
O Rio Grande do Norte está prestes a assistir o desenrolar de um caso
semelhante ao da delação do empresário Joesley Batista, do grupo JBF, que
provocou um terremoto político e financeiro no País ao acusar o presidente
Michel Temer e diversos outros políticos. A ex-procuradora da
Assembleia Legislativa Rita das Mercês Reinaldo, principal acusada na Operação
“Dama de Espadas” e acusada de desviar milhões de reais dos cofres do Poder
Legislativo Estadual, firmou delação com o Ministério Público Federal. A exemplo de Joesley
Batista, que recebeu inúmeros benefícios e concessões até se provar que ele
obtivera muitas vantagens com uma delação pautada por falhas, inverdades e
acusações sem prova, Rita das Mercês Reinaldo ganhou um verdadeiro presente:
perdão judicial para filhos e netos. A ex-procuradora, que teve a
proposta de delação premiada recusada pelo Ministério Público Estadual, também
recebeu a garantia de que não voltará a ser presa e que não vai precisar
devolver a fortuna acumulada durante o período em que esteve à frente do cargo
mais cobiçado da administração da Assembleia Legislativa.
Também não vai
precisar se desfazer dos seus inúmeros imóveis e terá de devolver apenas 700
mil reais para ficar livre do processo judicial. O teor das acusações de Rita
das Mercês já é de conhecimento público há algum tempo. A ex-procuradora já
havia delatado o governador Robinson Faria, apontando o envolvimento dele
enquanto presidente da Assembleia Legislativa. O fato novo no acordo de
colaboração premiada firmado no plano federal é que ela aponta o dedo também
para integrantes do Ministério Público Estadual, do Tribunal de Contas e do
Tribunal de Justiça, além de um bom número de deputados estaduais. No caso de Joesley Batista,
que faturou muito dinheiro com a alta do dólar que veio na onda da divulgação
de suas acusações, o acordo de delação premiada se mostrou desastroso e
terminou sendo anulado pelo Supremo Tribunal Federal. No caso da ex-procuradora
da Assembleia resta saber agora que provas ela tem para acusar deputados e
diversos outros ocupantes de funções públicas de grande importância.
O acordo de Joesley Batista,
que negociou vantagens e comprovadamente mentiu, foi considerado inconsistente
e indevido e terminou anulado por iniciativa da Procuradoria Geral da
República. Firmado pelo então procurador Rodrigo Janot e questionado por sua
sucessora, Raquel Dodge, o acordo não resistiu aos questionamentos e foi
considerado açodado. O caso de Rita das Mercês
Reinaldo chama atenção pelo conjunto de vantagens que ela, que comprovadamente
se envolveu no desvio de mais de 4 milhões de reais da Assembleia Legislativa,
obteve para firmar um acordo de delação. Mas, para valer de fato, a colaboração
premiada terá de apontar provas. Sob pena de desaguar no mesmo oceano de
desmoralização do acordo de Joesley Batista, seu irmão e executivos.
Fonte: agorarn
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