O procurador Rodrigo Janot defendeu também a permanência da irmã do senador, Andrea Neves, na prisão
O procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, reiterou hoje (9) o pedido de prisão preventiva do senador afastado
Aécio Neves (PSDB-MG) e manutenção da prisão de Andrea Neves, Mendherson Souza
Lima e Frederico Pacheco. Em resposta a recursos, Janot enviou ao Supremo Tribunal
Federal (STF) documento em que destaca a abundância de provas materiais
concretas e idôneas imputadas aos presos em concurso com Aécio Neves, a alta
gravidade do delito e o risco de reiteração, o que torna a prisão preventiva
imprescindível para garantia da ordem pública.
"São muitos os precedentes do Supremo
Tribunal Federal que chancelam o uso excepcional da prisão preventiva para
impedir que o investigado, acusado ou sentenciado torne a praticar certos
delitos enquanto responde a inquérito ou processo criminal, desde que haja
prova concreta do risco correspondente", disse Janot.
Para o procurador, a transcrição de
conversas entre os envolvidos mostra que há fartas evidências tendentes a
demonstrar que Andrea Neves, Frederico de Medeiros e Mendherson Souza Lima
trabalham diretamente nos negócios escusos feitos por Aécio. "Andrea Neves
e Frederico de Medeiros trataram diretamente com Joesley Batista e Ricardo
Saud, respectivamente, sobre a solicitação de propina no valor de R$ 2 milhões,
ocorrida no ano em curso."
Segundo Janot, a irmã de Aécio, Andrea
Neves, não só tem plena ciência do envolvimento do senador nas ilicitudes, como
tem papel de protagonismo nas suas tratativas. O procurador ressaltou ainda que
a relação de Andrea e Frederico Medeiros não pode ser considerada fato isolado.
“A relação espúria que os une é muito anterior ao episódio mais recente de
corrupção, e as provas colhidas demonstram que há um risco concreto de que,
caso não sejam mantidos presos, reiterem nas graves condutas delitivas e possam
destruir eventuais provas existentes em relação aos fatos ilícitos envolvendo
Aécio Neves e ainda não totalmente esclarecidos".
Crime continuado e obstrução de Justiça
De acordo com Janot, existe risco de crime
continuado, com a “probabilidade de que a lavagem de parte dos R$ 2 milhões
recebidos da propina paga recentemente pela J&F, com participação direta de
todos os requeridos, ainda esteja em curso”. Outro aspecto ressaltado por Janot nas
gravações ambientais e interceptações telefônicas autorizadas pelo ministro do
STF Edson Fachin, é fato de Aécio estar "adotando, constante e
reiteradamente, estratégias de obstrução de investigações da Operação Lava
Jato, seja por meio de alterações legislativas para anistiar ilícitos ou
restringir apurações, seja mediante interferência indevida nos trabalhos da
Polícia Federal, seja através da criação de obstáculos a acordos de colaboração
premiada relacionados ao caso".
Segundo Janot, a prisão do senador afastado
é a única maneira de salvaguardar a ordem pública e a própria instrução
criminal. "Isso porque, além da possibilidade concreta de prática de novos
delitos por parte dos requeridos, há o risco grave e concreto de que ações
criminosas já iniciadas pelo senador Aécio Neves, para embaraçar as investigações
em curso no âmbito do Supremo Tribunal Federal - relacionadas à organização
criminosa da Operação Lava Jato - atinjam seu objetivo", afirmou.
Edição: Nádia Franco
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