
Um dos argumentos mais
usados por parlamentares contrários à reforma da Previdência é que o governo
ignora os R$ 426 bilhões que as empresas devem ao Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) e ataca só os gastos com benefícios. Com o valor sonegado, apontam,
daria para pagar duas vezes o rombo esperado para 2018, de R$ 192,8 bilhões. Já
os favoráveis às mudanças não se cansam de lembrar que o país perde bilhões
todos os anos devido à desatualização das regras, dinheiro que poderia ser
investido em políticas públicas. Por mais que os discursos dos dois lados façam
sentido e tenham embasamento técnico, o que ambos se esquecem de mencionar é
que os partidos políticos devem R$ 12,8 milhões à Previdência Social, segundo
dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Por trás do debate
político, eles deixam de pagar contribuições que, juntas, seriam suficientes
para sustentar por um ano, com um salário mínimo (R$ 954), mais de mil famílias
brasileiras.
O valor se refere apenas às
dívidas ativas, atualmente em cobrança — ou seja, não entram na lista as que
foram negociadas, parceladas ou estejam em discussão judicial. No universo de
devedores da Previdência, não existe ideologia política nem regionalismo. Tanto
partidos inclinados à direita quanto à esquerda, de 130 diretórios espalhados
pelo Brasil, têm pendências, que, em alguns casos, chegam a valores
milionários.
Atualmente, o líder dos
partidos devedores é o PT, que, entre municípios e estados, acumula débito de
R$ 8,1 milhões. Crítico incansável da reforma da Previdência, o partido fica em
primeiro lugar por conta das 27 dívidas contraídas pelo diretório do Rio Grande
do Sul, que somam R$ 7,13 milhões. O presidente do PT do estado, deputado
federal Pepe Vargas, explica que as pendências vêm de épocas de crise
financeira do partido. A estratégia que tem sido usada para quitá-las, desde
que o deputado assumiu o comando do diretório, no ano passado, é parcelar o
valor aos poucos, dentro da possibilidade de pagamento, enquanto mantém as
contribuições mensais em dia. “Não adianta negociar tudo de uma vez e não
conseguir honrar os pagamentos”, explica.
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