
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal
Federal (STF), pediu "vista" nesta sexta-feira (14) de um recurso
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva contra a prisão após condenação em segunda instância – pedir
vista, no jargão jurídico, significa que o ministro quer mais tempo para
estudar o caso. Se o recurso for aceito, Lula, preso desde abril em Curitiba,
ganha liberdade.
Com o pedido de Lewandowski, o julgamento do
caso, que estava sendo decidido no plenário virtual (no qual os ministros votam
pelo computador) será transferido para o plenário físico, onde os ministros se
reúnem presencialmente. Quem determinará a data do novo julgamento é o
presidente do STF, ministro Dias
Toffoli, que tomou posse nesta quinta (13). A votação eletrônica no plenário virtual
começou no último dia 7. O prazo para conclusão se encerraria às 23h59 desta
sexta-feira. Até o pedido de vista de Lewandowski, 8 dos 11 ministros já tinham
votado – sete
contra o recurso de Lula e um a favor. Faltavam os votos dos ministros Luiz
Fux, Celso de Mello e do próprio Lewandowski.
COMO VOTARAM OS MINISTROS NO PLENÁRIO VIRTUAL
Contra o recurso
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A favor do recurso
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Edson Fachin
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Marco Aurélio Mello
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Cármen Lúcia
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Alexandre de Moraes
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Dias Toffoli
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Luís Roberto Barroso
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Rosa Weber
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Gilmar Mendes
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Fonte: STF
Com a transferência do caso para o plenário
físico, o julgamento começará de novo – todos os ministros votarão, inclusive
os que já tinham se posicionado no plenário virtual. Estes poderão manter ou
modificar o voto. Lewandowski informou que pediu vista diante da
divergência apresentada pelo ministro Marco Aurélio Mello, o único a se
manifestar contra a manutenção da prisão.
No recurso, a defesa de Lula pediu que o
Supremo considere inadequada a ordem de prisão porque o juiz não indicou os
motivos para a necessidade de prender o ex-presidente.No entendimento dos advogados, a prisão em
segunda instância foi permitida, mas não pode ser automática, já que os juízes
precisariam esclarecer as razões para prender alguém enquanto ainda houver
recurso pendente de julgamento.
O relator do caso, ministro Luiz Edson Fachin,
enviou o processo para julgamento no plenário virtual por considerar que não há
mais necessidade de discussão do assunto porque o STF já consolidou o entendimento
de que possível executar a pena de prisão a partir da condenação confirmada por
tribunal de segunda instância. Lula foi condenado pelo Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (TRF-4) – um tribunal de segunda instância – a 12 anos e 1
mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do
Guarujá. O ministro Marco Aurélio Mello, único a votar
a favor da liberdade de Lula, entendeu que o ex-presidente não poderia ter sido
preso sem que o juiz justificasse a necessidade da prisão. "Procede a irresignação, considerada a
omissão verificada, ante o fato de a ordem de prisão ter sido implementada
automaticamente, a partir do esgotamento da jurisdição em segunda instância,
sem fundamentação adicional sobre a adequação da medida no caso concreto."
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