
Após uma intensa ofensiva nos últimos dias junto
aos deputados, o presidente Michel
Temer (PMDB) conseguiu que a Câmara
dos Deputados negasse por 263 votos a 227 a autorização para
que fosse encaminhada ao Supremo Tribunal Federal a denúncia contra ele por corrupção
passiva, feita pela Procuradoria-Geral
da República. Com a rejeição, o peemedebista só poderá ser
processado por essa acusação agora quando não estiver mais no cargo, a partir
de janeiro de 2019. Em uma sessão que começou às 9 h e se arrastou durante todo o dia por
causa de uma guerrilha travada pela oposição, que tentava impedir a votação ou
ao menos adiá-la para o início da noite – quando os governistas teriam de se
expor em horário nobre na TV- , o prosseguimento da tramitação da denúncia foi
rejeitado no início da noite. O número mínimo de votos para a denúncia ser
rejeitada foi alcançado logo depois das 20 h.
O
principal argumento usados por aqueles que votaram a favor do relatório do
deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que recomendou o arquivamento da denúncia,
era garantir a recuperação econômica, inclusive dando andamento às reformas
propostas por Temer – além da trabalhista, já aprovada, o governo deve enviar
as da Previdência e tributária. Outros argumentos foram a necessidade de dar estabilidade
política ao país e a suposta fragilidade da acusação apresentada pela PGR. O governo
jogou pesado durante os últimos dias para garantir o mínimo de votos
necessários para barrar a denúncia. A principal arma foi a liberação
desenfreada de emendas para atender interesses paroquiais de deputados. Entre
junho, quando a acusação da PGR chegou à Câmara, e julho, R$ 4,1 bilhões
saíram dos cofres do governo federal para os parlamentares – no restante do
ano, a liberação tinha sido de apenas R$ 102,5 milhões. O uso de emendas
para conquistar deputados prosseguiu inclusive durante a sessão, com o ministro
da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, negociando pessoalmente, dentro do
plenário, o atendimento às demandas dos parlamentares.
Temer
também exonerou dez ministros que são deputados federais para que eles
reassumissem os seus mandatos para votar contra o prosseguimento da denúncia –
três do PMDB (Max Beltrão, Leonardo Picciani e Osmar Terra), dois do PSDB
(Bruno Araújo e Imbassahy), um do DEM (José Mendonça Filho), um do PSB
(Fernando Bezerra), um do PV (José Sarney Filho), um do PTB (Ronaldo Nogueira)
e um do PR (Maurício Quintella). A sessão
foi marcada por troca de acusações e houve ao menos um momento em que
parlamentares quase se agrediram no plenário quando Paulo Pimenta (PT-RS)
falava e foi chamado de “babaca”. Na sequência, Wladimir Costa (SD-PA), o
deputado que ficou célebre após tatuar o nome de Temer no ombro, passou a girar
dois “Pixulecos”, bonecos de Lula vestido como presidiário – a oposição foi
para cima e rasgou os dois bonecos. Logo depois, Carlos Zarattini (SP), líder do PT na
Câmara, passou a jogar para o alto dinheiro falso que a oposição havia levado
em malas para simbolizar a mala com 500 mil reais com a qual o ex-assessor
especial de Temer Rodrigo
Rocha Loures foi flagrado correndo em São Paulo após encontro
com Ricardo Saud, diretor da JBS –
para a PGR, o volume era para Temer.
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