
FOTO: JOSÉ ALDENIR/AGORA RN
O juiz Henrique Baltazar, da Vara de Execuções
Penais de Natal, disse que o principal desafio do próximo governo na área de
segurança pública será manter o controle do sistema prisional e, num segundo
momento, montar um plano de ação para combater grupos de extermínio em atuação
no Rio Grande do Norte. Em entrevista à 96 FM nesta segunda-feira, 12, o
magistrado relacionou o índice de crimes violentos à situação das
penitenciárias. “Se o sistema prisional não funcionar, a segurança não
funciona. Todos já cansaram de dizer que o crime é comandado de dentro dos
presídios. O Estado tem de ter o controle do sistema prisional para poder
trabalhar a segurança fora”, pontuou.
Na opinião de Henrique Baltazar, a próxima
governadora, Fátima Bezerra (PT), deverá manter o modelo de gestão do sistema penitenciário
implementado no final do governo Robinson Faria (PSD). “O Estado está vencendo
atualmente. No último ano, ele [o governador] conseguiu mudar isso, e isso
repercutiu”, assinalou. Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública e
Defesa Social apontam que, de janeiro a outubro deste ano, em comparação com o
mesmo período de 2017, houve uma redução de 15,99% no número de crimes
violentos no Estado, como homicídios e latrocínios. Foram 1.702 crimes nos dez
primeiros meses de 2018 contra 2.026 do período anterior. Para o juiz de Execuções Penais, a diminuição de
crimes provou que o trabalho do atual secretário de Justiça e Cidadania
(Sejuc), Luis Mauro Albuquerque, tem dado certo. No cargo desde maio de 2017, o
titular da Sejuc tem coordenado uma força-tarefa para tomar das facções
criminosas para o Estado o controle dos presídios. No início deste ano, para
auxiliar no processo, a Sejuc realizou concurso para 571 novos agentes
penitenciários.
“Bloqueadores de celular… aquilo nunca funcionou. O
que engorda o boi é o olho do dono, ou seja, é o olho do agente que controla o
presídio. Depois que o Estado passou a ter agentes penitenciários controlando
as unidades prisionais, houve a redução significativa de mortes”, opinou o
magistrado. Henrique Baltazar assinalou que, apesar da redução,
o número de crimes violentos continua alto no Rio Grande do Norte. Ele credita
a violência a ação de grupos de extermínio e à guerra entre organizações
criminosas, as facções. No caso das facções, ele aponta que uma forma de as
desmantelar é prender os líderes. Já sobre os grupos de extermínio, ele sugere
um plano mais amplo. “Precisa ser um novo trabalho. Essa é a outra parte
que o Estado precisa fazer. Precisa trabalhar isso. O pessoal vibra quando um
bandido é morto, mas, quando um grupo de extermínio mata alguém que pode ser um
bandido perigoso, depois vai matar alguém porque, por exemplo, alguém pagou
para matar o sujeito com o qual a mulher estava traindo”, finalizou.
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