
O presidente Michel Temer fechou acordo com o Judiciário para incluir
o reajuste dos salários dos ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) no
Orçamento de 2019. Para evitar que o aumento, de 16,38%, impacte ainda mais as
contas públicas, os ministros da Corte se comprometeram a enviar ao Congresso
uma proposta acabando com o auxílio-moradia.
Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, o
STF se comprometeu a entregar ao governo nesta quinta-feira uma proposta
orçamentária na qual o reajuste será compensado pela extinção do
auxílio-moradia. Temer começou a negociar o acordo em conversas com os
ministros do STF Dias Toffoli e Luiz Fux na semana passada. Mas Temer e Toffoli
devem voltar a se reunir na quinta, para fechar detalhes. Para reduzir o desgaste com o funcionalismo de
aumentar apenas os salários dos ministros do STF, Temer também desistiu de
encaminhar ao Congresso uma proposta para adiar o reajuste salarial dos
servidores públicos de 2019 para 2020. Segundo técnicos do governo, a medida
representaria uma economia de R$ 6,9 bilhões para os cofres públicos e era
importante para o fechamento das contas do ano que vem. Diante do quadro de fragilidade fiscal da União,
Temer estava disposto a seguir sugestão do Ministério do Planejamento e propor
o adiamento. No entanto, o cenário mudou depois da conversa com o STF na semana
passada.
O aumento dos ministros tem um efeito cascata e
abre caminho para que outras categorias também pressionem por reajustes. Assim,
uma proposta de adiamento teria, na avaliação do governo, poucas chances de
aprovação. Pelas contas do Ministério do Planejamento, o
aumento nos salários dos ministros terá impacto de R$ 250,1 milhões por ano nas
despesas do Executivo. Para 5.773 servidores civis que têm remuneração superior
ao teto do funcionalismo e sofrem descontos em seus contracheques para se
adequar ao limite, fixado hoje em R$ 33,7 mil, o impacto será de R$ 243,1
milhões. Além disso, o reajuste também terá repercussão
sobre os salários do presidente, vice-presidente e ministros que estão sujeitos
à regra do abate-teto. Neste caso, o impacto é de R$ 7 milhões por ano. O
aumento dos salários dos ministros do STF, contudo, tem uma repercussão muito
mais ampla sobre as despesas públicas, pois também impacta as remunerações dos
poderes Judiciário e Legislativo, inclusive nos estados, que já estão com suas
contas combalidas.
Segundo os técnicos do governo, a economia obtida
com a postergação do aumento era importante para dar espaço fiscal para o
pagamento de outras despesas. Como há um teto de gastos, pelo qual as despesas
públicas só podem crescer com base na inflação do ano anterior, e as despesas
obrigatórias são muito elevadas, a equipe econômica terá uma margem muito
pequena para gerir o Orçamento de 2019. Com o adiamento do reajuste, o
Planejamento propunha aumentar recursos para algumas áreas estratégicas, com
educação e investimentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário