identificando o que 
deveria ter sido feito para evitar o quadro atual. “Não chegaríamos a isso se o 
dinheiro tivesse sido aproveitado para a Segurança, para a Saúde, para a 
Previdência… mas como chegou, tudo o que o governo fizer é válido para tentar 
que, daqui a 20 ou 30 anos, os aposentados pensionistas continuem recebendo 
salário porque hoje já é difícil. Uma coisa é certa: se não se fizer nada agora, 
no futuro vai ser pior”, completou.
Motivo de polêmica, a reforma previdenciária vem dividindo os 
brasileiros com seus prós e contras. O presidente Temer segue determinado a 
conseguir a passagem de sua proposta, acreditando que se trata da melhor solução 
pra evitar uma catástrofe financeira no futuro. O principal motivo da urgência 
da equipe do presidente em conseguir a aprovação dessas medidas é que a 
Previdência possui um rombo crescente. Em 20 anos, os gastos saltaram de 0,3% do 
PIB para 2,7%. Segundo pesquisa, o déficit do Instituto Nacional do Seguro 
Social (INSS) chega a R$ 149,2 bilhões (equivalente a 2,3% do PIB – a soma dos 
bens e riquezas produzidos em um país). 
Já em 2017, estima-se que o valor cresça 
para 181,2 bilhões. Em outras palavras, a população está vivendo mais e, 
consequentemente, o número de aposentados beneficiados está crescendo. Na 
contramão, os jovens que sustentam o atual regime previdenciário tendem a 
diminuir; um dos motivos para que Temer queira ampliar a idade mínima da 
aposentadoria. Contatado pela reportagem, José Aldemir Freire, presidente do 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do RN, afirmou que 
reformas são necessárias para o progresso brasileiro. Aldemir, todavia, discorda 
da proposta atual, principalmente no tocante à parte da Assistência Social.

José Aldemir Freire, diretor do IBGE/RN
“Acho necessária uma reforma, mas não a que está sendo 
apresentada. Acredito que é preciso fazer reformas de tempos em tempos; não sou 
contra elas, mas temos pontos que são complicados de aceitar. Desde a questão 
das idades até o conceito de déficit previdenciário. A parte de Assistência 
Social, como, por exemplo, as aposentadorias rurais, não deveria estar no 
conceito de Previdência, porque não é ela que paga isso. 
Temos questões de 
homens e mulheres; aposentadorias especiais; de servidores públicos, e tudo isso 
não teve diálogo, sendo que é preciso. Eu mesmo vou trabalhar cinco anos a mais, 
vou contribuir ao todo por 40 anos e me aposentar com 65 tendo começado a 
trabalhar com 14, um total de 50 anos”, avaliou Aldemir, que seguiu defendendo a 
necessidade de uma reforma dialogada com o povo. “A reforma da Previdência 
precisa ser dialogada com a população e precisa ser uma proposta que seja 
submetida ao voto. Acho que seria mais legítimo uma reforma da Previdência feita 
por um governo eleito e que no processo eleitoral se discutisse essa reforma”, 
concluiu o presidente do IBGE-RN.
Previsão
De acordo com estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa 
Econômica Aplicada (Ipea) e encomendado pelo Globo no ano passado, em 2060, o 
Brasil gastará com a Previdência 20% do PIB (Produto Interno Bruto) e 24,7% em 
2100 se nada for feito a respeito. O ministro da Fazenda Henrique Meirelles 
chegou a afirmar que o atual gasto público com a Previdência no Brasil atinge 
13% do PIB – valor superior à média de países subdesenvolvidos com potencial 
para crescer (isto é, os emergentes), e parecido com o de países mais ricos, 
como França e Alemanha, que possuem, além do fator financeiro, população de mais 
idade.
 
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