
O empresário Joesley Batista deixa a sede da Polícia Federal, em Brasília - 11/09/2017 (Ueslei Marcelino/Reuters)
A Justiça Federal suspendeu a homologação do acordo
de leniência da J&F, holding que controla
a JBS, após a prisão temporária neste fim de semana dos
executivos Joesley Batista e Ricardo Saud. O
acordo com o Ministério Público Federal prevê o pagamento de uma multa de 10,3
bilhões de reais em 25 anos.
Segundo o
Ministério Público Federal, o pagamento da multa e os benefícios negociados na
esfera cível estão mantidos, pois não são de competência da 10ª Vara da
Justiça Federal – responsável pelos desdobramentos dos aspectos penais. Em sua
decisão, o juiz da 10ª Vara da Justiça Federal, Vallisney de Souza Oliveira,
afirma que o acordo de leniência perderia validade se a colaboração premiada
fosse suspensa. Para o juiz, a prisão de Joesley e Saud sinalizam a
possível anulação dos efeitos do acordo de delação premiada. “Considero
que esses fatos supervenientes [a prisão] possuem repercussão imediata
no presente acordo de leniência, em razão da insegurança jurídica que pode
gerar caso inicie a produção de efeitos, em especial dos prazos
estipulados, peio fato de que, ao pedir medidas constritivas que atingem
alguns dos principais colaboradores, o MPF sinaliza com a iminente
ruptura, desestrutura ou invalidade (ainda que parcial) do acordo de
colaboração premiada que sustenta o presente acordo de leniência”, escreveu
ele.
O
Ministério Público Federal informa que o acordo de leniência continua válido. A
decisão do juiz atinge possíveis repercussões penais que podem atingir pessoas
ligadas ao grupo econômico que não integram a lista de colaboradores, incluídos
no acordo de colaboração já homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em nota,
a J&F informa que a decisão do juiz não altera os termos do acordo de
leniência já firmado com o Ministério Público Federal. “O despacho do juiz
suspende apenas novas adesões ao acordo inicialmente celebrado.”
Segundo
Igor Tamasaukas, um dos advogados do grupo, o acordo de leniência continua
válido até uma manifestação final do STF sobre o processo de revisão dos
acordos de delação premiada firmados pelos executivos da J&F.
A
Procuradoria informa que o acordo de leniência abrange aspectos cíveis
relacionados à pessoa jurídica, homologado pela pela 5ª Câmara de Coordenação e
Revisão do MPF, continua válido. Já a homologação do acordo na 10ª Vara
Federal, em Brasília, “tem caráter complementar e envolve somente aspectos
penais decorrentes da investigação”. Segundo o
advogado, ainda estão mantidos os aspectos de improbidade do acordo – o grupo
não pode ser alvo de ações de improbidade na leniência que foi homologada na
sexta-feira pela Justiça Federal do DF.
FONTE: Com Reuters
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